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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Carlos Moreira


Carlos Moreira nasceu em São Vicente da Beira no dia 10 de novembro de 1892. Era filho de Francisco Moreira, criado de servir, e Perpétua Maria, residentes na rua do Convento.
Assentou praça em 12 de julho de 1912 e, presente no Regimento de Infantaria 21, foi incorporado no 2.º Batalhão, no dia 14 de janeiro de 1913.

Foi licenciado em 1 de maio de 1913, por ter concluído a instrução da recruta, e regressou à terra. Nessa altura, era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro.
Foi novamente convocado em setembro desse ano, mas não se apresentou na sua unidade dentro do prazo estabelecido, possivelmente porque já teria mudado a residência para Águeda e não terá recebido a convocatória atempadamente. Por este facto foi acusado do crime de deserção. Na sua folha de matrícula, não é referida a data em que se apresentou, nem a punição que sofreu, pelo que pode significar que foi ilibado.
Em 24 de maio de 1915, passou ao Regimento de Infantaria n.º 28, de Águeda.







Voltou a ser convocado em 17 de abril de 1916, e foi mobilizado para a província de Moçambique, para onde seguiu em 24 de junho integrado na 3ª Expedição enviada para aquele território. Terá participado nas operações que tinham como objetivo ultrapassar as margens do rio Rovuma, para norte, e ocupar alguns postos que estavam na posse dos alemães.
Regressou à Metrópole em agosto de 1918, e desembarcou em Lisboa no dia 5 de outubro. Após ter sido licenciado, em 1 de julho de 1919, regressou a Águeda onde ficou a residir.
Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva n.º 28, em 31 de dezembro de 1922, à reserva ativa, em 31 de dezembro de 1926, e à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1933.
Condecorações:
·      Medalha de cobre comemorativa das campanhas em Moçambique.
Família:
Carlos Moreira casou com Ângela Madeira, na Conservatória do Registo Civil de Águeda, no dia 10 de outubro de 1925. O casal viveu na Borralha, onde Carlos Moreira trabalhava como motorista e feitor do Conde. Foi lá que lhes nasceram os dois filhos que tiveram:
1.    João Moreira, que faleceu com 11 anos de idade;
2.    Maria de Fátima Moreira, que casou com Ângelo Miranda e tiveram duas filhas.
Vinha frequentemente à terra, principalmente quando tinha que conduzir o Conde da Borralha nas suas deslocações a S. Vicente da Beira. Um dos sobrinhos, Albino Moreira, lembra-se desses tempos e conta que «era uma alegria para a família quando ele cá chegava. E então para nós, os sobrinhos, estávamos sempre desertos que ele cá viesse porque nos “convidava” sempre a todos com vinte e cinco tostões. Era dinheiro, naquele tempo; e se nós já éramos muitos!...». Durante muitos anos veio também com a mulher e os filhos, mas, a pouco e pouco, à medida que foram morrendo os familiares mais próximos, os contactos foram rareando.
Sobre o tempo da guerra, a filha Maria de Fátima diz que se lembra de o ouvir contar que «… passaram por lá muitos maus bocados, principalmente por causa da fome e da sede. Muitas vezes o que lhes valia era a água da chuva que ficava nas poças que as patas dos elefantes deixavam no chão».
Quem o conheceu, diz que era um homem bom, trabalhador e muito generoso. Carlos Moreira faleceu no dia 14 de junho de 1975. Tinha 82 anos.
(Pesquisa feita com a colaboração da filha Maria de Fátima Moreira e do sobrinho Albino Moreira)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"