SÃO VICENTE DA BEIRA –
JOSÉ HIPÓLITO JERÓNIMO – 50 ANOS DE MISSIONÁRIO
Na manhã de domingo, dia 10 de Agosto, S. Vicente da
Beira acordou ao som do rufar dos tambores do Grupo de Bombos “Os Vicentinos”,
que anunciaram festa pelas ruas, na vila medieval. José Hipólito Jerónimo, um
filho desta centenária vila, que já foi concelho, comemorava cinquenta anos de
Missionário do Verbo Divino, em terras de Portugal, Alemanha, Itália, Estados
Unidos e Angola.
O cortejo do largo da Fonte Velha ocorreu ao som da
Banda da Sociedade Filarmónica Vicentina, a caminho da Igreja Matriz, onde a
povoação nasceu e se desenvolveu por esforços de D. Afonso Henriques, em 1173,
recebendo foral no reinado de D. Sancho I.
Com o templo repleto, o Padre Jerónimo foi recebido
com uma forte ovação. A Eucaristia foi presidida pelo Bispo da Guarda,
acolitado por diversos Missionários Verbitas. Na tomada da palavra, D. Manuel
Felício deu os parabéns ao homenageado e destacou a ação dos Missionários do
Verbo Divino, prestando muitos serviços e colaboração pastoral na Diocese
Egitaniense.
O homenageado expôs o seu curriculum familiar, social
e missionário, evocando as palavras que Cristo transmitiu a S. Francisco de
Assis, (a imagem franciscana estava ali bem presente e agarrada à Cruz): “Pela
força e graça de Deus, sou missionário, porque o caminho não foi fácil.”
Referiu que as suas preocupações pastorais se inclinaram para o enriquecimento
e valorização da pessoa humana. Sempre que vem a S. Vicente da Beira, entra em
primeiro lugar nesta igreja, onde foi batizado, vai ao cemitério, calcorreia
muitas das ruas, em que cada pedra é uma lição de história, cumprimentando
todas as pessoas com quem se cruza. Estava muito grato a todos.
O Provincial da Congregação do Verbo Divino enalteceu
os serviços de missão de cinco décadas a anunciar o Evangelho e o Pároco de S.
Vicente da Beira agradeceu a colaboração que lhe tem prestado.
Seguiu-se o almoço, servido na Casa do Povo, onde
participaram algumas centenas de pessoas. Era bem patente a empatia, a amizade,
a consideração que os vicentinos mostraram ao seu conterrâneo, além de muitos
outros participantes de Castelo Branco, Fundão, Aldeia de Joanes, Tortosendo,
Covilhã, Guimarães, Fátima, da Galiza e tantas outras localidades.
Na tarde de convívio salienta-se a passagem de um
pequeno filme sobre o José Jerónimo e a apresentação da sua autobiografia, com
o título “ O ZÉ DO CASALITO”, edição dos Missionários do Verbo Divino.
Destaca-se a atuação do Grupo Musical do Acordeão de Guimarães, amigos
pessoais, que além de tocarem diversas músicas, deixaram na memória de todos a
desgarrada, na melhor tradição minhota. Dois jovens cantores e tocadores
interpretaram o percurso humano, social, religioso e até desportivo do Padre
Jerónimo.
Na rua ouvimos a opinião das pessoas de S. Vicente da
Beira sobre o Padre Jerónimo:
João
Benevides Prata – Ex-docente
secundário – “Nasceu aqui de uma família numerosíssima, (quinze irmãos),
viveram com muitas dificuldades. Sempre disponível, muito amigo das suas gentes
e esta festa de homenagem é totalmente merecida”.
João
Duarte Barroso – Ex-comissário
da P.S.P. – “É um vicentino por excelência. Subiu com a corda nos pulsos.
Ser missionário exige vocação e coragem. Está há cinquenta anos no trabalho da
evangelização. Amigo da nossa terra e das nossas gentes”.
José
Manuel dos Santos – Ex-dirigente
escutista – “É um missionário que se dá com toda a gente. Fala com todos
sem exceção. Nas eucaristias fala a linguagem do povo e a mensagem é positiva”.
Maria
Madalena dos Santos Duarte – doméstica, que faz quarenta anos de casada,
no mesmo dia em que o Padre Jerónimo faz cinquenta de missionário – “O que
lhe dizer? Olhe, é um homem do povo, que gosta de beber uns copitos com as
nossas gentes e está sempre bem-disposto”. Brilhavam-lhe os olhos de alegria e
felicidade de ter em sua posse e mostrar uma fotografia acabada de tirar na
Igreja, com o marido e o seu conterrâneo. Casal e Missionário, com percursos
diferentes, mas a mesma felicidade.
Maria
de Fátima Jerónimo, doméstica - “É um homem aberto, simples, com bom
coração. Amigo de ajudar aqueles que precisam e estar ao seu lado. Não
descrimina ninguém e gosta de ouvir todos, sem exceção.
Repito o canto final: “Tanta alegria em nossos
corações em festa/é chama que ao mundo a verdade manifesta.”
Parabéns a este Missionário, “O ZÉ DO CASALITO”, de S.
Vicente da Beira, que um dia, há muitos anos, tive a felicidade, a alegria, de
conhecer numa viagem ferroviária entre Castelo Branco e Lisboa.
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes, Agosto/2014
Um comentário:
Também gostei da festa, pá! (a avaliar pelas fotos do blogue).
Estive em S. Vicente naquele dia, só não podia comprometer-me, a tempo, com a hora das cerimónias religiosas. Mas a minha intenção presume-se.
Todavia, já tudo foi dito acerca das qualidades humanas e culturais do laureado.
Aliás, posso contar um episódio que se passou comigo (em que o P. Jerónimo foi protagonista sem saber) e que já tenho contado a várias pessoas. Estava ele na Fonte Velha a falar alemão com outros padres alemães. Eu ia a passar para beber água. (quando se passa na Fonte Velha é costume beber água mesmo sem se ter sede). Ao ouvi-lo falar fluentemente aquela difícil língua, pensei que também eu um dia gostaria de ter assim uma cultura e ser um poliglota. Mas a vida dá muitas voltas. Passei muito tempo a estudar outras coisas e as línguas estrangeiras ficaram pouco mais que pelas ramas. Mas ficou-me sempre a referência do P. Jerónimo.
Parabéns ao homenageado e abraços ao blogue.
Zé Barroso
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