Que sorte, viver na cidade e poder ter galinhas, mesmo
que cocós! A mim, mesmo com um quintal grande, dizem-me que não as posso ter
por causa dos vizinhos… Mas não me falta cá criação!
Esta primavera, apesar de pouco amiga das cerejas e da
horta, não afetou os amores da passarada. Para além de dezenas de ninhos de
melros, pardais e outras espécies que por aqui vivem, um casal de pintassilgos
fez o ninho mesmo por baixo da varanda. Foi vê-los, numa fona, a fazer o ninho,
a chocar os ovos e depois a acartar comida para os quatro comilões, sempre de
bico escancarado.
Mas o pior era quando se apercebiam dos gatos por
perto e piavam, aflitos, a avisar os filhotes do perigo. Fazia doer o coração,
mas eles percebiam e faziam-se de mortos.
Hoje de manhã, quando me levantei, estranhei o
silêncio e fui espreitar. Tinham abalado! Bem vi nos últimos dias os pais a
esvoaçar diante do ninho, como que a ensiná-los a ganhar asas, mas gostava de
ter assistido ao primeiro voo…
M.
L. Ferreira