Esta é a popular marcela ou macela, tão usada nas fogueiras
de São João, a par com o rosmaninho, duas plantas fortemente aromáticas que
inundavam as nossas ruas com os seus cheirinhos.
As informações que encontrei na net, todas brasileiras, não
se referem especificamente à nossa marcela, pois descobri que há uma enorme
variedade de plantas com esse nome popular, por exemplo as camomilas.
Por isso vou seguir um livro em papel (Pour un jardin sans
arrosage, de Olivier Filippi), que tem fotos da planta coincidentes
com o aspeto da nossa marcela. Embora nem isso seja totalmente pacífico, pois o
livro refere várias marcelas, a Helichrysum italicum (Imortal de Itália) e
a Helichrysum orientale (Imortal do Oriente), esta das ilhas gregas e a
primeira de toda a bacia mediterrânica. Existe ainda a stoechas,
originária da Península Ibérica e da França mediterrânica e atlântica.
As três têm caraterísticas muito parecidas. Mas a italicum
floresce em junho, enquanto a orientale desabrocha em junho-julho. Por
outro lado, a italicum tem flores de amarelo de ouro, que libertam um
odor a caril e a mel, enquanto na orientale as flores são de um amarelo
pálido com reflexos prateados e odor apenas a caril. O livro nada adianta
sobre as flores da stoechas, mas, pela origem geográfica, pode ser esta
a nossa marcela, embora a hipótese da italicum não seja de excluir.
A net informa-me que as marcelas têm efeitos analgésicos,
calmantes, anti-inflamatórios e antisséticos, que ajudam a amenizar os sintomas de
ansiedade, stress e insónia.
Há que tempos que não as cheiro na noite de São João, mas temo-las
abundantemente no seu habitat, por esses campos fora.
Deixo-vos com uma canção de Monsanto, cantada ao som de adufes, cujo tema é a marcela. Vem na Etonografia da Beira, II Volume, de Jaime Lopes Dias.
E ouçam-na aqui: https://www.youtube.com/watch?v=U15ruBo-DRcJosé Teodoro Prata