quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Francisco Caldeira



Francisco Caldeira Leytam de Brito Monis Albuquerque, da Sertã, casou, em São Vicente da Beira, no dia 5 de dezembro de 1768, com a vicentina Dona Ignes Caetana de Morais Sarmento e Andrade, filha de Manoel Caetano de Morais Sarmento, capitão-mor do concelho.
Depressa o genro lhe sucedeu no cargo.
O casamento realizou-se por procuração de ambos os noivos. As bençãos e a consumação do casamento terão ocorrido em Janeiro, pois estávamos no Advento, tempo interdito a este tipo de "festejo".
Possivelmente com as terras herdadas pela sua esposa, terá Francisco Caldeira formado a Quinta Nova, que ele, ou seus descendentes, mandou murar.
Poucos anos após o casamento, Francisco Caldeira pediu ao rei D. José autorização para fazer a canada dos Carquejais (documento já aqui publicado), a fim de que o seu gado pudesse circular livremente entre a quinta e as Lameiras, de onde já nessa altura trazia a água para regar a quinta.
O seu filho Gonçalo casou com a herdeira da casa senhorial da Borralha, Águeda, e o neto, também chamado Francisco Caldeira, recebeu de D. Maria II o título de visconde da Borralha, recebendo o bisneto Gonçalo Caldeira o título de conde. Por isso chamamos à Quinta Nova a quinta da Casa Conde.
Terá sido o 1.º visconde ou o 2.º conde (1878-1946), ambos chamados Francisco Caldeira, a dar o nome ao nosso largo da Fonte Velha.

José Teodoro Prata

10 comentários:

Anônimo disse...

-Muito já se falou sobre os Cunhas, os Costas, os Caldeiras,os Sequeiras...mas, pouco ou nada foram lembradas pessoas como o padre Simão Duarte do Rosário, o padre profressor José Davide dos Reis, o doutor Silva Lemos, Eduardo Cardoso...
Os primeiros para além de terem nascido na vila que fizeram eles para a engrandecer! Os segundos apesar de não terem nascido na vila todos contribuiram para que a nossa pequena mas airosa vila se tornasse mais rica e mais bela. Hospital, bairro, ensino, protecção aos mais desfavorecidos...
-Já agora quero deixar também a minha homenagem aos homens e mulheres da nossa vila que comeram o pão que o diabo amassou para que a côdea e o caldo não faltasse na mesa. "Sapateiros, alfaiates, latoeiros, lavadeiras, pedreiros, ganhões, jornaleiros, pequenos proprietarios, taberneiros, padeiros,merceeiros, resineiros, ferradores, barbeiros, padres, "a nossa vila chegou a ser a paróquia que mais padres tinha na diocese", forneiros, forneiras,doceiras, ceifeiros, pedintes, rameiras,criadas, emigrantes, mães, pais..."
J.M.S

José Teodoro Prata disse...

É! Às vezes também sinto que estou a ser injusto com o nosso povo.
De todos os que referes no 1.º parágrafo só ainda não escrevi aqui sobre o Dr. Silva Lemos, de quem não sei nada, além de que foi médico em São Vicente e deixou dinheiro para ou mandou fazer o bairro do Hospital, para que as suas rendas o financiassem. O Ernesto escreveu dois textos sobre o Eduardo Cardoso.
E temos escrito sobre os homens e mulheres da nossa terra.
Mas repito: às vezes também sinto que poderei estar a valorizar mais uns que outros.
Mas, pela minha parte, a verdade é que não estou a valorizar ninguém em particular, procuro sim informar sobre o nosso passado comum.
O problema é que os poderosos deixaram maior rasto histórico, pela importância, má ou boa, que tiveram sobre as pessoas do seu tempo e para o futuro de São Vicente.
E, sendo poderosos, também deles ficaram mais documentos históricos.
Não estou a escrever isto para justificar nada, mas é que o comentário do José Manuel deu-me o pretexto para focar uma coisa que me inquieta no dia a dia, a mim que sou uma pessoa inquieta, por natureza.

Anônimo disse...


A minha mãe teria uns 12-13 anos quando foi servir para a casa do doutor Lemos, "morava no solar da praça que hoje pertence ao irmão do senhor doutor Dória". Disse-me que era do Porto, muito boa pessoa e deixou os seus bens à santa casa, para se construirem as casas do bairro, e não sabe mais nada.
J.M.S





Anônimo disse...

Depois da ti Ana Prata, uma Dona Ignes Caetana de Morais Sarmento e Andrade quase nos deixa sem fôlego e revela bem as desigualdades sociais que existiram na nossa terra. Parece que não é só nos resultados eleitorais que somos o retrato do resto do País…
E por onde é que andam os descendentes de gente tão ilustre? As casas estão a cair e as quintas ao abandono. Será que também aqui se cumpre o ditado “O pai ganha, o filho bota fora e o neto pede esmola”.
Acho que o JMS tem alguma razão no desabafo, mas talvez deva “dar umas voltinhas” pelos Enxidros para ver que há muitas referências e histórias de pessoas das mais variadas origens. Mas talvez seja tempo de começarmos a melhorar, contando as histórias daqueles que cada um de nós conhece melhor. Acho que era um projeto bem interessante.

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Já fazemos isso, mas cada um conhece parte do universo que é a nossa comunidade e seria bom que mais vicentinos partilhassem connosco as histórias que conhecem, dos seus e de outros.
E não custa nada. Basta começar.

Anônimo disse...

Olá amigos! Não escrevo aqui há muito tempo! São fases! Mas pergunto-me: tenho tido menos vagar? Inclino-me para não acreditar muito nisso! Pois, o vagar, arranja-se! A gente, na nossa vida, tira-se agora de uma tarefa para arranjar logo outra! E não há que comparar vidas. Como diria o nosso Aquilino: "Vida é vida e basta!" Uma espécie de bichos forneiros (ou carpinteiros) que não nos deixam estar parados.
Mas como não podia deixar de ser, tenho-vos acompanhado. Sepre ! Nesta difícil tarefa de lançar achas para a fogueira dos Enxidros. Para que não se apague!
Só duas notas: a primeira relativa à história da rapariga do cimo de vila que saiu de casa por amor, que a Libânia aflorou (e comentário do JMS). Para referir a lição que a minha tia Maria de Jesus deu à própria mãe. A minha avó era muito austera de costumes. Mas não tinha razão nenhuma, pois não respeitou a decisão de alma (porque da alma se trata), da filha. Atitude, em que nunca foi acompanhada pelo marido. Algumas vezes vi o meu avô, com as lágrimas pela cara abaixo, à lareira (quando falavam do caso), sentado no seu lugar. Que era um banco improvisado de um grande tronco de árvore, cortado em cilindro. E e onde (ordens da minha avó!), ninguém mais estava autorizado a sentar-se!
A lição de vida, porém, ainda acabada não estava: pois foi aquela mesma filha que, sem ressentimentos, viria a assistir a mãe, na velhice, quando esta se encontrava já viúva e só! E que belo exemplo de reconciliação!
A outra minha nota era para dizer que estou de acordo com o que diz o JMS no seu comentário a este poste. De facto, alguns vicentinos que, de algum modo, pela sua importância, deram brado no país, nunca quiseram saber muito da vila. Pelo que sei, infelizmente, (escuso-me se estiver a ser injusto) teria que acrescentar aqui Robles Monteiro. Mas outros há, é verdade, que mereceriam mais a nossa lembrança!

Abraços.

ZB

Anônimo disse...

Será que alguém podia fornecer os links da publicações sobre Eduardo Cardoso? é que não consegui encontrar.

Marcelo Vaz disse...

Talvez seja ignorância da minha parte por não conhecer assim tão a vila, mas podiam dizer onde se situa o referido "bairo do hospital"? Não era na casa da misericordiosa que se localizava antigamente um hospital?

José Teodoro Prata disse...

Caros comentadores:

O bairro do Hospital situa-se em frente ao que foi, até aos anos 80, o Hospital de São Vicente da Beira: na entrada da povoação de quem vem de Castelo Branco. Atualmente, é o Lar de Idosos.
Junto à Igreja da misericórdia, no centro da vila, funcionou o hospital/albergaria desta instituição, entre fins do século XVI e fins do século XIX.
Antes da criação da Misericórdia, existiu a Albergaria do Espírito Santo que talvez tenha sido substituída pela Misericórdia.

Há anos, deixei de usar tags/marcadores (recomecei hoje). Por isso não é fácil chegar aos artigos. A maneira mais rápida é escrever na janela da esquerda, ao alto, o que queremos, fazer enter e aparece logo (eu acabei de o fazer para Eduardo Cardoso e apareceram não dois mas três artigos do Ernesto Hipólito).

Anônimo disse...

Quando relembrei a ideia de escrevermos as histórias das pessoas da nossa terra, referia-me mesmo às pessoas que, pela sua humildade, não ficaram na História. A do Chalim, do Zé Nicho, da ti Rita, e tantas outras, são bons exemplos.
E acho que, sem querer (ajuda daqui, achega dali), já temos outra quase feita. Já agora só mais uma achega: diz-se que uma vez, pela matação, andavam todos a ajudar, incluindo os filhos mais velhos da ti Ju. Mas quando foi para irem comer, a avó disse logo que aqueles não entravam dentro de casa, porque não eram seus netos. Parece que foi o filho Luís que se virou para ela e lhe disse que os filhos da irmã eram tão netos como os outros e se eles não entrassem, os que já lá estavam dentro saíam todos porta fora. E terá sido assim que as coisas começaram a compor-se.
Mas quem sabe melhor, que conte a história…

M. L. Ferreira