São monumentos, alguns muito
simples, situados quase sempre à saída ou à entrada das povoações, que apelam à
oração pelas almas do purgatório. Curiosamente, na nossa terra, apesar da
grande religiosidade e culto dos mortos, não existe nenhuma.
Mas encontrei esta, no
Tripeiro.
Pela inscrição, no cimo, data de 1771 e foi
reconstruída em 1957.
Para quem não conseguir ampliar a imagem, a inscrição
em baixo diz: «Ó vós que passais, lembrai-vos de nós, que no fogo sofremos
tormento atroz».
Esta está junto ao cemitério do Casal da Serra.
Não tem data nem qualquer inscrição, e em vez da
imagem da Nossa Senhora tem um Cristo na cruz, mas representa também as almas
do purgatório.
Esta está na estrada entre a Partida e o Vale de
Figueira. Terá sido mandada fazer por intenção de Francisco Martins.
Esta, mais simples, está à saída da Partida, a caminho
dos Pereiros. Apela
também à oração por alma de Francisco Martins.
Esta está à entrada do Sobral do Campo. Faz lembrar a
do Tripeiro e a inscrição que encima o monumento é quase igual.
Passamos muitas vezes por esta, à saída da Póvoa de
Rio de Moinhos.
E por fim esta, numa fonte à entrada do Louriçal. A mesma
imagem e o mesmo apelo à oração por aqueles que sofrem no purgatório.
Deve haver muitas mais nas
terras à nossa volta. Um bom tema, quem sabe, para outro trabalho de pesquisa,
à semelhança das alcunhas…
10 comentários:
Bonito trabalho, de uma investigação como deve ser!
Seria interessante saber quem foi este Francisco Martins. Não será difícil, pois o cruzeiro/a alminha é de 1955.
Qualquer pessoa da Partida, na casa dos 80, saberá...
No cruzeiro do Tripeiro, o que está escrito por baixo da cruz e também o que está escrito por cima da frase que diz que foi restaurado?
Cumprimentos,
Não falta uma que está junto à Paradanta?
Na verdade, estes graciosos nichos encontram-se sempre à entrada das povoações, junto a um caminho. As pessoas ao passarem rezavam um pai-nosso e uma ave-maria pelas almas do purgatório.
"A vila deve ser a única povoação que não possui umas alminhas." Não é verdade. Havia uma grande religiosidade em relação às almas do purgatório. Novembro era o mês das almas. A vila não tinha um nicho no exterior, mas possui um belo e dramático altar dedicado às almas na igreja paroquial. Durante o mês de Novembro, todos os dias, o meu avô Manuel da Cadeia ajoelhava em frente ao altar e rezava as jaculatórias pelas alminhas do purgatório, os fiéis escutavam e rezavam.
No princípio dos anos noventa do passado século, larápios roubaram as alminhas que se encontravam à saída do Louriçal do Campo,o povo indignou-se, depressa colocaram uma réplica.
Ó almas que estais dormindo
Nesse sono tão profundo
Rezemos um padre-nosso
Pelas almas do outro mundo.
Cantamos nós vicentinos, durante os domingos da quaresma.
J.M.S
Não consegui decifrar o que está escrito por baixo da cruz na Alminha do Tripeiro porque a inscrição está escrita em Latim (presumo) e já muito sumida. Espero voltar lá em breve e talvez encontre alguém que saiba. Depois dou notícias.
Quanto ao quadro das almas do purgatório da nossa igreja, só não a incluí porque não corresponde exatamente à descrição habitual do que é uma Alminha. Mas de facto é notável e de um dramatismo enorme. Ainda me lembro de como, em criança, ela apoquentava os meus dias e até as minhas noites. Achei sempre que era àquelas chamas que eu iria parar quando morresse, tantos eram os pecados que queriam fazer-me crer que já tinha. Ainda estremeci, quando passados mais de quarenta anos, voltei a encarar com ela…
E sobre a Paradanta, não tenho a certeza se o monumento que está na estrada (ou será outro?) é uma Alminha. Parece-me que é um “Senhora dos Caminhos”, como a que temos na Vila, na Estrada Nova. Quando voltar a passar por lá, já confirmo.
M. L. Ferreira
A achega do José Manuel foi importante para mostrar o outro lado, o institucional, da devoção às almas. Mas, de facto, as Alminhas são manifestações da religiosidade popular, não enquadrada totalmente pela Igreja.
A este propósito e acrescentando informação ao comentário do José Manuel, cerca de 1800, existiam, no antigo vigariato de São Vicente da Beira (área do concelho mais a Póvoa), irmandades das Almas no Louriçal, Sobral, Ninho, Tinalhas e Póvoa.
Esqueci-me de esclarecer sobre a inscrição na Alminha do Tripeiro. Também não está muito nítida, mas consegue ler-se: SI PIU ES ORA PRO DEFUNTIS.
Na do Sobral a mensagem é a mesma, mas a grafia tem algumas diferenças: SI PIVS ES ORYA PRO DEFVNTIS.
M. L. Ferreira
A tradução da inscrição latina para o português é fácil:
SE ÉS PIEDOSO/RELIGIOSO, REZA/ORA PELOS DEFUNTOS
No Louriçal do Campo existem Alminhas espalhadas por to a freguesia, neste site está muito bem explicada a sua origem e finalidade, assim como um mapa que mostra a sua localização,
Deixo aqui a ligação para quem quiser ver http://www.louricaldocampo.com/alminhas.htm
Bom dia.
Parabéns pela recolha e divulgação destes belos monumentos. Tenho um "projeto alminhas" em https://sites.google.com/view/fmtcultura e, gostaria de contar com a sua colaboração. Obrigado.
Atentamente
Fernando Correia
fmt.correia@gmail.com
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