Contam que um dia o rouxinol, vindo lá das
terras do sul, chegou ao destino já ao cair da noite. Vinha tão cansado que,
mal poisou, adormeceu profundamente, aconchegado entre os galhos de uma videira.
De manhã, quando acordou, quis levantar voo, mas não foi capaz pois estava todo
enleado por uma enorme gavinha. Assustado, sem poder mexer-se, pôs-se a piar,
aflito. Valeu-lhe Nossa Senhora, que passava por ali no seu passeio matinal e,
ouvindo aquele pio tão desesperado, foi em seu auxílio.
Quando viu o passarinho assim preso, pegou nele
e libertou-o meigamente. Mas antes de o deixar voar, recomendou-lhe que tivesse
cuidado e, dali para diante, enquanto as gavinhas crescessem, nunca mais se
deixasse adormecer durante a noite.
Contente e agradecido, voou à procura de sítio
para fazer o ninho e, a partir dali, nunca mais o rouxinol adormeceu durante a
noite, sempre a cantar:
Nossa Senhora disse,
disse, disse…
Que enquanto o gavião
crescesse,
O rouxinol não
dormisse.
Não dormisse, não
dormisse, não dormisse…
M.ª Libânia Ferreira
2 comentários:
Muito poético!
Na vila, sempre lidámos com pássaros quando fomos pequenos. Infelizmente, segundo a cultura da época, quase sempre para os maltratar.
Parece-me que o rouxinol foi sempre uma ave tão extraordinária como esquiva! Provavelmente também não haverá muitos. Mas tinha a noção de que seriam daquela cor discreta (como a da fotografia). Não dá muito nas vistas pelas penas garridas (como o pintassilgo). A sua fama vem, de facto, do seu canto sem igual. Porém, cocorrem muito com eles, os melros, cujos gorgeios, logo de manhã cedo, também nos deliciam os ouvidos! Ainda bem que muita coisa mudou, e continua a mudar, na visão do homem para com os animais!
Abraços, hã!
JB
O trinado do rouxinol é realmente uma maravilha, o seu gorjear modulado é belo
Ontem, aconteceu cultura na Partida mais precisamente no Pequeno Lugar
O grande poeta albicastrense António Salvado que esteve presente, dedicou alguns poemas a esta pequena grande instituição, a câmara custeou a obra literária e nasceu um livro Poemas d`"O Pequeno Lugar" O senhor Carlos Semedo representou a câmara municipal de Castelo Branco; Manuel Costa Alves falou sobre as alterações climáticas e a desertificação, a professora Milu não se cansava de tirar fotografias tendo declamado alguns poemas com a sua voz timbrada
O pátio estava cheio de pessoas atentas, detrás da torre da igreja uma "orquestra" magistralmente sintonizada; ouviam-se melros, rouxinóis, pardais, andorinhas...de borla
Libânia,tens toda a razão; qual casa da música, qual carapuça
Ainda querem sinfonia mais bonita!
António Andrade e a sua equipa estão de parabéns por mais esta iniciativa
Termino, mas antes deixo o meu protesto por não haver ninguém da comunicação social relatar o evento.
Com a procissão dos terceiros aconteceu a mesma coisa.
J.M.S
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