O numeramento de 1496 foi uma das primeiras contagens da população portuguesa.
O concelho de S. Vicente da Beira tinha, então, 337 vizinhos (agregados familiares), o que corresponde a uma população de perto de 1 200 pessoas, dispersas por aldeias e casais, desde os cumes da Gardunha à Ocreza e desta à ribeira de Almaceda.
O concelho arrecadava, de rendimentos anuais, 16 000 réis, de diversas proveniências: 6 a 7 000 réis de portagem (imposto pago, pelos comerciantes forasteiros, à entrada da Vila, pelas mercadorias transportadas); 8 000 réis de foros (rendas de terras públicas); 1 600 réis de “soldo d´água”, um imposto pago no concelho, a que tinha direito Vasco Gil de Castelo Branco. Os rendimentos da portagem e dos foros eram divididos, em partes iguais, pelo comendador da vila e pelo mosteiro de São Jorge de Coimbra.
Este mosteiro foi uma das entidades que concedeu foral a São Vicente, em 1195, e o comendador era da Ordem de Avis, que aqui tinha uma comenda e com os seus rendimentos pagava metade das despesas da Igreja, no concelho (despesas correntes e sustento dos clérigos). A outra parte era paga pelo mosteiro de São Jorge, a quem cabia nomear o vigário (o chefe do clero do concelho) e pagar a outra metade das despesas religiosas. Por esta altura, essa obrigação passou para a comenda da Ordem de Cristo, criada pelos bens que tinham pertencido ao morteiro de São Jorge.
Janela manuelina na parede lateral da Igreja Matriz, junto ao altar-mor, a dar para a Rua da Igreja. Foi trazida de uma casa arruinada na Rua Velha, que fora a cozinha da Casa Visconde de Tinalhas, no final do século XIX e princípios do século XX.
Nesta época, no concelho, vivia um fidalgo (média nobreza) chamado Diogo da Cunha. Não foi o antepassado dos condes de São Vicente, pois esses vieram para cá através do casamento de um membro da família Cunha com uma descendente de Rui Vaz de Refoios, um membro da pequena nobreza que, em 1496, vivia em Castelo Branco
Existiam 4 escudeiros (pequena nobreza): Pedro Vasques, Rui Fernandes, Lopo de Azevedo e Pero Camelo (os dois últimos criados do rei e do Infante).
Havia, ainda, 9 oficiais, também eles pertencentes à pequena nobreza: 3 tabeliães, sendo um também escrivão das sesmarias (distribuição de terrenos incultos por cultivadores) e outro coudel (capitão de cavalos); 1 escrivão da coudelaria (criação de cavalos); 1 escrivão da câmara e almotaçaria (inspeção de pesos e medidas e fixação de preços); 2 juízes dos órfãos (menores sem pais, por morte ou abandono); 1 juiz das sisas (imposto por compra de propriedades); 1 escrivão das sisas.
O concelho de S. Vicente da Beira, era, no conjunto da Beira Interior, dos que apresentavam uma maior percentagem de privilegiados (nobres): 4%. Castelo Branco tinha 1% e a Covilhã 1,6%. Belmonte ultrapassava-nos com 4,1% e Salvaterra com 4,4%.
Além dos rendimentos acima referidos, os impostos pagos pelos judeus da comuna de São Vicente e Castelo Branco somavam 23 000 réis e pertenciam ao rei. Alguns judeus já aqui viveriam há muitos anos, mas a maioria era originária de Espanha, de onde haviam sido expulsos quatro anos antes, em 1492.
Dizer que os judeus de São Vicente e Castelo Branco formavam uma comuna significa que o rei lhes dera autonomia administrativa a troco dos referidos 23 000 réis.
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de setembro de 2010
População da Freguesia
Na publicação anterior, escrevi que São Vicente da Beira atingiu o máximo de população nos anos 60 e 70.
Isso foi o que senti, na minha vivência desses anos. Mas uma coisa é a opinião e outra bem diferente é a ciência, o saber rigoroso.
Ora os documentos provam-nos que a freguesia atingiu o apogeu demográfico nas duas décadas anteriores.
Um trabalho de Paulo J. Gama Mota, de que há anos fotocopiei algumas tabelas, tem uma boa síntese da evolução demográfica da nossa freguesia. O estudo intitula-se Consanguinidade aparente em S. Vicente da Beira e parece-me que o autor será originário da nossa freguesia.
Aos dados deste estudioso, acrescentei mais alguns, para elaborar a síntese que se segue:
1758 – 960 habitantes (cerca de)
1779 - 1009 habitantes
1801 – 1397 habitantes
1878 – 2336 habitantes
1890 – 2833 habitantes
1900 – 2758 habitantes
1910 – 3282 habitantes
1920 – 3005 habitantes
1930 – 3536 habitantes
1940 – 4000 habitantes
1950 – 4185 habitantes
1960 – 3881 habitantes
1970 – 2505 habitantes
1981 – 2264 habitantes
2001 – 1871 habitantes
O estudo de Paulo J. Gama Mota termina com uma tabela referente às populações das diferentes aldeias da freguesia, em 1940 e 1981:
É interessante comparar os dados desta tabela com as informações da Matrícula dos Moradores da Vila e Termo, de 1779:
Casal da Serra - 33 habitantes (9 fogos=agregados familiares)
Mourelo - 99 habitantes (22 fogos)
Paradanta - 36 habitantes (8 fogos)
Partida - 110 habitantes (25 fogos)
Pereiros - 57 habitantes (17 fogos)
Tripeiro - 59 habitantes (16 fogos)
Vale de Figueiras - 24 habitantes (4 fogos)
Vila (S. Vicente da Beira) - 523 habitantes (153 fogos)
Violeiro - 68 habitantes (16 fogos)
(Total da freguesia, em 1779 - 1009 habitantes, em 270 fogos)
Além do trabalho de Paulo J. Gama Mota (Consanguinidade aparente em S. Vicente da Beira), publicado em "Antropologia Portuguesa", Vol. 1 (1983), p. 5-32, conheço um outro estudo demográfico sobre a nossa freguesia.
As autoras são Maria João Guardado Moreira (docente da ESE de Castelo Branco e neta do Senhor Manuel da Silva) e de Maria Isabel B. Correia Diogo. O estudo intitula-se Migrações internas para S. Vicente da Beira no século XVIII e encontra-se publicado em "Comunicações das I Jornadas de História do Distrido de Castelo Branco", edição do Secretariado Regional da A.P.H. e do Instituto Politécnico de Castelo Branco, 1994, Castelo Branco.
Isso foi o que senti, na minha vivência desses anos. Mas uma coisa é a opinião e outra bem diferente é a ciência, o saber rigoroso.
Ora os documentos provam-nos que a freguesia atingiu o apogeu demográfico nas duas décadas anteriores.
Um trabalho de Paulo J. Gama Mota, de que há anos fotocopiei algumas tabelas, tem uma boa síntese da evolução demográfica da nossa freguesia. O estudo intitula-se Consanguinidade aparente em S. Vicente da Beira e parece-me que o autor será originário da nossa freguesia.
Aos dados deste estudioso, acrescentei mais alguns, para elaborar a síntese que se segue:
1758 – 960 habitantes (cerca de)
1779 - 1009 habitantes
1801 – 1397 habitantes
1878 – 2336 habitantes
1890 – 2833 habitantes
1900 – 2758 habitantes
1910 – 3282 habitantes
1920 – 3005 habitantes
1930 – 3536 habitantes
1940 – 4000 habitantes
1950 – 4185 habitantes
1960 – 3881 habitantes
1970 – 2505 habitantes
1981 – 2264 habitantes
2001 – 1871 habitantes
O estudo de Paulo J. Gama Mota termina com uma tabela referente às populações das diferentes aldeias da freguesia, em 1940 e 1981:
É interessante comparar os dados desta tabela com as informações da Matrícula dos Moradores da Vila e Termo, de 1779:
Casal da Serra - 33 habitantes (9 fogos=agregados familiares)
Mourelo - 99 habitantes (22 fogos)
Paradanta - 36 habitantes (8 fogos)
Partida - 110 habitantes (25 fogos)
Pereiros - 57 habitantes (17 fogos)
Tripeiro - 59 habitantes (16 fogos)
Vale de Figueiras - 24 habitantes (4 fogos)
Vila (S. Vicente da Beira) - 523 habitantes (153 fogos)
Violeiro - 68 habitantes (16 fogos)
(Total da freguesia, em 1779 - 1009 habitantes, em 270 fogos)
Além do trabalho de Paulo J. Gama Mota (Consanguinidade aparente em S. Vicente da Beira), publicado em "Antropologia Portuguesa", Vol. 1 (1983), p. 5-32, conheço um outro estudo demográfico sobre a nossa freguesia.
As autoras são Maria João Guardado Moreira (docente da ESE de Castelo Branco e neta do Senhor Manuel da Silva) e de Maria Isabel B. Correia Diogo. O estudo intitula-se Migrações internas para S. Vicente da Beira no século XVIII e encontra-se publicado em "Comunicações das I Jornadas de História do Distrido de Castelo Branco", edição do Secretariado Regional da A.P.H. e do Instituto Politécnico de Castelo Branco, 1994, Castelo Branco.
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