Francisco Frade
Francisco Frade nasceu no Violeiro, a 17 de novembro de 1895. Era filho de Manuel Frade, jornaleiro, e Ana Vitória.
Assentou praça no dia 19 de junho de 1915 e foi incorporado a 13 de janeiro de 1916, no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, de Castelo Branco. Era, na altura, jornaleiro e analfabeto. Ficou pronto da instrução da recruta em 29 de abril de 1916, e foi mobilizado para integrar as forças do CEP. Embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, como soldado da 6.ª Companhia do 2.º Batalhão do 2º Regimento de Infantaria 21. Tinha o n.º 435 e a placa de identificação n.º 9459. Foi vacinado.
No seu boletim individual e folha de matrícula constam as seguintes informações:
a) Baixa ao hospital, em 1 de março de 1917; alta a 7 de abril;
b) Diligência ao front, a 20 de abril de 1917; presente em 26;
c) Diligência para o Quartel-general da Base, a 2 de agosto de 1917; presente em 17;
d) Passagem à formação do batalhão, a 1 de abril, e regresso da formação em 16;
e) Punido com cinco dias de prisão disciplinar, por se ter recusado a comparecer perante o Comandante da Companhia, para servir de testemunha, sendo necessário que um sargento o fosse buscar;
f) Embarcou de regresso a Portugal, em 25 de fevereiro de 1919, a bordo do vapor Helenus, e chegou a Lisboa no dia 28.
Licenciado em 2 de junho, veio domiciliar-se na freguesia de São Vicente da Beira, passando ao Regimento de Infantaria 21, nos termos do Artigo 60º da Lei do Recrutamento de 1911. Passou à reserva ativa, no dia 11 de abril de 1918, e à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1936.
Família:
Francisco Frade casou com Maria do Rosário, natural do Tripeiro, no dia 22 de Abril de 1923, e tiveram 4 filhos:
1. Maria dos Anjos Frade, que casou com Adelino Frade e tiveram 3 filhos;
2. Manuel Frade, que casou com Maria de São Pedro e tiveram 4 filhas;
3. João Lourenço Frade, que casou com Maria Esperança de Jesus e tiveram 2 filhos;
4. José Joaquim Frade, que casou com Maria de Jesus Faustino e tiveram 2 filhos.
«Não é para me gabar, mas tenho um certo brio no meu pai. Foi sempre um homem sério e tudo o que combinasse não falhava nada. E então as contas, tinham que andar sempre certinhas e não gostava de dever nada a ninguém. Por isso era muito respeitado e toda a gente gostava dele.
E era um grande trabalhador, e muito poupado. Quando se casou, ou se calhar ainda antes, já era serrador. Andou muito tempo para os lados da Guarda e só vinha a casa de dois em dois ou de três em três meses. Era um trabalho muito ruim, que aquilo que as serrações fazem agora com aquelas máquinas todas tinha que ser feito tudo à custa da força e do equilíbrio dos homens. Ganhava por lá bom dinheiro, para aquele tempo, e poupava o que podia para ir comprando uns bocados de terra à maneira que ia podendo. Os filhos também o ajudaram, que também fomos todos serradores, como ele, durante muito tempo.
Quando não tinha trabalho por lá, tratava das terras que eram nossas; as que ele tinha comprado e algumas que os meus avós deixaram. Por fim, já só tratava do que era dele. Semeava pão, horta e tinha azeite com fartura.
Quando a minha mãe morreu, ele ainda ficou algum tempo sozinho, mas depois começou a ter pouca saúde e foi viver com uma irmã minha, para Castelo Branco. Depois ainda andou uns tempos em casa de cada um dos filhos, mas por último acabou por ir para o Lar da Misericórdia, porque dizia que era lá que tinha os amigos dele e estava mais acompanhado. Morreu já com uma boa idade.» (testemunho do filho José Joaquim Frade)
Francisco Frade faleceu no dia 25 de março de 1982. Tinha 86 anos. Está sepultado no Talhão dos Combatentes do cemitério de Castelo Branco.
(Pesquisa feita com a colaboração do filho José Joaquim Frade)
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"