sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

 João Fernandes

João Fernandes nasceu em São Vicente da Beira, no dia 3 de dezembro de 1894. Era filho de José Fernandes, jornaleiro, e de Maria do Patrocínio, moradores na rua da Igreja.

Alistou-se em Castelo Branco, no dia 9 de julho de 1914, como recrutado, e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, em 12 de janeiro de 1915. De acordo com a sua Folha de Matrícula, era analfabeto e jornaleiro (esta informação poderá não ser exato, uma vez que foi promovido a Cabo, o que normalmente só acontecia quando os militares sabiam ler e escrever). Foi vacinado.

Fazendo parte do CEP, embarcou para França no dia 18 de janeiro de 1917, integrando a 6.ª Companhia, 2º Batalhão, do 2.º Regimento de Infantaria 21, com o posto de soldado, com o n.º 331 e a placa de identidade n.º 9903.

 

Do seu boletim individual e folha de matrícula militar constam as seguintes ocorrências:

a)    Baixa ao hospital em 16 de março de 1917; alta a 19 do mesmo mês;

b)    Promovido a 2.º Cabo, em agosto de 1917, e a 1.º Cabo, a novembro do mesmo ano;

c)    Punido com seis dias de detenção, em outubro de 1917, por ter faltado à instrução, no dia 28 do mês anterior;

d)    Colocado no 6.º Grupo de Metralhadoras, em janeiro de 1918, onde ficou com o n.º 76;

e)    Punido com cinco dias de detenção, em 18 de maio de 1918, por se ter afastado do local de trabalhos sem autorização;

f)     Licença de campanha por 53 dias, desde 15 de julho de 1918.

g)    Regressou a Portugal em Outubro de 1918, tendo desembarcado em Lisboa no dia 4 desse mês.

Condecorações:

  • Medalha Militar comemorativa com a legenda: França 1917-1918


Após o regresso a Portugal, João Fernandes veio residir para São Vicente da Beira, onde morou até 1926, altura em que transferiu a residência para a rua Vieira da Silva, nº 32, na freguesia de Alcântara, em Lisboa. A partir desse ano, não foi possível obter qualquer informação sobre João Fernandes, nomeadamente um possível casamento e descendência, ou a data e local da sua morte.


Maria Libânia Ferreira

Publicado no livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

domingo, 9 de janeiro de 2022

Sanvicentinos na Índia Portuguesa

 


Estes versos foram publicados no jornal “Pelourinho” de maio de 1961. Passados poucos meses, no dia 19 de dezembro, pela recusa teimosa de Portugal em negociar as condições de transição pacífica propostas por Nehru, a União Indiana invadia o território português na Índia.

Mesmo sendo evidente a desproporção de meios, em homens e armamento, Salazar, na desumanidade própria dos ditadores que lhe era tão comum em muitas decisões, deu ordens para que as nossas tropas resistissem até à morte do último soldado. Mas o general Vassalo e Silva, governador do território na altura, teve a coragem de desobedecer, e rendeu-se ao fim de algumas horas de combate, já com várias dezenas de militares caídos de ambos os lados.

Dos portugueses que escaparam à morte, algumas centenas foram feitos prisioneiros e sujeitos a trabalhos forçados durante meses. Entre eles estava o António Duarte Pedro que, sobre esse tempo, pouco consegue dizer; mas a pergunta «Viste A Ponte do Rio Kwai? Então podes avaliar o que nós lá passámos. Dizem que foi tal e qual.» é bem clara sobre os tormentos por que passou.

Para além de muitas memórias sombrias, talvez lhe venha também desse tempo de guerra aquele assobio melodioso que nos abranda o passo quando lhe passamos à porta. Quem sabe se é o seu jeito de espantar os fantasmas quando teimam em assombrar-lhe a alma…

M. L. Ferreira

Nota: O Albertino (Albertino Justino) referido nos versos do António Pedro já faleceu. O Alfredo (Alfredo da Silva Lobo) vive em Lisboa, mas ainda volta ao Casal da Fraga de vez em quando.

Não consegui confirmar se também foram feitos prisioneiros, mas penso que sim.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Tradições de Natal

Ontem passou na RTP2 um delicioso programa sobre as tradições de Natal, em Inglaterra, no século XVI.

Deixo-vos com ele (https://www.rtp.pt/play/p9616/e587297/um-feliz-natal-tudor-com-lucy-worsley.) até aos Reis, pois era, e ainda hoje é, quando terminavam as comemorações natalícias. Este programa tem a capacidade de nos conseguir surpreender!

Bom Natal para todos!

José Teodoro Prata

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

A Loja do Cidadão que não temos

 

A Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública veio há dias inaugurar a Loja do Ciodadão de Vila Velha de Rõdão e na altura afirmou que As lojas do Cidadão são "marca de mordernização".
O concelho de Castelo Branco já tem Lojas do Cidadão em cerca de metade (atrever-me-ia a afirmar que são mais de metade) das freguesias, mas na nossa não há.
Nos últimos meses do mandato da anterior Junta de Freguesia senti que havia uma polémica local em torno da possível transferência dos serviços da autarquia para as instalações onde funcionou a Caixa Geral de Depósitos, na Estrada Nova.  Presumi que o que estava em causa era juntar num mesmo local o serviço do Correios, a admninistração da Junta e a Loja do Cidadão (que finalmentre iria ser criada).
O clamor devia-se à deslocação para a periferia de serviços que dão vida ao centro da Vila. Procupação mais que justificada, não fosse nunca ter ouvido nenhuma proposta alternativa viável (que provavelmente existiram). A Junta ficará com quatro empregados, mas pensar que tem dinheiro para pagar a quem venha fazer as férias dos três administrativos é quase um delírio!
Ocupar o piso superior dos antigos paços do concelho, colocando um elevador para garantir o acesso aos utentes mais idosos? Sei que a Universidade Sénior ficaria desalojada, mas haveria alternativas.
Ocupar todo o piso inferior do edifício, ficando a administração da Junta onde está, passando os Correios para a sala contígua, que é a de trabalho da Junta, indo a Loja do Cidadão para o local onde agora funciona o Museu de Arte Sacra da Misericórdia, mas que vai ser parcialmente desativado com a abertura o Museu de Arte Sacra? (Essas instalações são da Junta e a Misericórdia continuaria com a sala ao lado da Igreja onde está o Senhor dos Passos; a arte sacra que não vai para o futuro museu cabe lá). Neste caso, a sala de reuniões da Junta passaria para uma das salas do piso superior.
Negociar com a Fábrica da Igreja a utilização da Casa Paroquial?

O meu objetivo não é colocar-me em bicos de pés, nem presumo que estou a propor algo de novo. A única coisa que me interessa é que criem a Loja do Cidadão, onde se achar que é melhor.
É caso para escrever como o outro na barragem do Alqueva: Criem-me, porra!

José Teodoro Prata

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Boletim climatológico de novembro de 2021 (IPMA)

Mais um boletim climatológico, para perceber estas coisas do aquecimento global e do degelo dos glaciares. Reparem que, enquanto nós tivemos um novembro frio, as regiões dos gelos polares, sobretudo o Norte do Canadá, tiverem temperaturas altíssimas para aquelas regiões.

O mês de novembro de 2021 foi o 5º mais quente a nível Global (mais quentes 2020, 2015, 2016 e 2019).

Na Europa o valor médio da temperatura média do ar foi superior 1.1° C ao valor normal (1981-2010), no entanto houve diferenças regionais significativas (Fig. 1). Assim por um lado, o mês foi mais quente do que a média na parte leste e sudeste, e numa zona que se estendia para oeste até a Irlanda. Por outo lado na Península Ibérica, na França e nas partes mais setentrionais do continente o mês foi mais frio do que a média.

Em relação à precipitação na Europa em novembro, verificaram-se condições mais húmidas do que a média em partes do norte e nordeste da Europa, bem como nas regiões do Mediterrâneo, onde ocorreram várias inundações. No restante continente ocorreram condições mais secas do que a média, nomeadamente na parte oeste e sudeste.

Em Portugal continental o mês de novembro de 2021, classificou-se como muito frio e muito seco (Fig. 2).

O valor médio da temperatura média do ar, 11.17 °C, foi o 4º mais baixo desde 2000 com uma anomalia de - 1.20 °C em relação ao valor normal 1971-2000.

O valor médio de temperatura mínima do ar, 5.78 °C, foi muito inferior ao valor normal, - 2.13 °C, sendo o 11º mais baixo desde 1931 e o 4º mais baixo desde 2000. O valor médio de temperatura máxima do ar, 16.56 °C, foi 0.27 °C inferior ao valor normal.

Durante o mês verificou-se alguma variabilidade dos valores de temperatura média do ar. No entanto destacam-se os valores diários de temperatura mínima diária do ar quase sempre inferiores ao valor médio mensal.
Novembro de 2021 foi o 3º mais seco dos últimos 90 anos (mais seco em 1981, 0.9 mm). O valor médio da quantidade de precipitação em novembro, 18.9 mm, foi muito inferior ao valor normal 1971-2000, correspondendo a apenas 17 %.

Durante o mês apenas se verificou precipitação mais significativa nos dias 1 a 3 e 20 a 21. De realçar neste último período a região do Algarve com ocorrência de aguaceiros localmente fortes, acompanhados de trovoada, queda de granizo e o vento forte.

No final do mês de novembro 92 % do território estava em situação de seca meteorológica. Verificou-se um aumento significativo da área em seca meteorológica em todo o território. Destaca-se o aumento da intensidade da seca na região Sul, com alguns locais dos distritos de Setúbal, Beja e Faro na classe de seca severa.


Aqui está uma das consequências deste novembro frio: os meus diospireiros continuam carregados, sem dar mostras de amadurecerem, mesmo levando os frutos para o calor da casa.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Fazer, oferecer e conviver

 Não faltaram voluntárias para ajudar a fazer as filhós.

Umas a amassar,

Outras a estenderem e a fritar.

Ao fim havia filhós com fartura para toda a gente.

 

Durante a tarde deste domingo os moradores da Vila não pararam de entrar e sair do salão da Casa do Povo para receber o seu saquinho, cada um com meia dúzia de filhós. Alguns aproveitavam para conversar…

 
E quem não pôde ir recebê-las, vieram trazer-lhas à porta, numa visita animada ao som dos nossos bombos.

E se estão boas, as filhós! Parabéns às doceiras e à Junta de Freguesia por esta antecipação dos sabores do nosso Natal!

Nota: as filhós distribuídas na Partida e nos Pereiros foram feitas pelas mulheres da Partida que, nestas coisas, estão sempre prontas a colaborar.

M. L. Ferreira

As fotografias são da Ana Jerónimo

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021