Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Senhora da Orada
Estamos a chegar ao quarto domingo de Maio, dia da romaria da Nossa Senhora da Orada.
Faz agora um ano, publicámos aqui, nos Enxidros, a lenda da Senhora da Orada, como me foi contada pelo Ti Jaquim Teodoro. Mas esta não é a única lenda que explica a origem da ermida e a devoção à Senhora.
Frei Agostinho de Santa Maria visitou a capela, em ano anterior a 1711, data em que publicou o Santuário Mariano, onde dedicou algumas páginas à ermida da Senhora da Orada, com base nas informações que aqui recolhera, junto do padre ermitão que então cuidava da capela.
Este ermitão contou-lhe, além da conhecida lenda da donzela, uma outra que a seguir se apresenta:
Na vila de S. Vicente da Beira vivia uma mulher casada com um homem que, além de ser de condição acre e terrível, era muito ciumento e com esta paixão molestava muito a inocente mulher e a maltratava.
E como ela era boa e devota de Nossa Senhora, avivava o demónio (para a pôr em desespero e a apartar das virtudes em que se exercitava) mais a guerra que o marido lhe fazia. E chegou isto a tanto que lhe sugeriu o demónio que a matasse, porque lhe faltava na fidelidade que lhe devia.
Com estas falsas presunções, em que o inimigo o metia, levou enganada a honesta e virtuosa mulher àquele sítio, que por ser deserto naquele tempo e nas faldas de uma serra, lhe pareceu acomodado para lhe tirar a vida e a deixar sepultada nele.
Vendo a aflita mulher o intento do marido e o grande perigo em que se achava, sem ter quem lhe valesse, mais que o Céu, valeu-se daquela misericordiosa Mãe dos aflitos pecadores, para que ela a defendesse no aperto em que se achava, encomendando-se a ela em seu coração. Não se deteve a misericordiosa Senhora. Apareceu-lhe logo, confortando-a e repreendendo ao iludido marido com grande severidade.
Este, livre da tentação, pelo favor da Senhora, e reconhecido da sua culpa e temeridade, em julgar mal da sua inocente esposa, pediu perdão à Senhora e, em acção de graças, pela misericórdia que com ele e com sua honesta esposa usara, prometeu melhorar a vida e lhe edificar, naquele lugar, uma Casa, para perpétua memória do benefício que ambos recebiam.
Dando logo princípio, os venturosos casados, à Casa da Senhora, mandaram fazer aquela Santa Imagem, que nela colocaram, na forma que lhes apareceu.
As fotos documentam a procissão da Senhora da Orada, nos anos 50 ou inícios dos anos 60. O fotógrafo é desconhecido e as fotos são propriedade do Pedro Inácio Gama.
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