Como lembrou a Maria do Carmo Prata, de forma emocionada, este ano comemorou-se, pela 13ª vez, o Dia Internacional da Mulher na nossa terra. Parece que, nos primeiros anos, o número de participantes não foi muito grande, mas ao longo do tempo tem-se verificado um aumento progressivo de inscrições e este ano o restaurante da Mila foi pequeno para o número de mulheres que quis participar.
Estiveram presentes mulheres de todas as idades: crianças,
muitas jovens e mulheres que já fazem parte da nossa história, como a Ti Janja.
Foi uma emoção ouvi-la cantar um fado que, como ela fez questão de referir, nos
devia fazer chorar a todas. De facto, o poema falava do sofrimento de uma
mulher que era assediada por um homem rico e poderoso (fez-me lembrar a canção
do José Mário Branco “Casa comigo Marta”). Mas no fado da Ti Janja, depois de
muita luta e sofrimento, tudo acabou em bem e, como a própria rematou, de forma
bem-humorada, perante a firmeza da mulher em manter-se fiel ao marido “o gajo
meteu o rabo entre as pernas e deixou a rapariga em paz”. É um poço de
sabedoria, esta mulher!
Para além de um pequeno resumo da história e motivações que
levaram à comemoração deste dia, a Maria do Carmo lembrou também algumas das
mulheres da nossa terra que já partiram, mas que deixaram marcas em todos nós.
É o caso da Menina Maria de Jesus, da Menina Nelita, da Menina Isaura e da
Menina Ilda.
Nunca se casaram e por isso ficaram sempre “meninas”
dedicadas ao serviço da terra. Quase todos nós nos lembramos delas, quer como
catequista ou noutras atividades ligadas à igreja ou à comunidade; a Menina
Isaura com as suas mãos habilidosas a fazer os curativos no hospital ou cenas
de presépios que ainda hoje nos fazem sonhar; a Menina Ilda, na cantina da
escola, onde éramos obrigados a beber o óleo de fígado de bacalhau que só
conseguíamos engolir com um gomo de laranja, mas também onde comíamos aquele queijo
flamengo cujo sabor ainda guardo na boca.
A todas elas e tantas outras o nosso agradecimento!
M. L. Ferreira
Nota: Comissão para o próximo ano - Ana Jerónimo Patrício, Catarina Martins e Vânia Santos.
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