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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Francisco Frade

Francisco Frade nasceu no Violeiro, a 17 de novembro de 1895. Era filho de Manuel Frade, jornaleiro, e Ana Vitória.

Assentou praça no dia 19 de junho de 1915 e foi incorporado a 13 de janeiro de 1916, no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, de Castelo Branco. Era, na altura, jornaleiro e analfabeto. Ficou pronto da instrução da recruta em 29 de abril de 1916, e foi mobilizado para integrar as forças do CEP. Embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, como soldado da 6.ª Companhia do 2.º Batalhão do 2º Regimento de Infantaria 21. Tinha o n.º 435 e a placa de identificação n.º 9459. Foi vacinado.

No seu boletim individual e folha de matrícula constam as seguintes informações:

a) Baixa ao hospital, em 1 de março de 1917; alta a 7 de abril;

b) Diligência ao front, a 20 de abril de 1917; presente em 26;

c) Diligência para o Quartel-general da Base, a 2 de agosto de 1917; presente em 17;

d) Passagem à formação do batalhão, a 1 de abril, e regresso da formação em 16;

e) Punido com cinco dias de prisão disciplinar, por se ter recusado a comparecer perante o Comandante da Companhia, para servir de testemunha, sendo necessário que um sargento o fosse buscar;

f) Embarcou de regresso a Portugal, em 25 de fevereiro de 1919, a bordo do vapor Helenus, e chegou a Lisboa no dia 28.

Licenciado em 2 de junho, veio domiciliar-se na freguesia de São Vicente da Beira, passando ao Regimento de Infantaria 21, nos termos do Artigo 60º da Lei do Recrutamento de 1911. Passou à reserva ativa, no dia 11 de abril de 1918, e à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1936.

Família:

Francisco Frade casou com Maria do Rosário, natural do Tripeiro, no dia 22 de Abril de 1923, e tiveram 4 filhos:

1. Maria dos Anjos Frade, que casou com Adelino Frade e tiveram 3 filhos;

2. Manuel Frade, que casou com Maria de São Pedro e tiveram 4 filhas;

3. João Lourenço Frade, que casou com Maria Esperança de Jesus e tiveram 2 filhos;

4.  José Joaquim Frade, que casou com Maria de Jesus Faustino e tiveram 2 filhos.

«Não é para me gabar, mas tenho um certo brio no meu pai. Foi sempre um homem sério e tudo o que combinasse não falhava nada. E então as contas, tinham que andar sempre certinhas e não gostava de dever nada a ninguém. Por isso era muito respeitado e toda a gente gostava dele.

E era um grande trabalhador, e muito poupado. Quando se casou, ou se calhar ainda antes, já era serrador. Andou muito tempo para os lados da Guarda e só vinha a casa de dois em dois ou de três em três meses. Era um trabalho muito ruim, que aquilo que as serrações fazem agora com aquelas máquinas todas tinha que ser feito tudo à custa da força e do equilíbrio dos homens. Ganhava por lá bom dinheiro, para aquele tempo, e poupava o que podia para ir comprando uns bocados de terra à maneira que ia podendo. Os filhos também o ajudaram, que também fomos todos serradores, como ele, durante muito tempo.

Quando não tinha trabalho por lá, tratava das terras que eram nossas; as que ele tinha comprado e algumas que os meus avós deixaram. Por fim, já só tratava do que era dele. Semeava pão, horta e tinha azeite com fartura.

Quando a minha mãe morreu, ele ainda ficou algum tempo sozinho, mas depois começou a ter pouca saúde e foi viver com uma irmã minha, para Castelo Branco. Depois ainda andou uns tempos em casa de cada um dos filhos, mas por último acabou por ir para o Lar da Misericórdia, porque dizia que era lá que tinha os amigos dele e estava mais acompanhado. Morreu já com uma boa idade.» (testemunho do filho José Joaquim Frade)

Francisco Frade faleceu no dia 25 de março de 1982. Tinha 86 anos. Está sepultado no Talhão dos Combatentes do cemitério de Castelo Branco.

(Pesquisa feita com a colaboração do filho José Joaquim Frade)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Francisco Diogo

Francisco Diogo nasceu em São Vicente da Beira, no dia 5 de julho de 1894. Era filho de João Diogo e Anacleta da Conceição, jornaleiros e moradores na rua do Eiró.

Alistou-se em 9 de julho de 1914, como recrutado, e foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha, contingente de Castelo Branco. Na altura era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro. Foi vacinado.

Embora a família de Francisco Diogo afirme que ele fez parte do CEP, o seu nome não consta da lista dos sanvicentinos que combateram em França, e, de acordo com a sua folha de matrícula, foi mobilizado para fazer parte da 2.ª Expedição enviada para o norte de Moçambique, em 24 de maio de 1915. Embarcou no dia 7 de outubro e chegou a Porto Amélia em 31 do mesmo mês. O efetivo desta Expedição ficou estacionado durante bastante tempo naquela cidade, em muito más condições, e só alguns meses mais tarde foi enviado para a fronteira com o território alemão. Contava que andou perdido e já o davam como morto quando, ao fim de algum tempo, conseguiu juntar-se à sua Companhia. Regressou à metrópole no dia 28 de setembro de 1916, desembarcando em Lisboa a 5 de novembro.

Foi licenciado em julho de 1919 e veio residir para São Vicente da Beira. Passou à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1935.

Da sua folha de matrícula militar consta o seguinte:

a)   Castigado com duas guardas, por ter sido visto sentado em cima de uma caixa de medicamentos;

b)   Teve 122 dias de licença, por motivos de doença, 30 dos quais em regime de internamento hospitalar, entre os anos de 1915 e 1917.

c)    Beneficiou também de 365 dias de licença, em 1918, e 175 dias, em 1919.

Condecorações:

·        Medalha Comemorativa das Operações Militares em Moçambique;

·        Medalha da Vitória

Família:

Francisco Diogo casou com Maria Madalena Saraiva, natural dos Pereiros, no Posto do Registo Civil de São Vicente da Beira, no dia 15 de setembro de 1918, e tiveram 6 filhos:

1.    João José Diogo, que foi padre e militar. Viveu em Portalegre onde, entre muitos outros cargos, foi solicitador e notário apostólico da Cúria Diocesana e capelão militar. Faleceu em Lisboa em 1974;

2.    José Diogo, que faleceu em outubro de 1922, com 9 meses de idade;

3.    Maria Luísa Diogo, que casou com Manuel Martins e tiveram um filho;

4.    António Diogo, que casou com Maria Roseiro Xavier e tiveram 2 filhos;

5.    Manuel Diogo, que casou com Antónia Barricho e tiveram 3 filhos;

6.    José Diogo, que casou com Maria da Conceição Xavier e tiveram 1 filho.

É possível que Francisco Diogo ainda tenha voltado a África, não se sabe se antes ou depois do casamento, mas terá regressado passado pouco tempo. Entre outras profissões que teve, foi motorista, provavelmente da família Cunha, conduzindo um dos primeiros automóveis que houve em S. Vicente.

Passados uns anos, já depois do nascimento dos filhos, a família foi residir para Salvaterra do Extremo, onde Francisco trabalhou muitos anos na Casa Veiga, uma grande casa agrícola, atualmente já extinta. Por causa disto, Francisco Diogo ficou conhecido em Salvaterra como Xico da Vêga.

Quem conviveu com ele lembra-o como uma pessoa muito trabalhadora, simpática e inteligente. Todas as pessoas gostavam de trabalhar com ele e respeitavam o que dizia, porque era justo e sabia mandar.

Era muito alegre e “renadio”; ao pé dele não havia tristezas. Tinha um grande sentido de humor e gostava muito de conversar e de contar histórias, a propósito de qualquer coisa: «Era um gosto ouvi-lo falar. Inventava histórias que a gente às vezes até pensava que eram verdadeiras, e o que ele dizia dava para escrever um romance.» (a nora Antónia Barricho).

Em Salvaterra também era conhecido pela sua generosidade. A qualquer pessoa que passasse perto da horta dele, oferecia do que houvesse: melancias, tomates, feijão, etc. E foi sempre muito amigo da família; ajudava os filhos em tudo aquilo que podia.

A sobrinha Maria do Céu Diogo também se lembra dele, e conta que vinha à terra com a mulher e os filhos, pelo menos uma vez por ano, e «…era uma alegria quando se juntavam os primos todos, nas Festas do Verão!».

Já no final da vida, Francisco e Maria Madalena passaram a residir em Castelo Branco, cidade onde vivia a filha Maria Luisa. Foi lá que faleceu Maria Madalena, em maio de 1967. Francisco Diogo faleceu passado pouco tempo, a 12 de setembro desse mesmo ano, dizem que com saudades da esposa. Tinha 73 anos de idade.

 

(Pesquisa feita com a colaboração das noras Antónia Barricho e Maria da Conceição Xavier, e da sobrinha Maria do Céu Diogo)


Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Homenagem aos combatentes da Grande Guerra

Além do lançamento deste livro, a Junta de Freguesia vai descerrar uma lápide de homenagem aos combatentes da nossa freguesia na Grande Guerra. Uma justa homenagem a quem tanto sofreu!


José Teodoro Prata

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Os nossos combatentes na I Guerra Mundial


Começámos há 3 anos. Julgávamos que eram pouco mais de uma dúzia de combatentes e descobrimos mais de 70! Em algumas povoações da freguesia, quase toda a gente teve um familiar na guerra.
O livro está quase pronto. Encontramo-nos dia 10, véspera do centenário do armistício.

José Teodoro Prata