No site que se segue podem encontrar um livro em PDF sobre a produção de seda em Trás os Montes. O que vale para aquela região valerá (um pouco) também para nós.
José Teodoro Prata
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
No site que se segue podem encontrar um livro em PDF sobre a produção de seda em Trás os Montes. O que vale para aquela região valerá (um pouco) também para nós.
José Teodoro Prata
Pontos do mundo no Centro de Cultura Contemporânea
O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco tem patente, até 13 de junho, a exposição Pontos.pt, que tem na sua génese o Bordado de Castelo Branco e as Tapeçarias de Portalegre.
A exposição estará patente até 13 de junho. Foto: CCCCB
As colchas em bordado de Castelo Branco e as tapeçarias de Portalegre juntaram-se numa exposição patente no centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco, inaugurada no passado dia 25 de abril. Pontos.PT, como foi designada reúne o melhor das duas artes, numa viagem que remonta ao século XVI, e que pode ser percorrida até ao próximo dia 13 de junho.
“Esta é uma exposição que apresenta o que de melhor existe do Bordado de Castelo Branco, desde o final do século XVI até à atualidade”, começou por referir Teresa Antunes, diretora do Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco.
“Nesta mostra fomos também buscar a tapeçaria de Portalegre, que tem o seu ponto”, diferente do do Bordado de Castelo Branco, e que no seu conjunto “são peças simbólicas dos nossos territórios e de Portugal no mundo”, acrescentou Teresa Antunes. Na inauguração marcaram presença os autarcas de Castelo Branco, José Augusto Alves, e de Portalegre, Adelaide Teixeira, os quais sublinharam a importância desta mostra de caráter transfronteiriço, dado que envolve também a parceria da Universidade de Salamanca.
Citado em nota enviada à nossa redação, José Augusto Alves sublinha o facto de “Castelo Branco ser um concelho repleto de história e tradições que sobrevivem ao longo dos séculos e que nos orgulhamos de promover”.
O autarca albicastrense recorda que as colchas de Bordado de Castelo Branco “apresentam desenhos bordados com fio de seda natural e existem desde do século XVI. São, por isso, verdadeiros tesouros que nos orgulhamos de promover”. No entender de José Augusto Alves, ao englobar nesta iniciativa a “tapeçaria de Portalegre estamos a engrandecer esta exposição”.
Comissariada por Ana Pires e Vera Fino, a exposição já foi apresentada em Salamanca, e carateriza-se “pela intensa policromia e luminosidade conferidas pelos fios de seda e pela sua base em linho cru”.
De resto o Bordado de Castelo Branco constitui uma forte aposta da autarquia albicastrense que criou o Centro de Interpretação, com oficina, num edifício histórico situado na Praça Velha, e certificou, em 2018 o Bordado pela Comissão para a Certificação de Produções Artesanais Tradicionais.
Do jornal Reconquista desta semana. Imperdível, pelo bordado de Castelo Branco e pela tapeçaria de Portalegre, mas também pela beleza do edifício (na Devesa, ao lado do do Cine Teatro Avenida).
José Teodoro Prata
Há duas semanas, publiquei aqui o texto do primeiro de três podcasts que fiz para a Rádio Castelo Branco, sobre o bordado de Castelo Branco. Ele serviu apenas de introdução ao texto que hoje vos apresento, este sim recheado de boas informações sobre São Vicente da Beira.
Como imaginar que São Vicente foi, no século XVIII, além de um grande centro de industrial de lanifícios, um dos centros de maior produção de bordado?
Luísa Fernandinho publicou nos Estudos de Castelo Branco,
Nova Série, n.º 4, os resultados de uma investigação aos inventários dos órfãos
existentes no Arquivo Distrital de Castelo Branco.
Pretendia-se averiguar a existência de colchas de Castelo
Branco nestes inventários. Entre os fins do século XVIII e a primeira metade do
século XIX há referência a 160 colchas bordadas a seda nas localidades de
Salgueiro, Palvarinho, Malpica, Escalos de Baixo e de Cima, Alcains, Cafede,
Monforte, Sarzedas, Vila Velha de Ródão e arredores, Lousa, São Vicente,
Tinalhas, Freixial, Póvoa e Mata.
Colchas brancas contam-se cerca de 500, concentradas em Vila
Velha de Ródão, Lousa, Alcains, Escalos de Cima e São Vicente.
Há ainda registos de antecamas de vários tipos, destacando-se
Monforte com o maior número. Também surgem toalhas de linho bordadas a seda,
principalmente na zona de São Vicente.
Além do pano de linho utilizavam-se o pano rei, sobretudo em
Alcains, Lousa e Escalos de Baixo e de Cima, principalmente nos inícios do
século XIX, e o tecido pita, fabricado a partir das fibras da piteira ou
figueira das Índia, usado apenas na Lousa, entre 1807 e 1818.
O valor das colchas bordadas a seda podia atingir os
9 000 réis no século XVIII, mas desceu no século XIX para 4 000 réis.
Mas havia colchas a valer 10 a 20 000 réis.
Estes inventários aparentam pertencer a famílias com posses,
quer pelos apelidos familiares conhecidos, quer pela quantidade e valor dos
bens móveis e imóveis registados.
Em fevereiro de 1961 o jornal “Pelourinho” noticiava assim o assalto ao Santa Maria:
Ainda durante o mês de março Salazar faz seguir para Luanda o paquete Niassa com os primeiros militares mobilizados. Eram cerca de dois mil jovens, a maior parte recrutados nas zonas rurais, mal preparados e mal equipados, como já se vira na altura da Grande Guerra (existe muita informação, de fácil acesso, sobre o assunto…).
Da nossa freguesia também foram muitos jovens. Não terá havido nenhuma família que não tenha chorado a partida de um filho ou parente próximo ao longo dos quase 14 anos que durou a guerra. E a tristeza pelos que partiam era partilhada por todos os vizinhos da terra. Por solidariedade, mas também por antecipação, porque quem tinha filhos ainda crianças e jovens, sabia que a vez deles havia de chegar.
Ao longo dos anos que durou a guerra, o jornal “Pelourinho” teve uma coluna em que publicava notícias enviadas de África pelos nossos militares. Chegavam frequentemente, ao longo de todo o ano, mas havia datas em que as saudades doíam mais: o Natal, a Senhora da Orada, a festa do Senhor Santo Cristo.
Partilho alguns recortes que retirei de jornais que me emprestaram. São apenas exemplos que nos contam muito do sofrimento de que, passados quase cinquenta anos, muitos ainda não conseguem falar. As fotografias não são famosas, mas penso que se consegue ler o essencial das mensagens, que, penso, é necessário lembrar para não esquecermos a História e, neste caso, as suas vítimas.
Maria Libânia Ferreira
Não costumo publicar posts sobre a justiça e muito menos sobre política, mas, vi e ouvi tanta coisa sobre o assunto que, desta vez, se me permitem, uso também as redes sociais para botar opinião. É mais uma, entre milhares.
Sobre Sócrates tudo pode ser dito! Parece que ele próprio faz e diz muita
coisa sobre si mesmo! Alguém que estudou no ISEC de Coimbra na mesma época e,
como ele, também frequentava o café Samambaia no Bairro Norton de Matos, me
disse que ele era um pelintra.
Mais ou menos nessas condições, chegou a ministro e depois a primeiro
ministro (PM). Uma vez no poder, usou-o para traficar todas as influências que
se lhe ofereceram, a fim de subir na vida. Mas uns fazem-no a custo, outros a
qualquer custo. E uma coisa, convenhamos, é diferente da outra!
Considero que os políticos em Portugal não são muito bem pagos, embora
sobre isto haja imensas opiniões, todas respeitáveis, é claro. Depois de uns
anos no ativo, a maioria deles não está pelos ajustes de ficar a receber uma
qualquer tença vitalícia para regressar à normalidade da vida. Acham, a meu ver
mal, que o País lhes deve "relevantes serviços públicos" e pretendem
enriquecer, como se isso fosse um direito que lhes assiste!
Sócrates não foge à regra. E tanto ele como muitos outros — mas,
felizmente, não serão todos — usam, enquanto podem, o lugar que ocupam para
alcançar esse objetivo! Portanto, na minha ótica, o problema que se põe em
relação a estas pessoas é, tão simplesmente, apenas um: EDUCAÇÃO DEFICIENTE. O
que parece uma coisa de somenos, mas não é! É a falta de educação que traz o
interesse desmedido, a mentira e a desonestidade, que levam a crimes como a
fraude e a corrupção, etc.
Por sua vez, é isso que, como se tem visto, vem minando as democracias de
tipo ocidental, que dispõem de uma vertente social capaz de se preocupar com os
mais desfavorecidos. Embora isso, a maior parte das vezes, seja mais um estado
de alma que uma realidade objetiva. Infelizmente!
Ora, Sócrates, pelo seu trajeto na política, será como tantos outros. Mas
parece ser o político português a quem mais tem sido apontada uma conduta
duvidosa, por factos pouco ou nunca devidamente esclarecidos. Basta lembrar o
episódio das habilitações académicas! Depois, aparece com milhões de euros nas
suas contas bancárias, sem que, até hoje, tenha conseguido explicar a sua
origem! E aí está toda a questão, porque, a obtenção de vantagens indevidas,
sobretudo enquanto desempenhou o cargo de PM, sem dúvida que na nossa justiça é
tratada como um tipo crime. Em face dessa realidade ele tem que mentir, distorcer,
usar subterfúgios, desculpas esfarrapadas, etc. Pelo que se diz o Processo
Marquês está cheio de tudo isso, de imensas contradições!
Além disso, sobre Sócrates, sabemos muitas outras coisas, tão pródiga,
sobre o assunto, tem sido a comunicação social. Sabemos por exemplo que
Sócrates teve um Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro — não sei se
nomeado pelo seu governo — que nunca o investigou. O antigo Presidente do
Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, mandou destruir provas do caso
Freeport. Talvez o tenha feito dentro da sua competência de magistrado. Não
duvido. Mas há uma coisa que não devemos desconhecer: é que estes dois senhores
estiveram no lançamento de um livro do antigo PM, onde, creio eu, não deviam
ter comparecido, atentos os cargos que desempenhavam. De facto, não se tratava
de qualquer sessão solene de Estado!
A este propósito, tem-se constatado que das coisas mais reveladoras da
falha de personalidade deste homem, é ele publicar livros sem os ter escrito e
de comprar parte da edição (com os tais milhões) para aparentar grandes
tiragens!
Com todas as dúvidas que o comportamento de Sócrates levanta, mas, enquanto
político, ele está — deve estar— sujeito ao escrutínio do povo que o escolheu
(ainda que indiretamente), e pode-se fazer um juízo ético.
Posto isto, deve acrescentar-se que outra coisa é a justiça, que tem uma
forma muito própria de tratar dos seus assuntos e que as pessoas muitas vezes
não compreendem. Desde que o juiz Ivo Rosa fez, há dias, a leitura do despacho
de instrução, que muitos concidadãos nossos, se têm manifestado. E a maioria
fê-lo contra aquele juiz. Inclusivamente, circulam notícias sobre um abaixo-
assinado com vista à sua destituição!
Em palavras mais simples: por que razão a justiça não conseguiu deitar a
mão a Sócrates e até agora apanhá-lo? Pela razão de que a justiça não pode
julgar por simples desconfianças. Nem pode assentar as suas condenações sobre
contradições. Por conseguinte, sem factos com prova, ninguém pode ser
condenado! E é isto que deve acontecer numa sociedade civilizada. É isto que
nos distingue da barbárie! Quem não sabe um pouco de Direito não compreende
estas aparentes injustiças e classifica decisões como a do juiz Ivo Rosa como
protetoras dos ricos e poderosos. E não é disso que se trata. O que é dito a um
estudante de Direito é que vale mais soltar 10 culpados que condenar um
inocente! Daí que tenha chegado até nós um sábio princípio latino "in
dubio pro reo" que, praticamente toda a gente conhece. Neste sentido, é
ainda um sinal civilizacional o facto de, em processo penal, ser o Estado a ter
que provar a culpa e não o agente do crime a sua inocência.
Sucede ainda outra coisa: as pessoas parece que estão a passar por cima da
acusação de CORRUPTO, que, perante todo o país, o juiz Ivo Rosa fez a Sócrates!
E que, esse mesmo juiz, o pronunciou e leva a julgamento por 6 crimes de
branqueamento de capitas e falsificação de documentos!
Dito isto, não consigo descortinar muito bem a razão do ar de vitória que o
arguido Sócrates afivelou na sua própria cara! Para mais, tratando-se de um
antigo PM. Uma pessoa com educação teria vergonha! Embora seja mais que
adquirido que o descaramento é mais uma das características da falha de personalidade deste sujeito. Por tudo isto, na minha ótica, o juiz Ivo Rosa,
andou bem.
Resta apenas dizer que, todavia, foi dito — não sei se por alguém que
conhece o processo — que o referido juiz contou os prazos de prescrição dos
crimes de corrupção a partir do primeiro ato. Se bem creio, nos crimes continuados,
esse prazo deve ser contado do último ato. Há quem aponte, por isso, um erro
técnico do juiz Ivo Rosa, do que eu duvido. Em todo o caso, se assim for, não
creio que se tenha tratado de um erro deliberado. (a)
Finalmente, quero dizer que, da mesma forma que devemos confiar na seriedade do juiz Ivo Rosa (noutros, como Rangel, nem tanto!), também devemos acreditar, em geral, na nossa justiça. E que o arguido ainda poderá vir a ser julgado pelos crimes agora declarados prescritos. Aguardemos, com serenidade, o que, sobre o assunto, tem a dizer o Tribunal da Relação.
JOSÉ BARROSO
(a) Entretanto, fui informado de que a contagem desse prazo foi
fundamentada num polémico Acórdão do Tribunal Constitucional.
Fiz uma série de três podcasts sobre o bordado de Castelo Branco, para a Rádio Castelo Branco, que estão agora a ser transmitido. Aqui vos deixo o texto do primeiro deles.
O bordado de Castelo Branco é feito a fio de seda
natural sobre pano de linho. Originário do século XVI, terá tido o seu período
mais fecundo no século XVIII, beneficiando da criação de manufaturas de seda e da
obrigatoriedade do plantio de amoreiras.
Este artesanato decaiu no século XIX, devido às
doenças que afetaram o bicho da seda e à concorrência dos produtos industriais,
então uma novidade.
O bordado de Castelo Branco renasceu nos inícios do
século XX, pelas mãos de Maria da Piedade Mendes, natural do Estreito, que
herdou um conjunto de colchas de linho bordadas a seda, as quais lhe serviram
de modelo para os trabalhos que desenvolveu ao longo da vida e que inspiraram
outras bordadeiras.
Em 1939, o Centro n.º 2 da Mocidade Portuguesa
Feminina do Colégio de Nossa Senhora de Fátima dedicou-se à confeção deste
bordado, em Castelo Branco.
No ano de 1941, a Junta da Província da Beira criou
uma Escola de Bordados.
Entretanto, o Liceu e a Escola Industrial apostaram
no ensino do bordado, na disciplina de “Lavores Femininos”.
Em 1956, a Mocidade Portuguesa Feminina criou o
Centro de Indústrias Regionais, dedicado ao bordado de Castelo Branco.
Nos anos
60, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior abriu uma seção expositiva de
bordado e na década seguinte criou uma Oficina-Escola do bordado de Castelo
Branco.
Atualmente,
a produção pública de bordado encontra-se centrada no Centro de Interpretação
do Bordado, que a Câmara Municipal abriu, em 2017, no bairro do Castelo.
A pandemia tem destas coisas. Já praticamente esgotara o que ler, quando descobri, de entre os livros da minha filha, um sobre as origens das atuais grandes religiões do Mundo. É curioso que todas elas definiram os seus princípios-base na mesma época, séculos VII a IV antes de Cristo, período designado por Era Axial.
Em cada capítulo apresenta-se a evolução ideológica de cada religião, todas asiáticas exceto uma, curiosamente a única laica: a filosofia grega. Na ânsia de perceber muitas coisas, apenas li as partes referentes ao judaísmo e à filosofia grega, mas no final fui presenteado com uma síntese de todas as grandes religiões, curiosamente quase iguais umas às outras.
Houve momentos traumáticos, como aquele em que descobri que os hebreus eram semitas autótones da Palestina e não originários da cidade de Ur, no sul do atual Iraque, de onde partira o patriarca Abraão. E não é que os hebreus nunca passaram aqueles séculos no Egito, de onde foram resgatados por Moisés? Os egípcios oprimiram-nos, sim, mas porque conquistaram a Palestina e a governaram durante muito tempo. Num caso e no outro, os livros de História continuam a contar histórias aos alunos...
A coisa boa foi a recuperação do Sócrates como o grande pensador dos valores da civilização dita ocidental. Afinal aquele homem humilde, feio, mal vestido, valeu muito mais do que o seus grandes discípulos Platão e Aristóteles. O Platão estragou logo tudo ao separar as ideias da realidade concreta, o que veio a provocar muitas desgraças e sofrimento à Humanidade.
Deixo-vos a imagem da última página:
José Teodoro Prata