domingo, 5 de junho de 2016

Juventude que já lá vais...


Quando recebi esta foto do Zé Teodoro que, por sua vez a recebera da Luzita Candeias (essa nossa menina!), para comentar qualquer coisa sobre ela, não sabia, num primeiro momento, o que dizer. Por isso, mal alvitrei o título deste texto que será, decerto, para vós, apenas um vulgaríssimo lugar comum.
Mas, bom, tinha, forçosamente, que pensar em juventude! Quantas alegrias, quantos projetos, quanta inspiração, quantos versos escritos, quantas coisas bonitas se escrevem sobre ela!
Depois, pensei no tempo, esse grande mestre! Aquele, como sabeis, do qual Santo Agostinho dizia não saber o que seria, se lhe perguntassem. Mas que saberia, com certeza, o que era, se não lhe perguntassem!
Ora, se o Santo não pôde defini-lo, como poderei eu, simples mortal, carregar sobre mim tão hercúlea tarefa?! Confessemos a nossa ignorância e não mexamos, pois, no assunto, porque nada sabemos sobre ele!
Só há uma coisa que sabemos: é a ação que ele tem sobre nós! Porque o sentimos! E é também o que experimentamos quando olhamos para uma fotografia da nossa juventude, como foi agora o meu caso, já que sou um dos que nela estão incluídos!
Mas, curiosamente, a surpresa, embora agradável, não foi total. E com isto espero não desiludir a Luzita. As razões são duas.
Em primeiro lugar, não é a primeira vez que, publicamente, faço o exercício de tentar identificar os figurantes de uma fotografia da nossa juventude em S. Vicente da Beira, tirada há décadas. Nesta, estou eu próprio e mais alguns que irei identificar. Já lá vamos! Mas havia outras fotografias em que estavam outros nossos coevos compagnos de route. Tal exercício aconteceu numa das “Noites da Taberna”, na Casa do Hipólito Raposo, organizadas pela Junta de Freguesia. Em que o José Manuel dos Santos apresentou uma fotografia com alguns jovens vicentinos que, a custo, lá consegui decifrar!
Em segundo lugar, porque a fotografia, que agora aqui se junta, já tinha sido exibida pelo Tó Sabino, o ano passado, nos dias das Festas de Verão, na praça, através de slide, num grande ecrã, nos intervalos da publicidade!
Sobre o caso, queria ainda dizer duas coisas. Desde logo, eu, pessoalmente, não fazia a mínima ideia que tinha tirado tal fotografia e muito menos sabia que alguém a tinha em seu poder. E nem sei como foi parar ao Tó Sabino. Ele saberá. Não cheguei a falar-lhe sobre isso. Ele já fez algumas exposições de fotografias antigas de pessoas e coisas ligadas a São Vicente. Mas, certamente, deve ter sido fornecida por algum dos que nela figuram.   

Depois, numa das noites de arraial das da Festas de Verão, quando a fotografia apareceu no ecrã da praça, sucedeu uma coisa curiosa. É que eu, neste caso, não consegui identificar todos os que lá estão! Apesar de eu próprio lá constar. E foi a Jú Jerónimo, estava ali perto, que me elucidou. Pelo que, se hoje consigo saber quem eles são (embora não saiba o nome de alguns, porque não são da vila), isso só foi possível com a ajuda dela!
O que posso dizer, então, sobre isto? É o seguinte: a fotografia deve ter sido tirada, talvez, em 1969 ou 1970, pelo João Duarte do Casal da Fraga, conhecido por João Brito ou João da Mila. Ele tinha uma máquina fotográfica a preto e branco e andava a tirar-nos fotografias para depois nos vender como recordação. O café onde foi tirada é, de facto, o da Sra. Tomásia, mas acho que, à data, ainda seria da Sra. Eulália. Digo isto porque na fotografia está um filho dela, o Júlio, e ao meio está um rapaz colega dele da tropa com uma bandeja com copos, na mão. Os figurantes são, então, da esquerda para a direita: Miguel Rodrigues (ou Miguel Prata), conhecido por Leca. A seguir está o João Pereira (para nós, João Rolo). Depois vem um indivíduo (filho?) de um feirante que vinha sempre às Festas de Verão (de quem não sei o nome). Ao meio, com a bandeja, está o rapaz que era colega de tropa do Júlio (de quem não sei o nome). Depois, atrás, e sempre no sentido indicado, está o Júlio, estou eu, o José Joaquim Roque Henriques (o Coluna), infelizmente já falecido. A seguir o Francisco Vitório (Chico da Mercês ou Chico Guião). Há ainda um outro personagem que mal se vê e por isso não se sabe quem é.
Antes de terminar deixem-me ainda que vos diga que a surpresa, embora não tendo sido total foi, isso sim, muitíssimo saborosa! Obrigado, Luzita e beijinhos!

Luzita Candeias (foto)

José Barroso (texto)

3 comentários:

Anônimo disse...

É verdade que não se pode definir, mas concordo com alguém que disse que “O tempo é aquilo que fazemos com ele”. É por isso que às vezes me zango comigo por ser tão preguiçosa ou perder tanto tempo a fazer coisas que nem sequer me dão prazer.
Quanto à fotografia, uma maravilha, para além do valor histórico! Também já nem me lembrava de alguns dos figurantes, embora sejam todos da minha criação.
O GEGA terá o maior espólio deste tipo de documentos da nossa terra. Por altura da festa de São Vicente e São Sebastião expôs uma série delas, todas lindíssimas. Era ver o entusiasmo de toda a gente a tentar reconhecer as pessoas e as situações fotografadas! É uma pena que esses e outros documentos não estejam mais acessíveis a quem os quiser ver porque, afinal de contas, são de todos nós…

M. L. Ferreira

Tó Sabino disse...

Só para corrigir e dar o seu a seu dono,a foto é da minha autoria e foi feita no café da minha irmâ Tomásia, no início dos anos setenta. Os objectos pendurados na parede, lembro-me do desenho que tem um burro e que foi feito por uma sobrinha minha. Pelo menos é esta a recordação que tenho deste momento. Passem bem.

Tó Sabino disse...

Esqueci-me de fazer um comentário ao que disse M. L. Ferreira. O Gega tem algum espólio fotográfico das memórias de São Vicente da Beira, mas a maior parte é da minha autoria, desde fotos, filmes e sons. O que foi recolhido pelo João Paulino e por mim junto dos vicentinos, foi todo digitalizado e tratado por mim com muitos anos de trabalho e dedicação, trabalho este que é esquecido e ignorado propositadamente por muita gente, sabemos nós bem porquê. Quanto à acessibilidade, acaba sempre por ser um problema. Há muita gente que ignora, deturpa, calunia, impede, mas depois à sucapa usam e abusam do que não é deles. É por isto que o que é meu, vai acabar por continuar a desaparecer. Assim impeço que quem me tem marginalizado, caluniado, ignorado, etc, possa um dia vir a servir-se do que tanto trabalho me deu a recolher e a tratar. Mas atenção, antes de me julgarem a mim, julguem quem vocês sabem que ao longo destes anos todos, têm ignorado e tentado acabar com o GEGA e a mim. Passem bem.