segunda-feira, 15 de março de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Francisco Marques Candeias

Não foram encontrados quaisquer documentos, nomeadamente o registo de batismo, que pudessem acrescentar alguma informação sobre Francisco Marques Candeias. Sabe-se apenas o que consta do seu boletim individual do CEP:

a)   Nasceu em São Vicente da Beira e era filho de António Marques Candeias e Manuela da Circuncisão;

b)   Já era órfão de pai, quando embarcou para França, e a mãe residia em Castelo Branco;

c)    Embarcou em Lisboa, no dia 21 de janeiro de 1917, integrado na 1ª Brigada de Infantaria, 2.º Batalhão, do Regimento de Infantaria 21. Tinha o posto de soldado corneteiro, com o nº 499 e a chapa de identidade nº 8751;

d)   Baixou à Ambulância n.º 3, em 19 de abril de 1917;

a)   Julgado incapaz para qualquer serviço e de angariar os meios de sobrevivência, em sessão de 28 de abril de 1917, foi evacuado para Portugal.



Não há registo da data de chegada de Francisco Marques Candeias a Lisboa, nem foi encontrada a sua folha de matrícula, pelo que é possível que tenha falecido ainda antes ou logo após o seu regresso a Portugal, e nem tenha regressado à terra.


Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

3 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Há casos assim, de pessoas que parece terem nascido num lado errado da vida. Comeu o pão que o diabo amassou e desapareceu sem deixar rasto.
Terá sido ferido logo num dos primeiros combates em que participaram os portugueses ou adoeceu pouco depois de chegar chegada, talvez devido aos frios húmidos da zona de Lille.

José Barroso disse...

Dramático! Um jovem com 20 anos, sem pai, ferido e depois, provavelmente, morto! Em todo o caso, sem serem suficientemente esclarecedoras, as fontes dizem que ficou incapacitado de angariar meios próprios de subsistência! Se sobrevivesse teria, talvez, uma pensão como o Francisco Tavares.
Mas neste caso, é tudo muito escasso para fazer conjeturas.
Não é ususal haver um nome como o da mãe deste soldado vicentino da Grande Guerra: Manuela da Circuncisão!
Abraços, hã!
JB

M. L. Ferreira disse...

No contexto de guerra, pandemia, pobreza, e desorganização como a que se vivia em Portugal na altura, parece quase milagre como ainda houve tanta informação que chegou até nós sobre o que se passou naquele tempo.
Ouvi e li relatos de documentação espalhada no chão dos navios que transportavam os militares de regresso a Portugal, por isso é mais que provável que muita coisa se perdeu, incluindo alguns registos de óbito, se é que se faziam convenientemente. Não foram muitos os casos, mas achei muito estranho que nas respetivas terras de origem, não se soubesse nada de militares que tinham partido para França ou África e de quem, depois, não havia nenhuma memória. Terão morrido, quase de certeza, antes de chegarem à terra ou pouco depois. Foi o caso do Francisco Jerónimo, cuja família acreditava que tivesse ficado em África ou tivesse ido para o Brasil, mas, quase por acaso, descobrimos que tinha falecido no Hospital de Misericórdia, vítima de pneumonia (pneumónica?), em 1918.
E sobre as pensões, há muitos relatos que dizem que só as recebia quem se soubesse mexer. Por cá, foi o caso do senhor Francisco Tavares, Manuel da Silva e poucos mais. Houve outros que vieram cheios de mazelas físicas e psicológicas e nunca receberam nada, levando vidas de miséria.
Sobre este Francisco Marques candeias, é provável que os pais, ou apenas a mãe, não fossem de São Vicente, até porque, depois de viúva, ela foi viver para Castelo Branco.