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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Passeio e magusto, 2016

Éramos metade dos do ano passado, mas só contam os que estavam e esses eram o absoluto.
Primeira paragem, o nicho. Edificado ainda no tempo do Pe. Tomás, cerca de 1964, com dinheiro angariado em peditórios, numa ação coordenada pela Menina Maria de Jesus (Rosário). Estranhou-se, então, uma Nossa Senhora estilo modernista, tão diferente do habitual (Libânia). E as crianças da escola, perfiladas de bata branca, cantaram (José Teodoro):
Passageiros e transeuntes
Que passais a qualquer hora
Nunca deixeis de rezar
À Virgem Nossa Senhora, Ave
Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Ave
Versos do sr. José Lourenço? Certamente…
Depois seguimos pelo caminho da discórdia. Lembra-te homem que és pó…
Ao fundo, na ribeira, aprendemos que a fazenda do Casal do Monte do Surdo, propriedade do Conde de São Vicente, no século XVIII, terminava na foz no ribeirito com a ribeira.
Este casalito que se segue é os dos ossos, derivado da atividade de carniceiro do ti Miguel, e é também dos Paiáguas e dos Sarnas (as 3 famílias que ali viviam). Mas o nome verdadeiro é Baraçal.
No alto de Devesa, o nosso baldio ao pé da porta, recordámos a forca, lá no alto, onde havia uma pedra grande que a plantação de eucaliptos destruiu (José Manuel). E havia restos de uma casa, ainda em 1940 (José Teodoro).
O Adelino levou-nos depois pelo seu Vale Covo abaixo e mostrou-nos tudo: as charcas, as árvores de fruto…Tanto sobreiro jovem! O calor no verão, as terras de xisto, outro Douro para a vinha?
A seguir, boa baixa de oliveiras, do ti João da Corredoura, agora aos cuidados da Silvina e do seu Zé. Depois, subida até à estrada dos Pereiros. Mas os caminhos estão bem lançados, esta montanha-russa é suave.
Estrada fora até ao Casal do Monte do Surdo, onde o ti António Rodrigues (último morador descendente dos Leitão Paradanta e Rodrigues Caio) ainda é da lembrança de quase todos. 
Descemos pelo caminho de terra até ao ribeirito, onde havia uma fonte que ficou debaixo da ponte e a mulher do Jerónimo viu, um dia, duas cobras enormes erguidas enlaçadas, formando um tronco.
Subimos e voltámos à estrada. Depois descemos para as passadouras da ribeira. Foram substituídas pelo pontão, cerca de 1972, obra do povo do Casal da Fraga. Das passadouras lembra-se o Zé Manel, metido debaixo do braço, para atravessar. A Rosário vinha do Casal dos Ramos, por aqui, a caminho da escola, tal a cegueira que elas davam nos cachopos e nas cachopas.
O curso da ribeira passa agora no lugar da fonte Ferreira. Não faz mal, já não é necessária…
Chegámos cedo, ainda a tempo de ajudar a cortar as castanhas. Já caía a noite quando o povo de juntou, a dar conta delas, empurradas pela jeropiga do Zé.
Para o ano há mais!



Texto de José Teodoro Prata
Fotos de Luís Ferreira e José Teodoro