Que sorte, viver na cidade e poder ter galinhas, mesmo
que cocós! A mim, mesmo com um quintal grande, dizem-me que não as posso ter
por causa dos vizinhos… Mas não me falta cá criação!
Esta primavera, apesar de pouco amiga das cerejas e da
horta, não afetou os amores da passarada. Para além de dezenas de ninhos de
melros, pardais e outras espécies que por aqui vivem, um casal de pintassilgos
fez o ninho mesmo por baixo da varanda. Foi vê-los, numa fona, a fazer o ninho,
a chocar os ovos e depois a acartar comida para os quatro comilões, sempre de
bico escancarado.
Mas o pior era quando se apercebiam dos gatos por
perto e piavam, aflitos, a avisar os filhotes do perigo. Fazia doer o coração,
mas eles percebiam e faziam-se de mortos.
Hoje de manhã, quando me levantei, estranhei o
silêncio e fui espreitar. Tinham abalado! Bem vi nos últimos dias os pais a
esvoaçar diante do ninho, como que a ensiná-los a ganhar asas, mas gostava de
ter assistido ao primeiro voo…
M.
L. Ferreira
3 comentários:
Também já me aconteceu chegar a um ninho, cheio de expetativas, e os passarinhos já terem partido. É frustrante e ao mesmo tempo maravilhoso. Ajuda-nos a colocar no lugar que ocupamos na natureza.
Libânia: aqui no meu bairro, é uma sinfonia. Já era assim e agora ainda mais, pois nenhum galo do bairro quer ficar atrás do meu cocó!
Acho que é bom termos GNR há tantos anos, nomeadamente a nível de saúde pública, mas, por outro lado, talvez nos tenha tornado mais intolerantes e até queixinhas.
O meu bairro, habitado quase exclusivamente por gente que veio das aldeias, é um prolongamento da vida do campo. Há poços, hortas, galinhas, um vizinho até tem cabras e todos se sentem bem!
É chocante que tu, a viver numa zona de povoamento quase disperso, não possas ter, no mínimo, uma gaiola com cocós.
Uma vez encontrei um ninho de pintassilgo no Chão da Capela, mesmo junto à minha antiga casa do cimo de vila. Como acontecia muitas vezes, a certa altura da criação, tirávamos os filhotes do ninho e púnhamo-los dentro de uma gaiola pendurada na árvore, perto do local onde tinha sido o ninho. Os pais continuavam a alimentá-los até serem já quase adultos. E quando já comiam autonomamente, tirávamos a gaiola, dávamos alguns e ficávamos com um ou dois pintasilgos para cantar.
Sucedeu-me que, numa dessas vezes, em determinado dia de manhã, subi à oliveira onde tinha a gaiola com os pintassilgos novos, já grandes. Encontrei-os todos mortos!!
Vim maia tarde a saber que, na maior parte dos casos, quem mata os filhotes nestas situações, são os próprios pais, pelo facto de eles se encontrarem cativos e não voarem!!
Hoje lamento estas coisas que fazíamos! E muitas outras que ainda se fazem. Apoio totalmente a recente legislação sobre sanções a aplicar em casos de maus tratos a animais de companhia. Legislação essa, que devia ser ainda mais abrangente.
Lembro-me de uma vez, na Telescola, termos ligado a televisão cerca das 14:00 horas (antes de chegar a Professora D. Natália). Levámos um raspanete por isso. Ainda por cima, o Marcelo Caetano (Presidente do Conselho de Ministros da altura), estava de visita a Espanha e tinha-lhe sido oferecida uma tourada (à espanhola) onde ele estava. Essa tourada estava a dar em directo na televisão. A D. Natália ficou indignada com as imagens e, claro, o raspanete foi maior por causa isso!
Nos canais espanhóis é usual darem touradas a qualquer hora, normalmente, à tarde. Sabe-se como são violentas as imagens dessas touradas (hoje ainda mais, porque as vemos a cores!).
Sou contra todas as touradas e, em geral, contra todos os desportos sacrificiais. À cabeça, as touradas espanholas, que são verdadeiros espetáculos medievais.
Gosto muito de tradições mas é preciso que essas tradições dignifiquem as pessoas e respeitem os animais.
Para terminar, aconselho a leitura de um poema de Olavo Bilac (poeta brasileiro que já aqui lembrei), sobre o cativeiro das aves. E outro de Guerra Junqueiro intitulado "O Melro".
Abraços.
ZB
No meu hortejo escondido num silvado cheio de picos por todo o lado existe bem camuflado um lindo ninho de: mafagafos com sete mafagafinhos, morreu o mafagafo mais a mafagafa, ficaram os mafagafinhos.
J.M.S
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