Maria de Lourdes Mateus Hortas
VIDA E OBRA
- Nasceu em São Vicente da Beira, na Rua do Convento, em 1940.
- É filha de Manuel Joaquim Hortas, boticário, natural de Mouçós, Vila Real, e Maria Amélia Mateus, natural da Covilhã. O pai detinha a Farmácia e o posto de Correios de São Vicente.
- Com 10 anos, acompanhando a minha família, vim para o Recife, onde vivo até hoje.
- Escritora, estou representada em antologias nacionais e estrangeiras.
- Participei, entre os coordenadores, do Movimento das Edições Pirata, Recife (1980 a 1986).
- Fiz parte do conselho editorial do jornal literário Cultura & Tempo (1981/1983), e da revista Pirata Edições (1983 /1984).
- Fui diretora da revista Encontro, do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, na época em que desempenhei o cargo de Diretora Cultural da referida instituição.
- Tenho 10 livros de poesia publicados, entre os quais Fio de Lã, Outro Corpo, Dança das Heras, Fonte de Pássaros e Rumor de Vento. Como ficcionista publiquei: Adeus Aldeia (1990); Diário das Chuvas (1995); Caixa de Retratos (2003).
- Organizei as antologias Palavra de Mulher (1979) e Poetas Portugueses Contemporâneos (1985).
- Fui coordenadora das Galerias de Arte BeloBelo, em Recife e em Braga (Portugal).
- Há cerca de 11 anos enveredei pelas artes plásticas. Fui aluna do pintor José de Moura, de Olinda, PE.
- Atualmente vivo nos arredores do Recife, mais precisamente, em Aldeia.
(Perfil na primeira pessoa, do seu blogue “poesia de maria de lourdes hortas”)
Casa onde viveu Maria de Lourdes Hortas
(esquina da rua do Convento com a rua das Laranjeiras)
EM FRENTE À CASA DA
INFÂNCIA
Em frente à casa da infância havia um
ferreiro.
Além das ferraduras para cavalos, suas mãos
grandes e pesadas
fundiam o sol em sua forja. E sucedia que,
ao acordar, eu me precipitava
para a janela a tempo de ver
as faíscas da luz escapulindo pelo escuro
vão da porta do ferreiro
diluindo-se na neblina da rua.
Da mesma janela via surgir, no postigo do
primeiro andar, a velha:
de vestes tão negras como o tempo que
atravessara
e de cabelos tão alvos como a farinha que,
todos os dias, àquela mesma hora peneirava.
Da casa voejava uma poalha de prata.
Se fosse Inverno, a neve parecia
escapar-lhe da peneira
polvilhando a aldeia de silene magia.
(Maria de Lurdes Hortas, "Cantochão de Todavia", edição do GEGA,
2005, São Vicente da Beira)
José Teodoro Prata
6 comentários:
Não sabia da Dra. Maria de Lourdes Hortas, escritora e poetisa vicentina, residente no Brasil, até que ouvi falar dela, nos anos '80, creio que no jornal "Vicentino", onde foi publicada uma notícia e um poema seu. Não sabia dela, mas desde criança que me lembro (ainda que de forma ténue) dos seus avós, o ti' Mateus e a ti' Guilhermina que moravam na casa cuja fotografia está publicada neste post; casa, que, após a morte dos seus proprietários, terá sido adquirida pela ti' Maria dos Anjos da Oles. Hoje, acho que mora lá o Tó (filho do João Maria Estela).
Um pormenor curioso e triste: levei a caldeirinha da água benta no funeral da ti' Guilhermina, andaria eu pelos meus 7 ou 8 anos.
Quanto à obra e currículo de Maria de Lourdes Hortas, eles já são vastos. Mas têm, sobretudo, uma grande riqueza de conteúdo e de beleza estética; do mesmo passo, revelam uma enorme sensibilidade na forma de abordar a sociedade humana e a natureza que é do mais alto valor literário. A autora exterioriza na sua escrita, nomeadamente, o carinho que continua a sentir pelos lugares, coisas e pessoas da sua infância que a ligam fortemente à nossa terra!
Abraços.
JB.
Caríssimo conterrâneo José Barroso, fico muito honrada por me trazer para este seu blog, com referência às coisas da nossa terra. Foi uma bela surpresa, uma alegria e também uma grande emoção. Bem haja.
Correção: Dra. Lourdes, o blog é da responsabilidade do José Teodoro Prata que publicou este post; eu apenas Fuz o comentário. Abraço vicentino.
Bem-vinda ao nosso blogue, Dra. Maria de Lourdes Hortas!
Conhecia-a há 30 anos (12.10.1990), quando veio lançar o seu livro Adeus Aldeia. Foi um livro importante para mim, que então me começava a recentrar na nossa terra natal.
Mais tarde voltou, mas não nos encontrámos, nem a conseguimos contactar aquando da realização da exposição a que estes materiais dizem respeito.
Valham-nos estas modernas tecnologias, que assim nos aproximam!
Hoje participei numa homenagem ao Professor Domingos Martins (para além de professor foi vereador da cultura na C.M.C.B.), feita pela Câmara de Castelo Branco e a Alma Azul. Entre outras coisas, leram-se textos, quase todos poemas, de alguns dos maiores escritores portugueses. Eu li, com grande orgulho, dois poemas da Maria de Lourdes Hortas, uma das poucas pessoas que mereciam ter o nome numa das nossa ruas. Mesmo tendo partido ainda criança, continua a falar da nossa terra através das suas memórias que se confundem com as nossas. E há lá melhor forma de o fazer? Daqui a muitos anos, os que se nos seguirem, teriam ainda a curiosidade de saber quem foi, e espreitar a sua obra.
A quem possa interessar:
Nem toda a obra editada em livro de M.L.Hortas está disponível; mas há um e-book que reúne tudo (é de 2016 e diz respeito a 50 anos de criação editada da poeta. Por detrás do projecto, Juareiz Correya.
Não disponível no site da editora, mas achável no endereço http://www.alexandresanttos.com.br/ebookLourdesHortas.pdf
Recomenda-se. Boas leituras.
Cumprimentos.
JMT
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