A informação que me deram estava errada, tal como me avisou o João Craveiro. A casa desta janela não foi comprada pela inglesa a viver no Ribeiro Dom Bento. Terá sido uma das hipóteses e por isso a pessoa com quem falei julga que o negócio se consumou, mas de facto ela comprou na rua do Eiró (duas casinhas a seguir à do Zé Teté).
O meu obrigado ao João, pelo reparo.
Mas voltando a esta janela manuelina. Desconheço se há alguma igual na Beira Baixa, mas é possível que não. A casa terá sido de Manuel Lopes Guerra, no século XIX, familiar dos Simões, que por via feminina deram origem à Casa Cunha. Mas porquê uma janela do século XVI aqui?
No século XVIII, o palácio dos Costa (do século XV/XVI), situado mesmo ao lado da casa da Câmara, no sítio da casa que foi de Dona Bárbara, já estava arruinado e é possível que nessa altura alguns elementos decorativos se tenham espalhado pela Vila.
Aliás, o nosso espólio artístico gótico-manuelino e renascentista é muito significativo! Algum é visível/conhecido, mas outro não. Eu afirmo que é valioso, porque já o conheço bastante bem, graças a uma visita que me fizeram as técnicas que recuperaram a arte sacra a integrar no futuro museu. Faço votos para que todos o possamos conhecer em breve!!!
Nota: Esta publicação foi alterada no dia 15 de janeiro.
José Teodoro Prata
5 comentários:
A "arte manuelina" é um estilo arquitetónico, alegadamente português, mas que usa muito do gótico e acrescenta outros motivos, muitos ligados ao mar e a cruz de Cristo, que mais ninguém usou (o nome tem origem no rei português, D. Manuel I, séc. XVI).
Penso que nos edifícios privados os estilos arquitetónicos não foram (são) tão evidentes porque não foram tão poupados como os religiosos; até porque eram menos importantes e imponentes (um especialista, porém, dirá). Na vila, há resquícios deste estilo: a janela da ti' Maria do Carmo e o edifício da antiga câmara (que tem na parede exterior a esfera armilar que fazia parte das armas do referido rei D. Manuel I). Não sei se haverá mais algum sinal do manuelino. Em todo o caso, tirando os dois exemplos referidos, alguns solares e as igrejas e capelas, a arquitetura na vila é particular e comum. Logo, pequena e relativamente antiga. Por isso, à parte o património público e da Igreja, julgo que não há nada da idade média, porque não podia chegar aos nossos dias. A não ser, talvez, umas lojas desconhecidas de algumas casas, sobre as quais, sucessivamente, foram sendo feitas reconstruções. De qualquer modo, o conjunto dessa construção mais antiga, associada às ruas estreitas, tem algum interesse porque comprova um tipo de vila medieval. Com os tempos modernos, cada vez desaparece mais esse sinal. Mas acho que recentemente passou a haver regras diferentes, precisamente para conservar essa marca. É preciso reconstruir sem deixar de preservar.
Abraços, hã!
JB.
Penso que, em tempos, já alguém tinha querido comprar esta casa, mas os entraves que puseram às obras que pretendiam e necessitavam fazer eram tantos, que acabaram por desistir.
Que bom que agora tenha sido vendida, em vez de a deixarem cair, com está a acontecer com outras, principalmente no Cimo de Vila! O comprador deve ser alguém com conhecimento e sensibilidade para preservar o que merece ser mantido. E a janela é uma preciosidade.
Quem diz que a casa foi vendida à Inglesa não sabe do que fala. Essa pessoa nunca se mostrou interessada perante o meu irmão para comprar a casa.
Abraços. João Maria CRAVEIRO
Afinal, não é assim tão claro.
Em finais do século XIX esta casa terá pertencido aos meus bisavós maternos, Joaquim Inácio e Mariana dos Santos, e foi lá que nasceram os muitos filhos que tiveram. Coube depois em herança a uma das filhas, a Maria do Carmo e, pelos visto, mantém-se na família.
Sobre janelas manuelinas, existe ao fundo da mesma rua Manuel Lopes uma casa (está nesta altura habitada pelo Domingos (?))que sobre a janela principal tem uma pedra com a data de 1271. É possível que tenha sido trazida de outro local para ali, mas, pela localização, é provável que esta casa seja uma das mais antigas da Vila.
Na rua de São francisco, por cima dum portão que, penso, dá acesso ao quintal da casa que pertenceu ao senhor João de Sousa, também há uma pedra que parece ter sido trazida de outro sítio e colocada ali passados muitos anos. E deve haver muitos outros exemplos, enterrados ou escondidos.
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