«Gosto
muito destes lugares. Do “Pequeno Lugar” e da “Ribeirinha”. Um podia existir
sem o outro. Mas, os dois acrescentam-se e acrescentam. São mais do que dois
mundos que falam um com o outro. Um, na encosta onde a aldeia se aconchegou; o
outro, um filão de água a escorrer entre escarpas. Ambos existem, como escreveu
AS, “onde a raiz do sangue a circular” alcança “a cor do xisto e do granito”.
Manuel
Costa Alves (prefácio
do livro “Poemas d’O Pequeno Lugar”)
Também
gosto muito destes lugares; principalmente da “Ribeirinha”, porque sempre
aberta, sempre nova e renovada.
No
“Pequeno Lugar”, o António Fernandes, e toda a família, têm-nos proporcionado
momentos que raramente acontecem em localidades como a Partida, e nos fazem
ainda acreditar no futuro das nossas terras.
O
livro é muito bonito; pelas fotografias, desenhos e poemas. Deixo um que,
penso, fala de esperança:
Para a estória de O
Pequeno Lugar
Que o lugar se transforme em longo
tempo,
que o longo tempo alargue esse lugar
e assim jogando num devir imenso
a um porvir d’espaço hão – de chegar.
D’ínfimas pedras se constrói uma torre,
um débil ramo num arbusto cria,
e o que existiu em trivial arroio
é hoje um são ribeiro quase um rio.
E as árvores crescentes entre xistos
com folhagens vernais de multicores
sombreiam também elas os granitos
e humanas vozes entre mais verdor.
E a vida a palpitar feita saudade
não d’o que foi mas sim d’o
que será:
perenidade fértil de um lugar
que acasalou sereno um tempo ilimitado.
M.
L. Ferreira