quarta-feira, 8 de julho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos João


Domingos João nasceu no Mourelo, a oito de Fevereiro de 1893, filho de Francisco João e Maria Isabel, cultivadores.
Assentou praça em Castelo Branco no dia 9 de Julho de 1913, e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, em 14 de Julho de 1914. Na altura era analfabeto e jornaleiro.
Pronto da recruta em 30 de Abril de 1914, foi licenciado a 1 de Maio, vindo domiciliar-se em São Vicente da Beira. Apresentou-se novamente no dia 16 de setembro de 1915, mas foi licenciado no dia 26 do mesmo mês.
Em 5 de Maio de 1916 voltou a apresentar-se e foi mobilizado para partir para França, integrando as tropas do CEP. Embarcou no dia 21 de Janeiro de 1917, rumo ao porto de Brest, fazendo parte da 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 635 e a placa de identidade n.º 25985.
O boletim individual dá pouca informação sobre Domingos João, durante o tempo em que esteve em França. Refere apenas que passou à formação de Infantaria 21, com o carro de munições, em Novembro de 1918, e que  regressou a Portugal, em 3 de Abril de 1919, a bordo do navio Menomminé (destacamento de gado), domiciliando-se em São Vicente da Beira.

Terá depois mudado a residência para outra localidade, pois foi considerado ausente, sem domicílio, por não se ter apresentado à revista no ano de 1921. Foi por isso condenado a pagar uma multa de 1$00. Voltou a não se apresentar nos anos de 1925, 1932 e 1934, pelo que foi novamente condenado nas multas de 10$00, 40$00 e 40$00, respetivamente. Foi amnistiado destas multas, nos termos do Despacho 21.140, de 9 de abril de 1932.
Passou à reserva ativa em 11 de abril de 1928 e à reserva territorial em 31 de dezembro de 1934.
Condecoração:
Recebeu a Medalha Militar de cobre com a legenda: França 1917-1918.

No Mourelo, não há quem tenha qualquer memória de Domingos João. No seu registo de batismo também não consta qualquer averbamento que possa informar sobre um possível casamento ou a data e local da sua morte.

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

domingo, 5 de julho de 2020

Amália no Fundão

O António Fernandes, de Aldeia de Joanes, publicou no facebook um texto sobre Amália Rodrigues no Fundão, o seu concelho de origem.

José Teodoro Prata

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Vicentinos ilustres

D. Álvaro da Costa

Em 2012, participámos nas Jornadas Europeias do Património. O tema era O FUTURO DA MEMÓRIA. Entre outras iniciativas, deram-se a conhecer os vicentinos mais insignes (se é que há uns mais que outros). Essa foi a parte que me coube, a pedido da Junta de Freguesia, de que resultou um conjunto de placares, cada um com uma personalidade. A exposição foi apresentada na casa Hipólito Raposo, à Fonte Velha.
Os materiais perderam-se, mas tenho-os em PDF, assim como os documentos necessários para compor cada placar. 
Vou dá-los a conhecer a partir de hoje, seguindo a ordem alfabética.

Pintura representando o casamento do rei D-Manuel. D. Álvaro da Costa será a personagem à direita do rei, de barbas brancas, com a cruz da Ordem de Cristo ao peito.

VIDA E OBRA
- Nasceu em São Vicente da Beira, cerca de 1470.
- Era filho de Martim Rodrigues de Lemos e de Isabel Gonçalves da Costa, herdeira da fazenda vinculada do Ninho do Açor. Martim de Lemos foi comendador de São Vicente da Beira na Ordem de Avis. O casal tinha casas na vila.
- Álvaro da Costa tornou-se escudeiro-fidalgo da Casa Real, por influência de D. Jorge da Costa, o cardeal de Alpedrinha, seu familiar. Foi guarda-roupa e camareiro-mor de D. Manuel I e depois armeiro-mor do Reino e conselheiro de Estado. Recebeu do rei o título de Dom.
- Casou com D. Beatriz de Paiva e tiveram 5 filhos: D. Gil Eanes da Costa (vedor da Fazenda e membro do Conselho de Estado de D. Sebastião), D. Duarte da Costa (armeiro-mor do Reino e 2.º Governador Geral do Brasil)…
- Foi embaixador de D. Manuel I a Espanha e a Roma.
- Deteve a comenda de São Vicente da Beira na Ordem de Cristo, organização de que era membro.
- Desempenhou o cargo de vedor da Casa da rainha D. Leonor.
- Foi o 1.º provedor da Misericórdia de Lisboa.
- D. Álvaro da Costa foi sepultado no Convento de Nossa Senhora do Paraíso, em Évora, num túmulo do escultor renascentista Nicolau de Chanterene.

 Uma das nossas jóias do estilo artístico chamado manuelino: pia de água benta da capela da Senhora da Orada.
Como comendador da comenda de São Vicente da Beira da Ordem de Cristo, este Grande do Reino era o dirigente máximo da empresa (a comenda) que geria os bens religiosos no concelho de São Vicente da Beira. Esta pia e outras obras de arte da nossa terra terão sido adquiridas por D. Álvaro da Costa. O futuro museu de arte sacra dar-nos-à a conhecer outras preciosidades com que o comendador proviu as nossas igrejas e capelas.

Brasão dos Costa

Carta de D. Álvaro da Costa ao rei D. Manuel.

Túmulo de D. Álvaro da Costa, no Museu de Évora, proveniente da capela mor do convento dominicano do Paraíso, Évora, demolido em 1899.

José Teodoro Prata

domingo, 28 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (do Mourelo)


Domingos Esteves nasceu no Mourelo, a 26 de Abril de 1894. Era filho de Manuel Esteves e Josefa Maria. 

Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e, juntamente com os outros quatro irmãos, foi criado por uma tia. Terá aprendido cedo a arte de sapateiro, profissão que tinha quando assentou praça e fez a instrução da recruta, no regimento de Infantaria 21, em Castelo Branco.
Mobilizado para a guerra, embarcou para França no dia 21 de Janeiro de 1917, integrando a 7.ª Companhia do 2.º Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 610 e a placa de identidade n.º 9518-A. 
Grupo de combatentes do Sobral do Campo

No seu boletim individual constam as seguintes informações:
a)    Colocado na 1.ª Bateria de Infantaria, em 13 de Setembro de 1917;
b)    Aumentado ao efetivo do seu batalhão, por ter deixado de fazer parte da 1.ª Bateria de Infantaria, em 27 de Setembro;
c)    Punido com 6 dias de detenção, em Outubro de 1917, por ter faltado à instrução que teve lugar no Campo de Marthes, alegando estar doente, situação que não se provou ser verdadeira;
d)    Colocado no D.M.B. (Depósito de Material de Bagagens?), em 7 de Novembro;
e)    Punido com 8 dias de detenção, em Fevereiro de 1918, por falta de comparência na oficina de sapateiro onde trabalhava;
f)      Baixa ao Hospital Inglês n.º 35, em 28 de Julho de 1918, e evacuado para o Hospital de Base, em 11 de setembro;
g)    Julgado incapaz para todo o serviço, em 23 de Setembro de 1918, e evacuado em 4 de Outubro, a fim de ser repatriado.



Regressou a Portugal, no dia 29 de Janeiro de 1919, e domiciliou-se no Sobral do Campo, localidade onde, segundo o seu boletim individual, residia uma irmã, o seu parente mais próximo. Esta informação não foi confirmada pela filha Josefa Lourenço, que diz nunca ter ouviu qualquer referência a esta tia.

Em junho de 1919, Domingos Esteves casou com Severina da Conceição e tiveram sete filhos:
1.    Rosa Henriqueta, que casou com José Amoroso Dias e tiveram 5 filhos;
2.    Maria Nazaré Esteves Marques, que casou com Francisco Paulo Marques e tiveram 1 filha;
3.    José Domingos da Conceição, que casou com Rosa dos Santos e tiveram 2 filhos;
4.    Armandina Alice Esteves dos Santos, que casou com Francisco Luis dos Santos e tiveram 7 filhos;
5.    Francisco Pires Esteves, que casou com Rosa de Jesus Martins e tiveram 3 filhas;
6.    Josefa Esteves Lourenço, que casou com José Augusto Lourenço e tiveram 2 filhos;..
7.    Maria da Conceição Esteves Duarte, que casou com José Marques Duarte e tiveram 2 filhos.


O casal viveu sempre no Sobral do Campo, onde Domingos Esteves continuou a trabalhar como sapateiro, apesar dos problemas de saúde que trouxe da guerra, principalmente dificuldades respiratórias que lhe provocavam dores e cansaço permanente. Por vezes, como era habitual naquele tempo, andava de terra em terra e permanecia vários dias nas casas das famílias que o contratavam. Também trabalhou na agricultura, cultivando alguns pedaços de terra que herdou ou foi comprando. Conseguiu que lhe fosse atribuída uma pensão pela incapacidade adquirida na guerra, o que contribuiu para lhe proporcionar uma vida um pouco melhor.
Domingos Esteves faleceu no dia 26 de dezembro de 1968, na sequência de um traumatismo grave provocado por uma queda na noite de Natal. Tinha 74 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração da filha Josefa Esteves Duarte e da neta Maria Isabel Lourenço)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Festival

Seria neste fim de semana, mas o covid não deixa. Ficam algumas imagens dos dois anos anteriores, para matar as saudades da felicidade...

 O nosso grupo de cantares

 Contador de histórias, numa sombra fresquinha

 Os bombos "Vicentinos"

 O Chapitô em espetáculo de luz e movimento

 As "Sopa de Pedra"
 A nossa filarmónica

 Almoço tradicional nos "Manguitas"

Ambiente geral

José Teodoro Prata

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (da Partida)
 

Domingos Esteves nasceu na Partida, a 17 de fevereiro de 1895. Era filho de António Esteves, cultivador, e Maria Joaquina.
Embarcou para França, no dia 21 de Fevereiro de 1917, integrando a 1.ª Brigada de Infantaria o 2.º Batalhão, 1ª Bateria, de Infantaria 21, como soldado com o n.º 535 e a placa de identidade n.º 8952.
O seu Boletim Individual refere apenas o seguinte:
a)    Baixa ao Hospital, em 16 de março de 1917; alta, a 26 do mesmo mês;
b)    Baixa ao Hospital, em 19 de maio de 1917; alta, a 8 de junho;
c)    Em 1 de janeiro de 1918, passou a fazer parte da formação do seu batalhão;
d)    Faleceu na 1.ª linha, por ter sido ferido em combate, no dia 10 de março de 1918 (provavelmente vítima dos ataques violentos que ao alemães fizeram às tropas portuguesas após o raide de 9 de março). 

Na Partida já não há familiares próximos que possam contar alguma coisa sobre Domingos Esteves, mas ainda há quem se lembre de ouvir dizer que «estava escondido num abrigo debaixo da terra por causa dos tiros e, quando foi espreitar, foi levantado no ar pelo fogo do inimigo». 

Ficou sepultado no Cemitério de Richebourg L’Avoué, talhão C, fila 12, coval 21.
Os pais tiveram direito a uma pensão de sangue, no valor de 72$00 anuais, o valor mais baixo pago às famílias de militares falecidos em combate, mas que devia corresponder ao pré pago aos soldados enviados para França.

Arquivo Histórico do Exército, Memorial Virtual
Fonte: http.//www.memorialvirtual.defesa.pt/sepulturas/c.12.21.jpg

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"