Mãe
Há tantos anos,
Mãe!
Por que nunca te cansaste de mim,
Apesar das imensas inquietações que te causei?
Por que me foste sempre tão fiel,
Com todos os desassossegos que te infligi?
Às vezes repreendias-me e gritavas comigo,
Porque eu não sabia usar, convenientemente, a razão.
Crianças!
Obrigado, pelas tuas correções.
Tu só me querias bem,
Mãe!
Sei o quanto me agasalhavas, se estava frio,
E me apertavas contra ti para me aquecer!
Se eu caía e me feria nas pedras da calçada,
Logo te afligias, assustada,
E corrias a buscar a tintura ou o mercurocromo,
Para me curar o axe,
Enquanto eu me debatia, para me libertar de ti!
‘Está quieto’, dizias!
Vês? Era a minha inconsciência,
Contra a qual tu procuravas proteger-me,
Mãe!
Fazias-me as papas de carolo,
Batias-me as gemadas de ovo com açúcar,
E adormecias-me, como só tu sabias, com um pequeno conto.
Olho a tua pele enrugada dos anos passados,
As mãos encarquilhadas e consumidas pelos trabalhos que te dei.
Fizeste tudo por amor!
Por isso eu te amo,
Mãe!
A. dos Santos
3 comentários:
Peço desculpa ao autor e aos leitores pela publicação tardia deste poema.
O A. dos Santos está a apurar!
Belíssima forma de descrever o amor incondicional de todas as mães, (se calhar também de todos os pais) para com os seus filhos!
À semelhança dos poemas de Eugénio de Andrade e António Salvado, também publicados no âmbito do Dia da Mãe, creio que a sensibilidade revelada neste poema só pode dever-se à condição beirã do autor.
Como filha, identifico-me neste poema pelas preocupações da minha mãe e pela intuição pedagógica que revelava em todos os seus atos. Lembro-me também das papas de carolo e das gemadas de ovo com açúcar. Como mãe, revejo-me no desassossego que qualquer percalço, real ou imaginado, na vida dos meus filhos me provoca.
Parabéns e obrigada, A. Santos!
M. L. Ferreira
o "A" dos Santos já é grande, mas devia ainda ser maior. E porquê? Porque brindou a mãe, as mães e os leitores, com um belo poema de belas imagens. Faço minhas as palavras do Zé Teodoro: está a apurar. E acrescento: deve continuar...
Um abraço ao poeta desconhecido.
F. Barroso
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