José Caetano
José
Caetano nasceu no dia 29 de janeiro de 1894. Era filho de Joaquim Caetano e
Maria Joana, carvoeiros. De acordo com o registo de batismo, os pais viveriam
na Paradanta na altura do seu nascimento, mas, a ser assim, terá sido durante pouco
tempo, porque eram naturais do Casal da Serra e foi lá que José Caetano se
criou.
Assentou
praça em Castelo Branco, no dia 9 de junho de 1914, e foi incorporado no
Regimento de Artilharia de Montanha, como Atirador de 3.ª Classe. Na altura era
analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro. Terminou a recruta em 24 de maio
de 1915 e passou ao quadro permanente, em virtude de sorteio.
Foi
destacado para Moçambique, integrando a 2.ª Expedição enviada para aquela
província ultramarina. Embarcou no dia 7 de outubro de 1915 a bordo do paquete
Moçambique, um dos maiores navios portugueses da altura. Durante o período em
que esteve em Moçambique, registaram-se muitas baixas, sobretudo por efeito das
doenças que atingiram os militares portugueses, mas às quais José Caetano
conseguiu sobreviver. Regressou à Metrópole, em 28 de setembro de 1916, após
cerca de um ano em África. Desembarcou em Lisboa no dia 5 de novembro.
Passou
ao 2.º escalão do Exército e ao 7.º Grupo de Baterias de Reserva, em dezembro
de 1924, e ao depósito de Licenciados do Regimento de Artilharia de Montanha,
em Outubro de 1926. Em 31 de dezembro de 1935, passou à reserva territorial, por
ter atingido o limite de idade.
Condecorações:
- Medalha comemorativa das operações
militares na Província de Moçambique;
- Medalha da Vitória.
Família:
José
Caetano casou com Maria do Nascimento, no Posto do Registo Civil de São Vicente
da Beira, a 30 de novembro de 1921. Tiveram 5 filhos, um dos quais faleceu com
dois anos de idade. Criaram:
1.
Manuel
Caetano que casou com Maria Rosa Barroca;
2.
Maria
da Purificação Batista que faleceu ainda jovem;
3.
João
Batista da Ressurreição que casou com Ana da Conceição Candeias;
4.
António
Batista que casou com Maria do Nascimento Candeias.
José
Caetano viveu sempre no Casal da Serra e trabalhou a vida inteira na
agricultura, nas terras que herdou e foi comprando. Sobre esse tempo, lembra o
filho João Batista:
«Tivemos sempre uma vida boa e uma casa
farta, mas de muito trabalho, tanto para o meu pai e para a minha mãe, como
para filhos. Trabalhávamos todos para o mesmo e criávamos de tudo para casa e
até para vender. Uma vez ainda me desafiaram para ir trabalhar para as minas,
que era onde trabalhavam muitos rapazes da minha idade, mas o meu pai disse
logo que não me deixava abalar, que depois tinha que andar a pagar ordenados
aos estranhos, e mais valia pagar-me a mim. Ele era assim, muito boa pessoa,
mas quando dizia uma coisa tinha que se fazer. Acabei por não ir e, se calhar, hoje
até lhe dou razão.
Também tivemos sempre uma
boa cabrada, com um ou dois pastores, e a minha mãe fazia todos os dias uns
poucos de queijos, para casa e para vender. Eram tão afamados que até vinha
gente de fora à procura deles, principalmente o pessoal que, naquele tempo,
andava por cá a trabalhar nas águas.»
José
Caetano enviuvou em março de 1970, após quase 50 anos de casamento. Faleceu
pouco tempo depois, em 18 de agosto de 1971. Tinha 77 anos de idade.
Maria Libânia Ferreira
Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra
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