Nos séculos passados, a Câmara Municipal de São Vicente da Beira tinha um funcionário designado por porteiro, à semelhança das outras câmaras.
O porteiro anunciava as decisões camarárias, apregoava avisos, licitava, na praça, as arrematações que a Câmara fazia, aceitando o melhor lanço.
Nas suas deslocações pelo concelho, o juiz de fora, mas tarde designado por Presidente da Câmara, era sempre acompanhado pelo porteiro e pelo escrivão. Este registava tudo a escrito e o porteiro fazia os contatos com a população.
Poteiro talvez por apregoar nas entradas (portas) das povoações, nos locais onde melhor se fazia ouvir.
Até há poucos anos, desconhecia a existência deste funcionário camarário, mas sempre soube o que era um/uma porteiro/a: alguém que fala muito alto, desnecessariamente; uma criança ou adolescente com um choro berrado, sem haver justificação para tanta gritaria.
As mães ou os irmãos mais velhos punham água na fervura com a humilhação:
"Cala-te, seu/sua grande porteiro/a!"
"Fala baixo, seu/sua porteiro/a!"
"És um/uma porteirão/porteirona!"
Tudo isto, porque o/a berrão/berrona parecia o porteiro da Câmara, a gritar.
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