sábado, 21 de novembro de 2020

Gente nossa: Robles Monteiro

Dias após a publicação, em "Vicentinos ilustres", da parte referente a Robles Monteiro, a Libânia enviou-me esta foto, com Robles Monteiro e a sua esposa Amélia Rey Colaço a contracenarem na peça Zilda, de 1921.

José Teodoro Prata

Um comentário:

M. L. Ferreira disse...


Encontrei esta fotografia na exposição que assinalou o centenário da Grande Guerra, organizada pela Gulbenkian em 1918. Aparentemente não fazia muito sentido no meio dos muitos documentos expostos, mas as duas legendas ajudam a contextualizá-la. Dizia a primeira: «… O teatro regista uma época de mudanças sociais e acentuada libertação de costumes. A diversão nocturna sai da marginalidade e torna-se símbolo de estatuto social nos clubs e dancings da baixa lisboeta, alimentados pela febre do jogo e onde se dança ao som do jazz norte-americano. Na criação cultural o corpo da jovem mulher independente torna-se um símbolo do pós-guerra, que desaparecerá com o Estado Novo».
A segunda dizia: «Zilda, estreado no teatro nacional em 1921, foi um sucesso de escândalo que apaixonou o público e a imprensa. A protagonista é uma jovem mulher de mentalidade autónoma e que desafia a moral dominante. Zilda quer mudar de vida e ser «livre, de qualquer forma». O domínio que exerce sobre os homens permite-lhe uma vida de luxo. Alimentando uma obsessão por jóias e a ânsia de liberdade «selvagem e egoísta», nas suas palavras. A peça de Alfredo Cortez expunha também o cinismo da vida mundana e das classes abastadas. Contudo o espectáculo acabou por ser retirado de cena por ser «moralmente condenável». Mas, como dirá uma personagem da peça, foi uma «rajada de modernismo», e é hoje considerada um marco na renovação do teatro português…».
Se tivermos em conta que uma das consequências da G. G. foi por em evidência as desigualdades sociais, a inferioridade da mulher, e a hipocrisia da moral social vigente, faz sentido que o Teatro, através desta e várias outras peças, tenha contribuído para, pelo menos, chamar a atenção para a situação do País nesses aspetos.