José Pires Lourenço
VIDA E OBRA
- Nasceu na Póvoa da Atalaia, em 1891.
- Era filho de António Lourenço e Maria Vitória, naturais e residentes na Póvoa da Atalaia.
- Entre 1905 e 1909, trabalhou como ajudante de feitor agrícola, nas Zebras, em casa de Albano Caldeira.
- Aos 14 anos, a antologia «Poesias Selectas» revelou-lhe a paixão da sua vida: a poesia.
- Em 1920, casou com Palmira Ribeiro de Azevedo, natural de S. Vicente da Beira.
- De 1909 a 1926, viveu na Borralha, na casa mãe dos condes da Borralha.
- No ano de 1926, fixou-se em S. Vicente da Beira, como feitor da Casa Conde.
- Viveu na rua do Convento, em solar de 1888, construído no local do antigo convento das Religiosas Franciscanas.
- Foi poeta durante toda a vida, mesmo depois de cegar, em 1957. Ditava os versos ao filho António Lourenço Azevedo ou a quem lhos pedia. Reuniu a sua poesia em dois volumes que nunca publicou.
- Colaborou nos jornais «Voz do Santuário», «Beira Baixa» e «Pelourinho».
- Faleceu em S. Vicente da Beira, no ano de 1970. Lá por eu em S. Vicente / Não ser nado nem criado, / Espero sinceramente / De ser aqui sepultado.
Ao meu livro
(petição)
Ó livro dos meus amores,
Ó meu leal companheiro,
Alívio p´ras minhas dores,
Meu amigo verdadeiro.
Encontro em ti as doçuras
Que não tem qualquer amigo,
Quantos dias de amarguras
Eu só distraio contigo.
Tu és o meu confidente
Só em ti encontro calma,
Tens, em teus versos, pendente
Aos pedaços a minha alma.
Quantas vezes refletindo
Em tristes horas desertas
Me vai o pranto caindo
Nas tuas folhas abertas!
No teu conteúdo se encerra,
N´uma grande saudade,
Os sonhos de alta quimera
Que sonhei na mocidade
Toda a tua cantilena
Foi feita por minha mão,
Tendo, no bico da pena,
O meu próprio coração.
Como amigo que sou teu
Pedir-te um favor queria,
Se eu fosse livro e tu eu,
Eu também te atenderia.
Peço me não desampares
(Somos amigos diletos)
Se eu morrer e tu ficares
Diz cá meu nome aos meus netos.
Fazes-me isso, ora diz?
Prometes de assim fazer?
O nome deste infeliz
Só tu lho podes dizer.
E p´ra estares mais lembrado
Dou-t´o nome por extenso
Do teu muito afeiçoado
Amigo José Lourenço.
José Teodoro Prata