MORTE
MATRIS
Disseram-me
que faleceste,
Mãe!
Venho
pela estrada, veloz,
Anseio
fútil.
Coração
a saltar do peito,
Com
uma súplica nos lábios,
Prece
inútil!
Já
estás, inerte, deitada no teu leito
E
não proferes qualquer palavra,
Quando
tanto precisava,
Nesta
minha angustiada hora!
Ao
despedir-me de ti, da última vez,
Ainda
te vi o sorriso e a luz branca do olhar!
E,
decerto, ainda me iludo agora,
Pois
pareces tão calma e serena!
Porém,
como o rigor dessa quietude
Te
roubou a suavidade
Da
frágil linha da tua face amena.
Estás
tão terrificamente imóvel,
Mãe!
Que
te fez a realidade severa da morte,
Que
te tornou o traço imperturbável
E o
rosto tão estranho e reto?!
Ainda
estás aqui comigo e já não te conheço,
Porque
não mostras mais o jeito amável
Do
antigo afeto.
Como
vou eu suportar a vida
Desta
punição profunda, perpétua, dura
E o
sofrimento que tu me deixas,
Com
esta ferida,
Sem
o bálsamo da tua ternura?
No
entanto,
Sei
que me podes ouvir no etéreo ignoto,
Aos
viventes não permitido.
Percebo
que estás aí,
E,
todavia, não sei em que lugar!
Mas
pressinto-te!
Espera,
dá-me a tua mão,
Ensina-me
a andar,
Porque
não sei o caminho.
Sim,
guia-me pela estrada,
Como
a ave ensina os filhos a voar ao sair do ninho.
Sempre
o fizeste, como ninguém,
Com
abnegação, trabalhos e dor!
Assim!
Vês?!
A
Morte não pode mais que o Amor,
Mãe!
Joaquim
Benedito