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domingo, 12 de fevereiro de 2017

O Dr. Nicolau Veloso

Estive a recapitular e já fiz duas publicações sobre o Nicolau Veloso. Mas numa coloquei um documento do de Távora e noutra do de Carvalho.
Hoje apresento documentos dos dois: o casamento do de Carvalho e o casamento de dois jovens de fora da Vila que trabalhavam no forno do Licenciado Nicolau Veloso de Távora. Era então um letrado, o que o coloca na primeira linha para ganhar nome de rua.
Outra questão são os fornos da Vila. Não havia fornos comunitários e as pessoas mais ricas tinham um forno, onde quem cozesse pão pagava uma percentagem da cozedura. O mesmo se passava nos moinhos e os lagares. Aliás, na Torre, todos os poderosos da região tinham um moinho, para ganhar com a correnteza das águas da Ocreza. O nome do pagamento variava do forno para o moinho (maquia) ou o lagar (poia), mas o valor não, era sempre um oitavo (1/8).
Agora imaginem este cenário muito próximo da realidade: um rendeiro colhia os cereais e a renda menor que poderia pagar era 1/8 (se colhesse 8 sacas, entregava uma). Depois moía o cereal, quinzenalmente ou de mês a mês, mas sempre que fosse ao moinho, que poderia ser do senhorio das terras que cultivava, deixava 1/8 da semente ou da farinha. De seguida ia ao forno de um senhor da vila, que poderia ser do dono das terras que trazia arrendadas, e entregava 1/8 do pão no final da cozedura. Não admira que se morresse tanto!



José Teodoro Prata

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rua Nicolau Veloso

A Rua Nicolau Veloso foi das últimas ruas da Vila a receber um nome próprio. Até quase finais do século XVIII, era designada por rua que vai da praça para a ponte.
De facto ela unia dois locais importantíssimos para a Vila: a praça, centro político e religioso, com o seu Pelourinho e ladeada pela Igreja Matriz, pela Igreja da Misericórdia e pela casa da Câmara, e a ponte, uma ponte de pau, como então se dizia, que era a única passagem existente sobre a Ribeirinha.
Esta ponte, além de se localizar junto à capela de Santo André e da azenha e do lagar dos Cabral de Pina, dava ainda acesso à forca, no alto da Devesa, e aos caminhos para o Sobral e para os montes da charneca.
Cerca de 1780-90, a rua que vai da praça para a ponte passou a chamar-se Rua Nicolau Veloso. Mas desconheço em que data recebeu esta designação oficial.
Era este Nicolau Veloso de Carvalho natural de S. Vicente da Beira. O seu pai chamava-se Manuel Leitão de Carvalho e a mãe Maria de Távora. Nicolau Veloso de Carvalho casou, em 1698, com Maria Cardoso Frazão. Tiveram uma filha chamada Maria de Távora. Esta foi mãe solteira de uma menina a quem deram o nome de Mariana. Os padrinhos foram o Capitão Henrique de Carvalho e Andrada e a sua esposa Mariana Nogueira.
O pai da criança era um primo em terceiro grau, chamado Francisco Azevedo Cabral, filho de António de Carvalho, também natural e morador em S. Vicente da Beira.
Tudo gente importante, na época: Andrada, Azevedo, Cabral, Carvalho, Nogueira, Távora…