João Ricardo
João Ricardo nasceu em São Vicente da Beira, no
dia 5 de novembro de 1894. Era filho de Manuel Ricardo e Maria Ramos, moradores
na rua Velha.
Embarcou para França no dia 21 de Março de 1917,
integrando o 2.º Grupo de Metralhadoras, 1.ª Bateria, no posto de soldado com o
n.º 87 e placa de identificação n.º 51709.
Do seu boletim individual constam as seguintes
ocorrências:
a)
Promovido
a 2.º Cabo, em 13 de Outubro de 1917;
b)
Punido
em 30 de janeiro de 1918, com cinco dias de detenção, por ter faltado à
formatura, no dia 27 do mesmo mês, tendo-se apresentado apenas pelas 20.30h;
c)
Punido
em 5 de maio de 1918, com dois dias de detenção por, no dia 4, se ter ausentado
do acantonamento sem autorização, não se encontrando presente quando foi
procurado por motivos de serviço;
d)
Baixa
à ambulância n.º 4, em 4 de junho de 1918;
e)
Seguiu
do D. I. (Depósito de Infantaria?), em 6 de outubro de 1918, para a zona
avançada, a fim de recolher à sua unidade;
f)
Presente
no B. Metralhadoras Pesadas e colocado na 1.ª Secção com o n.º 39, em 31 de
Outubro de 1918;
g)
Regressou
a Portugal no dia 1 de março de 1919, desembarcando em Lisboa no dia 5 do mesmo
mês.
Condecorações: Não foi possível consultar a
folha de matrícula de João Ricardo, no Arquivo Geral do Exército nem no Arquivo
Histórico da G.N.R. /G. Fiscal, pelo que não tivemos acesso a esta informação.
Família:
João Ricardo casou com Amélia de Jesus, no
Posto de Registo Civil de São Vicente da Beira, no dia 27 de novembro de 1921,
e tiveram 4 filhos:
1.
Celeste
Ramos Gama, que casou com Diogo(?) e tiveram 1 filho;
2.
Maria
de Lurdes de Jesus Ricardo (uma lutadora contra a ditadura de Salazar), que casou
com Edmundo Pedro (histórico da resistência antifascista e notável do Partido
Socialista) e tiveram 1 filha;
3.
Maria
de Jesus Ramos Gama, que casou em primeiras núpcias com Tomé(?) e tiveram 1
filha; Maria de Jesus enviuvou e voltou a casar com João Felgueiras, mas não
teve filhos deste casamento;
4.
Fernando
Ricardo, que casou e teve 2 filhos.
Após o regresso de França, João Ricardo ingressou
na Guarda-Fiscal. Esteve colocado na Doca do Bom Sucesso, em Lisboa, onde permaneceu
até ao final da carreira. Foi também ali que lhe nasceram os filhos e viveu com
a família, em instalações que o quartel disponibilizava para os seus Guardas. Após
a aposentação ainda trabalhou, como segurança, na Liga dos Combatentes da
Grande Guerra, onde também tinha residência. Mais tarde a família mudou-se para
Mem Martins.
A filha Maria de Lurdes Pedro lembra o pai como
uma pessoa muito honesta e de um grande rigor e respeito por todas as regras,
quer fosse no trabalho ou em casa, e exigia dos outros as mesmas atitudes e
comportamentos. Este rigor refletiu-se na educação que deu aos filhos,
principalmente às raparigas. «Não batia,
mas aquilo que dizia era para se cumprir».
João Ricardo faleceu na freguesia do Algueirão, em Sintra, no dia 24 de dezembro de 1968. Tinha 74 anos de idade.
(Pesquisa feita com a colaboração da filha Maria de Lurdes Pedro)
Maria Libânia Ferreira
Publicado no livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
2 comentários:
Como dizia o senhor António Matias para a filha Maria de Lurdes, «A guerra é a pior coisa que há no mundo». È absolutamente extraordinário que depois de experiências tão trágicas para toda a humanidade como foram as guerras mundiais (onde os russos foram especialmente massacrados em Leninegrado durante a 2ª Guerra Mundial), e outras mais localizadas que ocorreram ao longo da História, ainda nos possamos confrontar com imagens que nos deixam de coração apertado a olhar para imagens tão tristes como as que as televisões nos trazem até casa.
Parece que regressámos à época em que o Homem se tornou sedentário e começou a lutar pela posse da terra. No atual estado da civilização, e apesar de tantas instituições criadas para assegurar a paz e o cumprimento do Direito Internacional, só um louco pode regredir desta forma.
Este João Ricardo casou com Amélia de Jesus, minha tia-avó, pois era irmã do meu avô Francisco Teodoro.
Esta guerra só veio confirmar o que eu já sentira com a vacinação, com a vaga de refugiados no Mediterrâneo, alguns a fugir dos seus países destruídos pelo Ocidente (Iraque, Líbia), com a guerra na ex-jugoslávia: o ser humano continua violento, egoísta, sectário face aos que estão fora do seu mundo. E depois há o eterno problema dos que chefiam os países, de quem se espera serem os melhores, com mais humanidade e descernimento, mas que frequentemente é precisamento o contrário, como neste caso. E cá estão os povos para sofrer...
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