Há dias passei pelo Posto de Turismo de Castelo Branco e, além das três rotas de Almaceda, de uma das Sarzedas e da Rota da Gardunha, do Geoparque (já antigas), estava lá publicitada mais esta (nova).
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Rota do Olival
Há dias passei pelo Posto de Turismo de Castelo Branco e, além das três rotas de Almaceda, de uma das Sarzedas e da Rota da Gardunha, do Geoparque (já antigas), estava lá publicitada mais esta (nova).
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Natal
Estava a pensar no que podia publicar hoje e fiz uma viagem pelas publicações natalícias dos anos anteriores. Há tanta coisa linda que decidi convidar-vos a viajar pelo blogue, escrevendo Natal na janela do canto superior direito.
Um bom Natal para todos e façam o favor de ser felizes também este ano. Se o Natal é quando o Homem quiser, ser feliz também depende, e muito, de nós.
José Teodoro Prata
domingo, 20 de dezembro de 2020
Fornos de cal
Em muitas localidades pelo país fora, mas principalmente nas terras da Beira, eram dias de muito trabalho para as mulheres, os que antecediam a Semana Santa. As casas eram reviradas de alto a baixo, e todos os recantos, e todos os objetos, principalmente os de uso na cozinha, eram lavados a preceito, numa prática herdada, provavelmente, dos rituais de purificação dos nossos antepassados judeus.
Tachos,
panelas e cafeteiras, enegrecidos pelos dias passados em cima das trempes ou
diretamente sobre as brasas, eram esfregados com cinza e palha-de-aço, na rua
ou nos quintais, muitas vezes na ribeira onde a água corrente facilitava a
limpeza. Ficavam a reluzir como espelhos. Depois eram dependurados na cantareira,
toda enfeitada com tiras de jornal, recortadas como se fossem rendas.
Paredes
e tetos eram passados minuciosamente com o esfrunhador, de modo a remover teias
de aranha e toda a fuligem que se tinha acumulando ao longo do inverno, e o
chão era varrido e esfregado ainda com mais esmero que em todas as outras
alturas do ano.
Mas os mais trabalhosos eram os dias da caiação. Começava-se cedo, às vezes de véspera, com a preparação da cal. Para as crianças, assistir a esta tarefa, era das primeiras e mais expetaculares experiências de magia a que assistíamos! Magia que fascinava, pela reação da mistura da cal com a água, mas que também alimentava nas nossas cabeças histórias de arrepiar. As paredes, enegrecidas pelo fumo da lareira, quase sempre em cozinhas sem chaminé, precisavam de várias demãos, mas não se desistia enquanto não estivessem brancas que nem neve. Às vezes parece que ainda sinto o cheiro a caiado de fresco que, dentro de casa, substituía o cheiro a fumo entranhado até á medula de tudo, ou que fugia para a rua e se espalhava no ar, purificador.
Visitei
há tempos os fornos de cal de Escusa (entre Castelo de Vide e Marvão) e
compreendi um pouco mais do processo de transformação por que passam as pedras
de calcário trazidas das pedreiras, até ao produto pronto a ser utilizado nas
nossas casas ou na indústria da construção. Não é muito fácil chegar lá porque não
existe nenhuma indicação a sinalizar o local. Mas quem tem boca vai a Roma…
Este painel
informativo, à entrada, diz o seguinte:
«Este
conjunto monumental de nove fornos de cal e respetivas caleiras (pedreiras de
onde se extraia a rocha calcária) é raro em Portugal e constitui um testemunho
da importância que teve o fabrico de cal no concelho de Marvão. O seu número e
concentração junto à cidade romana de Ammaia, assim como a identificação de
materiais de construção do período romano junto aos fornos, leva os
investigadores a concluir que estas estruturas poderão remontar à época do
império romano.
Os
fornos de cal são construções de alvenaria de pedra e tijolo, de planta circular,
com uma pequena porta virada a sul, reforçada por duas paredes triangulares.
Foram construídas em profundidade, envoltas por uma colina artificial
denominada capelo, apresentando no interior a forma de um poço cilíndrico,
rematado por uma cúpula imperfeita com abertura central. Na base, uma caldeira
ao nível da porta, serve de alicerce às paredes superiores.
A
alimentação do forno, o “empedre”, fazia-se primeiro através da abertura que dá
acesso á caldeira e começava pela montagem das pedras “armadeiras”, de maiores
dimensões, que se destinavam a estruturar a abóbada que servia de câmara de
combustão. Sobre esta câmara o caleiro ia depositando as pedras
“carregadouras”de menor dimensão e quando estas excediam a altura do portal,
passavam a ser carregadas através da abertura superior do forno.
Em
muitos casos estas camadas de pedra eram alternadas com camadas de lenha. No
final o topo era fechado com barro, deixando-se alguns orifícios para permitir
controlar a combustão. O forno era aceso com a introdução de lenha na caldeira,
que se ia abastecendo ao logo do período de combustão. A cozedura demorava
geralmente dois dias e duas noites.
O
processo envolvido nesta transformação denomina-se de calcinação e consiste
numa reação química, com consumo de energia, na qual o principal constituinte
das rochas calcárias extraídas das caleiras, o carbonato de cálcio (CaCO3) é
aquecido entre os 850º C a 1000ºC. O calcário transforma-se em cal viva por
oxidação do cálcio, libertando dióxido de carbono (CO2).
Para
que este material se torne útil na construção, é preciso hidratá-lo, ou seja,
juntar-lhe água, obtendo-se a cal hidratada, Ca(OH)2. Esta reação origina uma
grande libertação de energia (aquecimento), na ordem dos 580ºC……
Tradicionalmente a cal hidratada é utilizada nas caiações e para execução de
argamassas.
O
conjunto de fornos de cal e caleiras de Escusa está classificado como monumento
nacional»
Logo a seguir começam a avistar-se os fornos. São nove, ao todo, muito próximos uns dos outros. Alguns estão ainda em bom estado e conseguimos perceber o seu funcionamento. Outros estão muito maltratados.
O espaço está rodeado de castanheiros centenários, autênticos monumentos, mas, embora esteja classificado como monumento nacional, o estado de abandono é chocante, com ervas e lixo a engolir o que resta de algumas dos fornos. Mesmo assim vale a pena ir até lá. Há muita coisa para ver (ou rever) ali por perto. E quase tudo a céu aberto, como convém por estes tempos.
M. L. Ferreira
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
Os Sanvicentinos na Grande Guerra
Francisco Diogo
Francisco Diogo nasceu em São Vicente da Beira,
no dia 5 de julho de 1894. Era filho de João Diogo e Anacleta da Conceição,
jornaleiros e moradores na rua do Eiró.
Alistou-se em 9 de julho de 1914, como recrutado,
e foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha, contingente de Castelo
Branco. Na altura era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro. Foi
vacinado.
Embora a família de Francisco Diogo afirme que
ele fez parte do CEP, o seu nome não consta da lista dos sanvicentinos que
combateram em França, e, de acordo com a sua folha de matrícula, foi mobilizado
para fazer parte da 2.ª Expedição enviada para o norte de Moçambique, em 24 de
maio de 1915. Embarcou no dia 7 de outubro e chegou a Porto Amélia em 31 do
mesmo mês. O efetivo desta Expedição ficou estacionado durante bastante tempo
naquela cidade, em muito más condições, e só alguns meses mais tarde foi
enviado para a fronteira com o território alemão. Contava que andou perdido e
já o davam como morto quando, ao fim de algum tempo, conseguiu juntar-se à sua
Companhia. Regressou à metrópole no dia 28 de setembro de 1916, desembarcando
em Lisboa a 5 de novembro.
Foi licenciado em julho de 1919 e veio residir
para São Vicente da Beira. Passou à reserva territorial, em 31 de dezembro de
1935.
Da sua folha de matrícula militar consta o
seguinte:
a)
Castigado
com duas guardas, por ter sido visto sentado em cima de uma caixa de
medicamentos;
b)
Teve
122 dias de licença, por motivos de doença, 30 dos quais em regime de
internamento hospitalar, entre os anos de 1915 e 1917.
c)
Beneficiou
também de 365 dias de licença, em 1918, e 175 dias, em 1919.
Condecorações:
·
Medalha
Comemorativa das Operações Militares em Moçambique;
·
Medalha
da Vitória
Família:
Francisco Diogo casou com Maria Madalena Saraiva,
natural dos Pereiros, no Posto do Registo Civil de São Vicente da Beira, no dia
15 de setembro de 1918, e tiveram 6 filhos:
1.
João
José Diogo, que foi padre e militar. Viveu em Portalegre onde, entre muitos
outros cargos, foi solicitador e notário apostólico da Cúria Diocesana e
capelão militar. Faleceu em Lisboa em 1974;
2.
José
Diogo, que faleceu em outubro de 1922, com 9 meses de idade;
3.
Maria
Luísa Diogo, que casou com Manuel Martins e tiveram um filho;
4.
António
Diogo, que casou com Maria Roseiro Xavier e tiveram 2 filhos;
5.
Manuel
Diogo, que casou com Antónia Barricho e tiveram 3 filhos;
6.
José
Diogo, que casou com Maria da Conceição Xavier e tiveram 1 filho.
É possível que Francisco Diogo ainda tenha
voltado a África, não se sabe se antes ou depois do casamento, mas terá
regressado passado pouco tempo. Entre outras profissões que teve, foi
motorista, provavelmente da família Cunha, conduzindo um dos primeiros
automóveis que houve em S. Vicente.
Passados uns anos, já depois do nascimento dos
filhos, a família foi residir para Salvaterra do Extremo, onde Francisco
trabalhou muitos anos na Casa Veiga, uma grande casa agrícola, atualmente já
extinta. Por causa disto, Francisco Diogo ficou conhecido em Salvaterra como
Xico da Vêga.
Quem conviveu com ele
lembra-o como uma pessoa muito trabalhadora, simpática e inteligente. Todas as
pessoas gostavam de trabalhar com ele e respeitavam o que dizia, porque era
justo e sabia mandar.
Era muito alegre e
“renadio”; ao pé dele não havia tristezas. Tinha um grande sentido de humor e
gostava muito de conversar e de contar histórias, a propósito de qualquer
coisa: «Era um gosto ouvi-lo falar.
Inventava histórias que a gente às vezes até pensava que eram verdadeiras, e o
que ele dizia dava para escrever um romance.» (a nora Antónia Barricho).
Em Salvaterra também era
conhecido pela sua generosidade. A qualquer pessoa que passasse perto da horta
dele, oferecia do que houvesse: melancias, tomates, feijão, etc. E foi sempre
muito amigo da família; ajudava os filhos em tudo aquilo que podia.
A sobrinha Maria do Céu
Diogo também se lembra dele, e conta que vinha à terra com a mulher e os
filhos, pelo menos uma vez por ano, e «…era
uma alegria quando se juntavam os primos todos, nas Festas do Verão!».
Já no final da vida,
Francisco e Maria Madalena passaram a residir em Castelo Branco, cidade onde
vivia a filha Maria Luisa. Foi lá que faleceu Maria Madalena, em maio de 1967.
Francisco Diogo faleceu passado pouco tempo, a 12 de setembro desse mesmo ano,
dizem que com saudades da esposa. Tinha 73 anos de idade.
(Pesquisa feita com a
colaboração das noras Antónia Barricho e Maria da Conceição Xavier, e da
sobrinha Maria do Céu Diogo)
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
sábado, 12 de dezembro de 2020
E as serras
É este o título da crónica do Miguel Esteves Cardoso, de 10 de dezembro, que podem(?) ler aqui: https://www.publico.pt/2020/12/10/opiniao/cronica/serras-1942345
José Teodoro Prata
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Ainda as nossas fontes
Sei que um dos projetos, a curto prazo (também já não tem muito tempo), do executivo da Junta de Freguesia é melhorar o estado das nossas fontes, nomeadamente as fontes de mergulho e a reabilitação daquelas que já há muito tempo não são utilizadas (Santo André, Fonte Ferreira e outras que existem na freguesia).
O trabalho começou nas duas fontes de mergulho da Partida:
A fonte de Santiago
Não sei avaliar se a intervenção respeitou as regras de preservação do património, mas parece-me que as fontes ficaram mais bonitas. Com os tanques de recolha de água e o espaço à volta limpos, e os poiais recuperados, são recantos onde apetece mesmo parar para matar a sede nos dias quentes de verão, ou ficar sentado a conversar, a ler um livro ou a namorar, como se fazia antigamente.
M.
L. Ferreira
sábado, 5 de dezembro de 2020
Salamandra
Apesar do frio que rapei, soube bem voltar a sentir a Natureza como ela é.