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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Jerónimo


Este é o registo de casamento do nosso primeiro Jerónimo.
Chamava-se Jeronimo Duarte Fraga e era filho dos únicos habitantes do Casal da Fraga, na altura: 
Manoel Rodrigues Fraga e Luiza Maria Leitoa.
Casou com Maria Antonia da Cruz, filha de Antonio Mendes dos Reis e Custodia da Cruz, 
moradores no Casal do Pisco.
Aos meus parentes Jerónimo, peço desculpa por esta desgraça de registo, 
mas foi o que chegou até nós e cara alegre!

Há uns anos, encontrei a referência a um Fraga de São Vicente, já do século XVI. Fraga era (é)) uma rocha, mas também uma forja de ferreiro. Qual dos significados terá dado origem ao topónimo do casal? E quem se terá chamado Fraga primeiro: o homem ou o casal onde morava?
Entretanto, o apelido Fraga perdeu-se, parece que com este Jerónimo Duarte.
Com alguma investigação junto das pessoas mais velhas, 
concluirão que há umas dezenas de anos havia imensos moradores no Casal da Fraga de apelido Jerónimo. E não estou a referir-me só aos Jerónimo Teodoro do Casal da Fraga e aos Hipólito Jerónimo do Casal do Baraçal, mas a várias outras famílias dos casais da Fraga e dos Ramos.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Os coutos das Vinhas

Das terras baldias de S. Vicente da Beira, nos séculos passados, já demos notícia em dois trabalhos anteriores: “Os Enxidros” e “Coutos e mais enxidros”. Como prometido, aqui deixamos as confrontações dos coutos das Vinhas.

«E logo no mesmo dia, mês e ano atrás escrito e declarado (dezasseis dias do mês de Novembro da era de mil setecentos e sessenta e sete anos), pelo dito Doutor Juiz de Fora e deste Tombo, foi mandado aos medidores medissem os coutos das Vinhas e por eles foi dito que, pelos muitos cantos que em si tinham, se não podiam medir à vista, do que o dito ministro lhes mandou dessem as confrontações dos mesmos.
(…)
E costumam-se arrendar, o ano de restolhos, os pastos deles, por doze mil réis, e o segundo ano se fica por oito mil réis e no terceiro ano se semeiam de pão. E o Cabeço da Velha se costuma arrendar por três mil réis e uns anos vão por mais e outros por menos. E todas estas terras dos coutos são de ervas e só o Cabeço da Velha é do concelho. E nestes ditos preços tem o concelho duas partes e a terça de Sua Majestade Fidelíssima.»

Como um dia me ensinou o meu tio João Teodoro, a tendência natural das pessoas é para aldrabar e, por isso, quem manda não pode transigir.
Condescendeu o juiz de fora à preguiça dos medidores e fez-se a confrontação dos coutos, muito por alto, sem rigor. Tiveram de lá voltar, a 3 de Dezembro de 1768,
«...visto a confusão em que se achavam os Coutos das Vinhas e as contendas que havia sobre o dar das coimas nos ditos coutos...»

«Acharam que principiavam os mesmos no sítio do Penedo Sombreireiro e deste correm direito toda a estrada abaixo, até chegar aonde chamam a Tapada de Simam Dias do Louriçal, e daí vai todo o ribeiro abaixo, até chegar aonde chamam o Porto.
Do dito sítio do Porto vai toda a estrada adiante, que vem do dito lugar do Louriçal para o do Sobral, até chegar à de João Gago, aonde se ferrou um marco defronte da quina da vinha que é de Francisco Joze do Casal da Serra, junto à dita estrada pela parte de baixo.
E deste dito marco pela dita estrada adiante, direito aonde chamam o Vale de Topadela e daí vai toda a estrada velha, que vai do Louriçal para o Sobral, direito à laje do Ribeiro da Ordem e daí vai a dita estrada velha adiante até chegar a um penedo redondo, que está no sítio do fundo da terra, que é do Excelentíssimo Conde desta vila de São Vicente, no qual penedo se fez uma cruz.
E daí vai direito o vale acima, partindo com o limite do lugar do Sobral, até chegar à ribeira, e daí vai toda a dita ribeira acima até chegar ao Casal do Pisco, que também é do mesmo Excelentíssimo Conde.
E daí corre pegando com o dito casal até chegar à Fonte da Portela, vai toda a estrada adiante até chegar ao casal de Antonio de Azevedo, que administra e traz de foro Manoel Vas Rapozo, ao ribeiro que chamam dos Aldeões, e daí vai todo ao longo acima da parede da tapada, que chamam dos Aldeões, que é do Capitão-Mor Manoel Caetano de Morais Sarmento, até chegar ao carril de carro ao cimo do Vale de Miguel Vicente e daí vai direito ao dito Penedo Sombreireiro, aonde se deu princípio a esta demarcação e confrontação.
Os quais coutos se costumam coutar somente de dia de São Tiago por diante, até que se vindimem as uvas das vinhas. E costumam-se vender, como se disse no primeiro termo.»


Parte da Carta Militar n.º 268. À direita da Fonte da Portela, está escrito Curral do Pisco. É erro, devia estar Casal do Pisco. A parte norte dos Coutos das Vinhas, onde se situava o casal que trazia aforado Manoel Vas Rapozo (o Casal do Aires) e os Aldeões, pertence a outra carta militar. Clicar, para ver em pormenor.

Num futuro próximo, apresentaremos a demarcação do Cabeço da Velha, da Fonte da Portela e da fonte concelhia das Vinhas, todos situados dentro destes coutos das Vinhas.