Naquele
tempo…
Há
muitos, muitos séculos, existiu um rei (Sancho I), em Portugal que, quando subiu ao trono, encontrou vastas
terras cheias de matagais, despovoadas, nomeadamente no interior, onde o diabo perdeu as botas. Depois de
muitas lutas, conjuntamente com seu pai (D. Afonso Henriques), o reino
atravessava um tempo bonançoso.
Tinha
trinta anos, quando tomou as rédeas do poder, as fronteiras com os reinos
cristãos, embora frágeis iam-se consolidando. O problema mantinha-se a sul, onde
predominavam os Muçulmanos.
O
rei de Portugal soube tirar partido desta acalmia e…
-
Não pode ser! - disse um dia ao seu chanceler
D. Julião - No meu reino tenho terras incultas que nunca mais acabam; contacte
o deão de Silves (que entretanto tinha voltado novamente para domínio Muçulmano), ele que vá à sua querida Flandres e traga
gente para os meus reinos!
-
Não é mal pensado. - respondeu o chanceler.
O
Deão Guilherme partiu para a Flandres onde engajou muitos colonos. Ao chegarem
a Portugal, o rei ofereceu-lhes terras para se instalaram.
Adiante.
Trás-os-Montes,
Beiras… locais onde as populações eram escassas. Covilhã, 1186; Viseu,
1187;
São
Vicente da Beira 1195… Restaurou, povoou, incentivou portugueses e colonos a
morarem nessas terras, dando-lhes regalias através de forais.
Desta
maneira conseguiu o rei, aos poucos, que todo o reino se fosse povoando.
Os
povos arroteavam, trabalhavam e rezavam.
Um dia, um filho de rei (Infante D. Henrique) isolou-se
no extremo sul de Portugal, onde fundou uma escola de marinharia. Começou a
enviar marinheiros para que descobrissem novas gentes, aos poucos e poucos os habitantes
mais expeditos iam abandonando suas terras, partiam à procura de melhor vida.
Os
séculos foram passando, algumas povoações perderam importância, outras
aumentaram-na.
Em
1976, no mês de Abril, realizam-se eleições livres em Portugal
Em
São Vicente da Beira, estavam inscritos nos cadernos eleitorais 1833 eleitores;
na vizinha freguesia de Almaceda, 1291; Louriçal do Campo, os eleitores
inscritos totalizavam, 815; Sobral do Campo 532; Ninho do Açor, 381…
Os
anos foram passando, os cidadãos, morrendo ou debandando outras paragens; eis
que chegamos ao ano 2013.
Eleições
autárquicas:
São
Vicente da Beira, 1355 eleitores; 2017, 1161 almas com direito a votar.
Nas
vizinhas freguesias de:
Almaceda,
em 2013, estavam inscritos nos cadernos 804 eleitores; 2017, 657 eleitores
2013,
Ninho do Açor/ Sobral do Campo, 841 eleitores;
2017, 738 eleitores
2013,
Louriçal do Campo, 644 votantes; 2017, 540 eleitores
Desde
1976 até 2017 a freguesia de São Vicente da Beira perdeu 672 eleitores. Uma
média de 16 cidadãos eleitores por ano.
A
freguesia de Almaceda perdeu 634 eleitores. Durante estes anos perdeu, por ano,
cerca de 15 cidadãos eleitores.
As
freguesias Sobral do Campo e Ninho do Açor perderam 175 cidadãos eleitores.
Estas
duas freguesias unidas perderam, por ano, uma média de 4 eleitores.
Louriçal
do Campo perdeu 275 eleitores. Esta freguesia perdeu uma média de 6 eleitores
por ano, durantes estes últimos 41 anos.
Desde
1976 até aos dias de hoje, estas quatro freguesias perderam 1756 almas; muitos
cidadãos.
Por
este andar, se os governantes não tomarem medidas sérias, todo o interior irá
ser uma vasta coutada, terras de ninguém ou de meia dúzia de endinheirados que
as transformam em vastíssimos coutos para gaudio de uns poucos.
Em
2013, estavam inscritos nos cadernos eleitorais da cidade de Castelo Branco 31
287 eleitores. Actualmente estão inscritos 30 719 cidadãos.
Julgo,
não será isto que os governantes quererão, para isso têm que ser tomadas medidas
positivas, incentivos para que as pessoas regressem às suas origens, pondo fim às portagens, diminuindo a carga fiscal aos que queiram
investir nestas paragens; incentivos à maternidade, atribuir regalias sociais
para quem queira morar no interior, e por aí fora.
As
nossas aldeias e vilas possuem melhor qualidade de vida que a existente nas
grandes cidades. Ares e águas puríssimas, boas estradas. Para se fazerem trinta
quilómetros numa grande cidade, demora-se uma hora, ou mais; nas nossas terras,
meia hora basta. Nada de engarrafamentos, nem dores de cabeça.
Se
não se tomarem medidas sérias e justas, qualquer dia, era uma vez
J.
M. S