Venho aqui à Praça Virtual
na qualidade de “gestor de negócios” agradecer
a onda de solidariedade que se gerou a favor do Chico Barroso, que poderia ser
eu, mas que no caso é o meu primo e reconhecer que “há males que vêm por bem”.
Isto, porque se não fosse a
publicação da Fonte Velha, na altura em que o foi, o caso poderia ter morrido
por ali.
Mas alguém atento vem dizer: como é que se ralam tanto
com questões colectivas de natureza estética, quando na família têm questões
morais, por resolver?
Aqui digo eu. É fácil ver
qual a questão prioritária. E nunca eu publicaria o artigo, se soubesse que a
questão do palheiro dizia respeito a um primo meu.
Isto porque quando diz respeito à nossa família as
coisas mexem de outra maneira. Praticamente só por isso, porque a televisão já
nos imunizou relativamente à tragedias alheias. Basta olhar os telejornais.
Mortos Síria, crianças afogadas na travessia do Mediterrâneo… e a vida não
pára. Nem sequer nos tira o apetite do jantar.
Mas é sempre bom falar-se
das coisas. Estive com ele no Carnaval. Não me deu conta dos seus problemas e
eu, admito, nem sequer pensei que as coisas pudessem não estar na forma do
costume. Mas ao saber da situação por portas travessas, não me alheio do
problema. Estou solidário com o movimento.
E fico contente por saber que já foi dado conhecimento
à Segurança Social e à Câmara Municipal. Aí o Zé Manel esteve bem. E
acrescento, se estou solidário com a questão da Fonte, mais solidário estou
ainda com onda do meu primo Chico.
Tanto num caso como no
outro, depois das entidades competentes, tomarem as providências devidas. É
para isso e para muito mais que se pagam tantos impostos.
O meu primo, seguramente não
precisa passar fome, nem frio. Tem família e há instituições na Vila que
fornecem bens alimentícios e que seguramente lhe darão uns cobertores para não
enregelar no inverno.
Eventualmente a pobreza pior,
como já foi sugerido, não será a material. Ele tem trabalhado ao longo da vida
tanto, quanto sei. No seu caso como noutros, haverá é alguma dificuldade de
gerir pessoas e bens. Como é que se ajudam estas pessoas?
Vejam a generosidade, do
João Craveiro. O telhado do Domingos pode tratar-se rápido é uma coisa simples:
Tão simples, digo eu, que nem devia existir. Ele próprio podia tratar disso.
Telhas, bastava pedir ao pessoal das obras. Ripas e caibros podia ele fazê-los.
Deve perguntar-se: o Telhado está assim porquê? Dificuldades materiais ou pura
incúria?
O João Botelho não tem água
canalizada, nem esquentador. É triste. Vamos tratar da canalização e
oferecer-lhe um esquentador ou é melhor ensinar-lhe a aquecer água para o
banho?
De toda esta exaltação o que
restará? Irá fazer-se alguma coisa por alguém? Para já a nota é negativa. De tantos leitores que tem o blogue, quantos se
pronunciaram? A mensagem implícita é: não me incomodem… Estou tão sossegado.
Para citar também o
Evangelho, eu que fui seminarista, conheço pessoas na Vila que põem em pratica
a máxima de Mateus: “que não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita,”
quando deres alguma esmola.
E por aqui me fico…
Francisco Barroso