Carlos Moreira
Carlos Moreira nasceu em São Vicente da
Beira no dia 10 de novembro de 1892. Era filho de Francisco Moreira, criado de
servir, e Perpétua Maria, residentes na rua do Convento.
Assentou praça em 12 de julho de 1912
e, presente no Regimento de Infantaria 21, foi incorporado no 2.º Batalhão, no
dia 14 de janeiro de 1913.
Foi licenciado em 1 de maio de 1913,
por ter concluído a instrução da recruta, e regressou à terra. Nessa altura,
era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro.
Foi novamente convocado em setembro
desse ano, mas não se apresentou na sua unidade dentro do prazo estabelecido,
possivelmente porque já teria mudado a residência para Águeda e não terá
recebido a convocatória atempadamente. Por este facto foi acusado do crime de
deserção. Na sua folha de matrícula, não é referida a data em que se apresentou,
nem a punição que sofreu, pelo que pode significar que foi ilibado.
Em 24 de maio de 1915, passou ao
Regimento de Infantaria n.º 28, de Águeda.
Voltou a ser convocado em 17 de abril
de 1916, e foi mobilizado para a província de Moçambique, para onde seguiu em
24 de junho integrado na 3ª Expedição enviada para aquele território. Terá
participado nas operações que tinham como objetivo ultrapassar as margens do
rio Rovuma, para norte, e ocupar alguns postos que estavam na posse dos
alemães.
Regressou à Metrópole em agosto de 1918,
e desembarcou em Lisboa no dia 5 de outubro. Após ter sido licenciado, em 1 de
julho de 1919, regressou a Águeda onde ficou a residir.
Passou ao Regimento de Infantaria de
Reserva n.º 28, em 31 de dezembro de 1922, à reserva ativa, em 31 de dezembro
de 1926, e à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1933.
Condecorações:
· Medalha de cobre
comemorativa das campanhas em Moçambique.
Família:
Carlos Moreira casou com Ângela
Madeira, na Conservatória do Registo Civil de Águeda, no dia 10 de outubro de
1925. O casal viveu na Borralha, onde Carlos Moreira trabalhava como motorista
e feitor do Conde. Foi lá que lhes nasceram os dois filhos que tiveram:
1.
João Moreira, que faleceu com 11 anos de idade;
2.
Maria de Fátima Moreira, que casou com Ângelo Miranda e tiveram duas
filhas.
Vinha frequentemente à terra, principalmente quando
tinha que conduzir o Conde da Borralha nas suas deslocações a S. Vicente da
Beira. Um dos sobrinhos, Albino Moreira, lembra-se desses tempos e conta que «era uma alegria para a família quando ele cá
chegava. E então para nós, os sobrinhos, estávamos sempre desertos que ele cá
viesse porque nos “convidava” sempre a todos com vinte e cinco tostões. Era
dinheiro, naquele tempo; e se nós já éramos muitos!...». Durante muitos
anos veio também com a mulher e os filhos, mas, a pouco e pouco, à medida que
foram morrendo os familiares mais próximos, os contactos foram rareando.
Sobre o tempo da guerra, a filha Maria de Fátima
diz que se lembra de o ouvir contar que «… passaram
por lá muitos maus bocados, principalmente por causa da fome e da sede. Muitas
vezes o que lhes valia era a água da chuva que ficava nas poças que as patas dos
elefantes deixavam no chão».
Quem o conheceu, diz que era um homem bom,
trabalhador e muito generoso. Carlos Moreira faleceu no dia 14 de junho de
1975. Tinha 82 anos.
(Pesquisa feita com a colaboração da filha Maria de
Fátima Moreira e do sobrinho Albino Moreira)
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
Nenhum comentário:
Postar um comentário