domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa desinsaibida

Estou desacorçoado. É dia de Páscoa e estou confinado a casa com a minha patroa. Só me faltam dois anos para ter desconto nas viagens de comboio!
Não vou escrever sobre a família e os amigos, mais os petiscos regados com bom vinho. Nunca achei piada beber sozinho e por isso hoje recuso-me a abrir uma garrafa.
O astro está fusco e o vento começa a ficar desagradável. Costumo ir passear para o campo, por uma estrada que passa à minha porta e segue para Belgais da Maria João Pires, mas hoje o sol parece não querer animar-me o passeio.
A despensa e o frigorífico estão quase vazios. Cozemos as últimas postas de pescada e fui ao quintal buscar os últimos grelos das couves nabas, a que juntei folhas e caules de aipo, uma maravilha que me deu a conhecer a minha irmã São e que se dá muito bem na parte sombria do meu jardim/quintal. A água do peixe servirá para cozinhar os legumes, a que depois adicionaremos arroz e mais tarde a pescada aos pedaços, já limpa. Este peixe é desinsaibido e os legumes vão dar-lhe um toque especial. 
Ficará um petisco, mas não o suficiente para me animar, pois não posso ter de volta a festa da Páscoa.
Talvez para o ano já possa ser diferente e por isso há que aguentar e cara alegre.
Até lá, boa saúde para todos.

José Teodoro Prata

3 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Afinal abri a garrafa de vinho e o sol brilhou. Nada Mau!

M. L. Ferreira disse...

O que quer que fosse que comêssemos neste domingo de Páscoa, ia saber sempre a pescada cozida. Só mesmo o vinho podia dar uma mãozinha...
Mas vou experimentar a receita um dia destes.

Anônimo disse...

Pode parecer estranho juntar grelos e aipo, mas na verdade há coisas estranhas que sabem muito bem. Na ultima primavera antes de nos obrigarem a permanecer nas nossa gaiolas entrei num restaurante manhoso, em Évora Monte, na esperança de comer uma bela sopa de cação. Não havia naquele dia, como outros pratos tipicos que seria suposto haver. Então fomos para o bacalhau, que não estava mau, mas o que surpreendeu foi a sopa. Sopa de quê? perguntei. - sopa de legumes responderam: apareceu uma jovem com uma pratada de sopa de legumes com uma asa de pato e umas feveras e com um intenso sabor a aipo. Aipo como? aqui no Alentejo usam coentros, poejos ou hortelã da ribeira... é como na minha terra, Bulgária - disse ela.
Muito boa, mesmo. Quem haveria de dizer?
Abraço
FB