D. João de Deus Ramalho
VIDA E OBRA
- Nasceu em S. Vicente da Beira, no ano de
1890, sendo batizado com o nome de João.
- Era filho de João José Ramalho,
alfaiate, e de Antónia do Carmo, ambos naturais de S. Vicente da Beira.
- Entrou para a Companhia de Jesus, em
1906, frequentando o Colégio de Nossa Senhora dos Anjos, em Torres Vedras.
- Foi preso em Caxias, após a Implantação
da República.
- Prosseguiu os estudos na Holanda, Inglaterra,
Espanha e França e foi professor em Itália e Espanha.
- Celebrou a primeira missa, em Deusto, Bilbau,
Espanha, no ano de 1921.
- Começou a trabalhar na parte chinesa da
diocese de Macau, em 1924.
- Fundou, em 1926, a revista “Ecos da
Missão em Shiuhing”, que dirigiu até 1942.
- Foi declarado cidadão honorário da
cidade de Shuihang, pelos cuidados de enfermagem que prestou às vítimas da
invasão japonesa.
- Tornou-se Bispo de Macau, em 1942, cargo
que exerceu até 1953.
- Organizou, em Macau, uma rede de
acolhimento aos refugiados da Segunda Guerra Mundial e mais tarde da Guerra
Civil Chinesa.
- Faleceu em São Vicente da Beira, no ano
de 1958.
José Teodoro Prata
3 comentários:
Quando faço um comentário pelo telemóvel, dá sempre asneira, com texto incompleto, mais possibilidade de gralhas, etc...; mas não é o caso de hoje.
Já foi aqui publicado este post (ou um idêntico) sobre esta figura de S. Vicente da Beira. É um homem que, pela sua vida e obra, ganhou dignidades de constar, por exemplo, em todas(?) as enciclopédias, que eram o meio de consulta antes da Internet.
É sempre de louvar uma pessoa que se dedicou à causa dos outros. É certo que, na altura, um jovem sonhador, mais ou menos idealista e com vontade de correr mundo, não tinha muitas maneiras de o fazer com apoio, a não ser através das missões da Igreja Católica. Por isso, percebemos que quem o fazia, sem esse apoio, podia acontecer-lhe (ainda que em época muito anterior) o que aconteceu ao Fernão Mendes Pinto que, diz ele, foi "sete vezes cativo e dessassete vendido"; pese embora sempre pairasse sobre o que ele disse, algumas dúvidas...
É claro que toda a gente tem defeitos. Há aquela história dos militares vicentinos que estiveram em macau que o foram visitar e nem um copo de água lhes foi oferecido! E então naquela é poca! Na tropa, o "shop-shop" (que, à rasca, se pode traduzir por morfar, comer, libar), nunca foi bom, mas naquela altura, então, faço ideia!
Lembro-me bem de duas coisas, em 1958, na Vila, (tinha seis anos), porque foram marcantes: uma foi a morte e o funeral deste bispo nosso conterrâneo; a outra foram as eleições com o Humberto Delgado. O funeral de D. João (uso o epíteto "D.", porque entendo que é por mérito de vida; recuso-me, porém, a tratar por "D." os indivíduos de linhagem), o funeral, dizia, trouxe a S. Vicente da Beira uma concentração de padres e bispos nunca vista! Tudo isto, apesar da miséria das estradas que tínhamos em Portugal! Nessa manhã, até aviões havia a sobrevoar a povoação! O corpo, com as vestes episcopais, foi a descoberto na urna, o que nunca foi, nem é usual nas pessoas comuns. Ficou depositado no jazigo de família, onde ainda hoje se encontra. Ouvi dizer que, em certa altura, depois de muitos anos, a urna terá sido aberta para verificar as ossadas, mas não tenho a certeza disso...
Enfim, sabemos apenas que mais um de nós entrou na Eternidade, seja ela o que for; e também sabemos que, lá, a mentira não tem lugar!
Abraços, hã!
JB
De facto já aqui foi publicado um artigo muito semelhante, também sobre D. João de Deus.
"Repeti-o", porque estas publicações dizem respeito a uma série de uma exposição que também incluía o nosso bispo de Macau.
A série termina com ele. E para além destes, que se foram da lei da morte libertando?
De facto, os missionários jesuítas tiveram uma presença quase constante (provavelmente só interrompida nos períodos em que a Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal) na evangelização dos povos dos territórios ocupados no tempo da exploração marítima.
Li recentemente o livro “Cartas do Tibete” que narra a missão de António de Andrade, um padre jesuíta, natural de Oleiros, que nos anos de 1624 a 1633, viajou de Goa ao Tibete, atravessando os Himalaias. A narrativa é tão fantástica que parece inverosímil, principalmente quando fala dos créditos e mordomias que lhe eram dados, até pelo rei e pela rainha. Várias vezes me vieram à cabeça as histórias do Fernão Mendes Pinto, e o trocadilho que, na escola, fazíamos com o nome dele.
A verdade é que essas missões não terão tido grande sucesso porque, salvo algumas exceções, a religião católica não tem grande significado na maior desses territórios.
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