Um ciclone, em 2019, destruiu 90% da cidade moçambicana da Beira e matou centenas de pessoas
Hoje o blogue Dos
Enxidros completa 16 anos, cheio de dúvidas e incertezas, como é próprio desta
idade. Nasceu no dia 1 de janeiro de 2009, data adequada para, tal como hoje,
fazer votos para o ano que agora começa. Estes são os meus, necessariamente diferentes
de cada um dos amigos deste blogue.
1. Há
cerca de 20 anos, acompanhei os meus alunos a uma visita de estudo à lixeira de
Castelo Branco, organizada pelos professores de Ciências. No final, um dos técnicos
que nos guiou apelou aos alunos para que separassem o lixo, pois quando esta
lixeira estivesse cheia já não haveria dinheiro da União Europeia para fazer
outra e seríamos nós todos a pagá-la, com impostos elevados.
Recordei
este episódio porque li esta semana a notícia do aumento do preço da tonelada
do lixo, pago pela Câmara Municipal, de 52 para 86 euros, perspetivando-se que
o preço suba brevemente até aos 200 euros.
Não
sei se os alunos que ouviram aquele apelo separam atualmente o lixo, mas sei
que Portugal é um dos países europeus que menos lixo recicla (apenas 12%, há
uns tempos). Neste caso, vigora o mesmo laxismo que se verifica na questão dos
telemóveis nas escolas: cada um faz o que quer, sem olhar às consequências dos
seus atos.
Em
resumo, apelo a um maior civismo, para garantirmos uma vida agradável na Terra,
sem o sofrimento causado pelas catástrofes naturais que serão cada vez mais
frequentes e atingem sobretudo os mais pobres e os que estão à margem dos
poderes.
2. Mais
produtos que dão vida e menos produtos que causam sofrimento e morte. O último
passatempo dos políticos europeus é o aumento dos orçamentos para a defesa, tanto
ou mais do que se gasta com a educação ou com a saúde das pessoas. A guerra
tornou-se um negócio lucrativo, há que investir na produção de armas e
munições. E há os outros negócios, de muitos e milhões e biliões, os tais que
originaram e justificam a guerra entre a Nato e a Rússia, na Ucrânia, e a
continuação do genocídio dos palestinianos na Palestina (que já dura desde o
fim da I Guerra Mundial, há mais de 100 anos). Em 1918, os palestinianos eram
90% da população dos territórios que agora formam Israel e a Palestina; agora,
quantos restam?; e em que parcela desses territórios eles estão seguros? Tudo
com a bênção do Ocidente, Portugal concluído.
Para
a Ucrânia, desejo que ucranianos e russos se harmonizem, eles que têm tão frágeis
tradições democráticas e de respeito pelos direitos humanos. E que o Ocidente
os deixe em paz e às suas riquezas.
Para
Israel e Palestina, faço votos para que acabem os ódios de parte a parte e se
ponha fim ao sistema de apartheid
em Israel, para que israelitas, palestinianos e outros povos e religiões que lá
existem vivam amistosamente. E novamente que o Ocidente os deixe em paz e às
suas riquezas (o petróleo do Médio Oriente).
José Teodoro Prata
Um comentário:
A violência das imagens deixa-nos sem palavras.
Mas é verdade que, sendo de natureza diferente, as alterações climáticas e as guerras têm a mesma origem: a sobreposição dos interesses de uns poucos contra o bem-estar e a vida de quase todos.
Lembrei-me do livro Os Cus de Judas, um grito sobre as motivações e consequências da guerra colonial portuguesa. Lembro-me desta ideia, que, comparada com outras, é quase um sussurro: «…os generais, no ar condicionado, inventavam a guerra de que nós morríamos e eles viviam».
Livros como este deviam ser de leitura obrigatória; talvez não andasse por aí tanta gente com ideias estranhas.
Que 2025 traga a Paz, também a Angola e Moçambique!
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