Estou desacorçoado. É dia de Páscoa e estou confinado a casa com a minha patroa. Só me faltam dois anos para ter desconto nas viagens de comboio!
Não vou escrever sobre a família e os amigos, mais os petiscos regados com bom vinho. Nunca achei piada beber sozinho e por isso hoje recuso-me a abrir uma garrafa.
O astro está fusco e o vento começa a ficar desagradável. Costumo ir passear para o campo, por uma estrada que passa à minha porta e segue para Belgais da Maria João Pires, mas hoje o sol parece não querer animar-me o passeio.
A despensa e o frigorífico estão quase vazios. Cozemos as últimas postas de pescada e fui ao quintal buscar os últimos grelos das couves nabas, a que juntei folhas e caules de aipo, uma maravilha que me deu a conhecer a minha irmã São e que se dá muito bem na parte sombria do meu jardim/quintal. A água do peixe servirá para cozinhar os legumes, a que depois adicionaremos arroz e mais tarde a pescada aos pedaços, já limpa. Este peixe é desinsaibido e os legumes vão dar-lhe um toque especial.
Ficará um petisco, mas não o suficiente para me animar, pois não posso ter de volta a festa da Páscoa.
Talvez para o ano já possa ser diferente e por isso há que aguentar e cara alegre.
Até lá, boa saúde para todos.
José Teodoro Prata