São ainda onze horas, mas dificilmente teremos um dia bem quente, característico dos nossos verões, neste interior beirão.
O tempo anda primaveril e os 38 graus previstos, para hoje, juntamente com um vento que insiste na sua dança entre montes e vales, não permitirão à minha mãe exclamar, desanimada:
“Hoje está um pechorro!”
Já sem esperança de dias melhores, aqui fica a crónica do pechorro.
Para um dia merecer que alguém o qualifique “Está p´chorro!”, é preciso uma temperatura acima dos 40 graus. Falo daquele calor que faz tremer o ar, às 3 da tarde. E sem vento, nem uma brisazinha a bulir com as folhas ressequidas do estio. Um ar abafado e quente.
Não encontrei a palavra nos dicionários, mas ela não surgiu do nada. Teve, certamente, a sua origem e um povo que a recriou, como todas as outras.
Por isso desconheço a sua escrita correcta. Pode ser pexorro ou pichorro/pixorro. Mais do que pechorro, o nosso povo diz p´chorro.
Esperemos que ainda venham dias quentes como pertence, para podermos protestar, exasperados:
“Está um p´chorro!”
E assim preservar a nossa cultura.
2 comentários:
Tem graça que eu conhecia a palavra mas no feminino( pxorra).
Era um recipiente.
" Beber agua da pxorra ".
Em relaçao ao calor do Verao dizia-se tambem e diz-se ainda:
Esta uma calma!!
Temos ate muito nossa a cançao " A calma cai " que era uma das cantigas das nossas gentes quando andavam no campo.
E.H
A palavra também se usa no masculino, para designar um recipiente parecido com a pxorra.
No sentido que apresento, finalmente hoje podemos fizer que está um p´chorro! Só falta o ar a tremer, mas as nuvens não deixam passar o sol.
Postar um comentário