Já aqui escrevi que o problema das candidaturas independentes às eleições autárquicas é deixarem órfãos os seus eleitos, caso não vençam. Não sei se isto vai acontecer aos eleitos do Sempre e do MDT (que serviu de barriga de aluguer ao movimento criado pelo Rui Amaro Alves), mas o que me está a preocupar é a oposição obstinada dos líderes do Sempre a tudo o que a maioria socialista faz na Câmara.
E preocupa-me, porque todos
sabemos que os melhoramentos mais significativos que se fazem nas freguesias
são pagos diretamente pelas câmaras ou indiretamente através de projetos
elaborados por elas, em estreita articulação com as juntas de freguesia.
Ora as notícias veiculadas pela
comunicação social da última reunião da Câmara de Castelo Branco são para nós
vicentinos inquietantes, pois mostram que a postura negativa do Sempre veio
para ficar.
O ex-presidente da Câmara, Luís
Correia, questionou o atual presidente da Câmara com questões técnicas sobre a
possível construção da barragem do Alvito, sabendo que ele não poderia ter
respostas às suas perguntas, pelo tempo insuficiente que tem como presidente e sobretudo
porque a barragem, a ser construída, será da responsabilidade do poder central.
Esta postura é mais uma tentativa saloia de insinuar a incompetência do atual
presidente da Câmara, a mesma atitude arrogante que um alto responsável do seu movimento
já tivera no período pré-eleitoral.
O problema levantado pelo vereador
do Sempre Jorge Pio é para nós muito preocupante e é já consequência da postura
do seu líder que atrás revelei. Os agrupamentos de escola têm como órgão máximo
o Conselho de Escola, onde têm assento membros da comunidade, alguns deles
representantes da autarquia. Sei que o João Benevides Prata foi durante anos um
dos representantes da Câmara, pela sua qualidade de presidente da junta de uma
das freguesias onde se situa uma das principais escolas do agrupamento.
Desconheço se o Vítor Louro desempenhou o mesmo cargo. O Jorge Pio denunciou do
facto do nosso presidente da junta, João Filipe Goulão, eleito pelo Sempre, não
ter sido aceite pela maioria socialista para membro do Conselho de Escola do Agrupamento
de Alcains e São Vicente.
Isto é muito preocupante, pois
não teremos quem diretamente defenda os interesses de São Vicente no órgão
máximo do agrupamento de escolas e porque teremos pela frente anos de
marginalização, se as coisas continuarem como estão agora. Acabo de ler um
comunicado do Sempre, publicado do Diário Digital, que usa o nosso caso para
acentuar a guerrilha entre o Sempre e o PS.
Optei por me afastar a política
partidária, por isso procuro analisar o caso com isenção e a única dor que
sinto é a possível menorização da nossa freguesia, nos próximos anos. Para mim,
o pecado não está em termos uma junta do Sempre, que tem pessoas dinâmicas que
poderão vir a realizar um bom trabalho. O problema será se a atitude do Sempre
se mantiver e se os seus eleitos das freguesias, nomeadamente da nossa junta de
freguesia, tiverem continuamente uma atitude de oposição sistemática à Câmara.
Luís Correia pensa que esta atitude negativa serve os seus interesses futuros
de reconquista da Câmara, mas o vereador João Belém, do PSD, tem uma estratégia
completamente oposta e também está a defender os seus interesses partidários.
Não queria estar na pele do
Filipe Goulão, dividido entre os interesses do líder do Sempre e os interesses
da freguesia que representa. A maioria que gere atualmente a nossa freguesia
tem pela frente um grande desafio: qual o caminho a escolher nesta encruzilhada?
Há quatro caminhos e o futuro nos dirá se escolheu o melhor para a nossa
freguesia.
José Teodoro Prata
2 comentários:
Esta já era uma situação que prevíamos mesmo antes das eleições, o que, em parte e com alguma razão, justifica a ideia populista de que quem anda na luta política está mais preocupado em colher benefícios partidários e pessoais do que servir os eleitores.
Não tenho acompanhado muito o que se passa na Câmara de Castelo Branco (também é tudo muito recente…), mas, pelo que tenho lido, os bons não estão todos de um só lado e os vilões todos no outro. O que aconteceu com a rejeição do nome do João Filipe Goulão para integrar o Concelho de Escola do Agrupamento pode ser exemplo da tentativa de menorização das freguesias que não votaram maioritariamente PS.
Apesar de tudo não estou muito pessimista porque, segundo dizem, o presidente da autarquia será uma pessoa honesta e o presidente da nossa junta é alguém que sabe bater o pé. Oxalá saiba fazê-lo com calma e bom senso.
Não há bons, nem maus.
A política é um "jogo" em que cada um defende os interesses que melhor lhe parecem. A diferença está em quais os interesses que se defendem, se mais os pessoais ou mais os da comunidade. E depois como se defendem.
A nomeação para este Conselho de Escola nada teve a ver com menorização de freguesias, penso que foi antes um episódio do jogo de forças que se está a travar entre o PS e o Sempre.
Tenho andado a pensar no assunto e talvez o Prata tenha continuado no Conselho de Escola depois de sair da junta e lá estivesse mais por ser da terra e antigo diretor do que por ser presidente da junta. Não tenho dados, nem agora interessam, pois sou um bocado institucionalista e acho que são as instituições mais do que as pessoas singulares que devem estar representadas em certos órgãos. Por isso lamento que a atitude do Sempre face à maioria da Câmara tenha inviabilizado a nomeação do Filipe para o órgão. Mas isto é um medir de forças, natural nesta fase inicial. Penso que depois tudo correrá bem.
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