A pandemia tem destas coisas. Já praticamente esgotara o que ler, quando descobri, de entre os livros da minha filha, um sobre as origens das atuais grandes religiões do Mundo. É curioso que todas elas definiram os seus princípios-base na mesma época, séculos VII a IV antes de Cristo, período designado por Era Axial.
Em cada capítulo apresenta-se a evolução ideológica de cada religião, todas asiáticas exceto uma, curiosamente a única laica: a filosofia grega. Na ânsia de perceber muitas coisas, apenas li as partes referentes ao judaísmo e à filosofia grega, mas no final fui presenteado com uma síntese de todas as grandes religiões, curiosamente quase iguais umas às outras.
Houve momentos traumáticos, como aquele em que descobri que os hebreus eram semitas autótones da Palestina e não originários da cidade de Ur, no sul do atual Iraque, de onde partira o patriarca Abraão. E não é que os hebreus nunca passaram aqueles séculos no Egito, de onde foram resgatados por Moisés? Os egípcios oprimiram-nos, sim, mas porque conquistaram a Palestina e a governaram durante muito tempo. Num caso e no outro, os livros de História continuam a contar histórias aos alunos...
A coisa boa foi a recuperação do Sócrates como o grande pensador dos valores da civilização dita ocidental. Afinal aquele homem humilde, feio, mal vestido, valeu muito mais do que o seus grandes discípulos Platão e Aristóteles. O Platão estragou logo tudo ao separar as ideias da realidade concreta, o que veio a provocar muitas desgraças e sofrimento à Humanidade.
Deixo-vos a imagem da última página:
José Teodoro Prata
2 comentários:
Às vezes parece pressentir-se um grande desígnio na história da humanidade. Isto porque a Era Axial, como a Era das Pirâmides, surgiu também numa altura próxima. E que comunicação havia entre o Egipto e os Andes? Que se saiba nenhuma, para os que não acreditam nos extraterrestres. Esta concomitância pode significar que a evolução da consciência se dá no Planeta, mais ao menos na mesma época, em espaços e raças distintas. Apesar das trevas, que persistem no coração humano e do novo período de incerteza e servição em que vivemos (relativamente ao capitalismo financeiro), no global as coisas estão a melhorar. Se lembrarmos que em 1800 cerca de 80% da população mundial vivia numa pobreza absoluta. Os níveis de escolaridade, escravidão real, cuidados de saúde e a esperança média de vida, que havia, ainda há duzentos e poucos anos, é visível a evolução global das coisas. Será que há algures no futuro uma verdadeira idade do ouro para a humanidade? Será que podemos ter esperança? Pelo menos não devemos deixar que o desanimo nos invada a alma, apesar dos momentos devastadores que, por vezes, atravessamos tanto a nível pessoal, como coletivo. Haja esperança…
FB
Nunca me debrucei verdadeiramente sobre este tema das religiões, mas quando leio alguma coisa sobre o assunto tenho, de facto, muitas vezes a sensação de que me estão a contar uma história e não a narrar um facto histórico. É como se aquilo que chegou até nós, sobretudo pelo Antigo Testamento, fosse uma compilação de lendas e mitos dos povos antigos. Era interessante (por vezes medonho) quando éramos crianças e nos falavam dessas coisas na catequese, mas depois deixou de fazer sentido, ou pelo menos criou muitas dúvidas e terá contribuído para que muita gente se afastasse da Igreja.
O texto final do livro, por abordar questões tão importantes e sempre atuais, é fabuloso, principalmente quando fala do respeito, da compaixão, do altruísmo, do saber olhar para as coisas do ponto de vista do outro. É difícil nas nossas relações pessoais, mas sobretudo a nível mais geral, como muito bem se tem visto neste momento trágico que o mundo vive: cada país dos mais ricos começa a olhar apenas para dentro das próprias fronteiras, açambarcando tudo o que podem, e para os mais pobres enviam apenas aquilo que sobra e não lhes faz falta. Não aprendemos nada com a História e continuamos a fazer caridadezinha…
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