O batismo é um dos sete sacramentos da Igreja Católica.
Em São Vicente da Beira, nos anos 60, o batizado realizava-se em qualquer dia, à hora marcada pelo Vigário. Não era necessariamente num domingo, nem tinha de se integrar numa missa.
A parteira é que levava o recém-nascido à Igreja. Era esse o costume. A mãe ficava em casa a preparar o lanche: doces feitos no dia anterior, pôr o chá ao lume e preparar a mesa, enfeitada com um vaso de flores.
O bebé trajava de vestido branco, capa e touca, tudo de seda. A acompanhar, o pai e os padrinhos, mais outros familiares da casa ou próximos.
Ao fundo da Igreja, na pia batismal, o padre tirava um pouco de água benta e derramava-a na cabeça da criança, reclinada sobre a pia. Depois, colocava-lhe sal na boca. Normalmente, este gesto acalmava o bebé, antes choroso pela surpresa da água fria.
Eram os padrinhos que escolhiam o nome do novo ser e só o davam a conhecer no momento do batismo. Em casa, a mãe esperava ansiosa por saber que nome fora dado ao seu menino ou à sua menina.
À saída da Igreja, o sino repicava à festa e os garotos corriam atrás do cortejo, a apanhar rebuçados que os padrinhos atiravam.
Chegados a casa, a mãe podia finalmente tratar o seu bebé pelo nome. Às vezes, para ela, a festa ficava estragada, ao imaginar que o seu mais querido ser teria de carregar toda a vida com um nome tão detestável. Mas que remédio!
Não foi o meu caso. Chamo-me José, porque sou afilhado do meu tio José Candeias. Não herdei nenhum dos nomes mais comuns da família: António, João, Guilherme, Francisco… Mas já havia tios José e, ter em casa um filho com nome bíblico, dava sempre jeito!
Texto composto a partir da recolha de Maria Isabel dos Santos Teodoro, trabalho manuscrito, Escola Secundária de Alcains, 1985.