sábado, 16 de janeiro de 2021

Vicentinos ilustres

 D. João de Deus Ramalho

VIDA E OBRA

- Nasceu em S. Vicente da Beira, no ano de 1890, sendo batizado com o nome de João.

- Era filho de João José Ramalho, alfaiate, e de Antónia do Carmo, ambos naturais de S. Vicente da Beira.

- Entrou para a Companhia de Jesus, em 1906, frequentando o Colégio de Nossa Senhora dos Anjos, em Torres Vedras.

- Foi preso em Caxias, após a Implantação da República.

- Prosseguiu os estudos na Holanda, Inglaterra, Espanha e França e foi professor em Itália e Espanha.

- Celebrou a primeira missa, em Deusto, Bilbau, Espanha, no ano de 1921.

- Começou a trabalhar na parte chinesa da diocese de Macau, em 1924.

- Fundou, em 1926, a revista “Ecos da Missão em Shiuhing”, que dirigiu até 1942.

- Foi declarado cidadão honorário da cidade de Shuihang, pelos cuidados de enfermagem que prestou às vítimas da invasão japonesa.

- Tornou-se Bispo de Macau, em 1942, cargo que exerceu até 1953.

- Organizou, em Macau, uma rede de acolhimento aos refugiados da Segunda Guerra Mundial e mais tarde da Guerra Civil Chinesa.

- Faleceu em São Vicente da Beira, no ano de 1958.

José Teodoro Prata

3 comentários:

José Barroso disse...

Quando faço um comentário pelo telemóvel, dá sempre asneira, com texto incompleto, mais possibilidade de gralhas, etc...; mas não é o caso de hoje.
Já foi aqui publicado este post (ou um idêntico) sobre esta figura de S. Vicente da Beira. É um homem que, pela sua vida e obra, ganhou dignidades de constar, por exemplo, em todas(?) as enciclopédias, que eram o meio de consulta antes da Internet.
É sempre de louvar uma pessoa que se dedicou à causa dos outros. É certo que, na altura, um jovem sonhador, mais ou menos idealista e com vontade de correr mundo, não tinha muitas maneiras de o fazer com apoio, a não ser através das missões da Igreja Católica. Por isso, percebemos que quem o fazia, sem esse apoio, podia acontecer-lhe (ainda que em época muito anterior) o que aconteceu ao Fernão Mendes Pinto que, diz ele, foi "sete vezes cativo e dessassete vendido"; pese embora sempre pairasse sobre o que ele disse, algumas dúvidas...
É claro que toda a gente tem defeitos. Há aquela história dos militares vicentinos que estiveram em macau que o foram visitar e nem um copo de água lhes foi oferecido! E então naquela é poca! Na tropa, o "shop-shop" (que, à rasca, se pode traduzir por morfar, comer, libar), nunca foi bom, mas naquela altura, então, faço ideia!
Lembro-me bem de duas coisas, em 1958, na Vila, (tinha seis anos), porque foram marcantes: uma foi a morte e o funeral deste bispo nosso conterrâneo; a outra foram as eleições com o Humberto Delgado. O funeral de D. João (uso o epíteto "D.", porque entendo que é por mérito de vida; recuso-me, porém, a tratar por "D." os indivíduos de linhagem), o funeral, dizia, trouxe a S. Vicente da Beira uma concentração de padres e bispos nunca vista! Tudo isto, apesar da miséria das estradas que tínhamos em Portugal! Nessa manhã, até aviões havia a sobrevoar a povoação! O corpo, com as vestes episcopais, foi a descoberto na urna, o que nunca foi, nem é usual nas pessoas comuns. Ficou depositado no jazigo de família, onde ainda hoje se encontra. Ouvi dizer que, em certa altura, depois de muitos anos, a urna terá sido aberta para verificar as ossadas, mas não tenho a certeza disso...
Enfim, sabemos apenas que mais um de nós entrou na Eternidade, seja ela o que for; e também sabemos que, lá, a mentira não tem lugar!
Abraços, hã!
JB

José Teodoro Prata disse...

De facto já aqui foi publicado um artigo muito semelhante, também sobre D. João de Deus.
"Repeti-o", porque estas publicações dizem respeito a uma série de uma exposição que também incluía o nosso bispo de Macau.
A série termina com ele. E para além destes, que se foram da lei da morte libertando?

M. L. Ferreira disse...

De facto, os missionários jesuítas tiveram uma presença quase constante (provavelmente só interrompida nos períodos em que a Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal) na evangelização dos povos dos territórios ocupados no tempo da exploração marítima.
Li recentemente o livro “Cartas do Tibete” que narra a missão de António de Andrade, um padre jesuíta, natural de Oleiros, que nos anos de 1624 a 1633, viajou de Goa ao Tibete, atravessando os Himalaias. A narrativa é tão fantástica que parece inverosímil, principalmente quando fala dos créditos e mordomias que lhe eram dados, até pelo rei e pela rainha. Várias vezes me vieram à cabeça as histórias do Fernão Mendes Pinto, e o trocadilho que, na escola, fazíamos com o nome dele.
A verdade é que essas missões não terão tido grande sucesso porque, salvo algumas exceções, a religião católica não tem grande significado na maior desses territórios.