sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Os velhos

O diabo sabe muito porquê? Porque é velho.
A manhã daquele domingo estava amena, na praça ardia o que restava da fogueira, à sua volta pessoas amornavam as mãos, sentados num banco alguns idosos cavaqueavam…
Aproximei-me e saudei-os.
- Está fresco.
- Não está mau, respondeu-me o senhor José Madeira.
- O tempo anda áspero acrescentou o senhor Aurélio Moreira.
- Ó cachopos, desde que nos roubaram o concelho, a nossa terra nunca mais voltou a ser a mesma. A escola foi a melhor coisa…- atalhou o senhor Sebastião Jerónimo.
- Quem é que construiu o primeiro campo da bola, ripostei?
- Foi o Manuel da Silva e outros.
Resposta pronta do senhor Aurélio:
- O João de Sousa, o Barata “pai do sorna”, o Manuel da Silva…foram dos primeiros jogadores; quem benzeu o campo da bola foi o padre Santiago. Morava na casa do padre e músico (foi um bom padre), era do Louriçal.
O José Duarte tomando a palavra disse:
- O padre Zé Antunes era como um advogado, foi meu professor, do João Madeira…
- Falem-me da nossa banda.
José Madeira responde:
- O teu avô Manuel da cadeia tocava os pratos; o ti Lúcio, bombo; o Joaquim Ribeiro tocava barítono; o Joaquim dos Santos tocava requinta; o António Ferreiro tocava trompete; o Jaime Dias tocava contrabaixo; o José Maria Lino tocava flauta e clarinete; “o caralheto” senhor Elias tocava trombone; o Joaquim rato, fautim; o João Madeira, trombone; o João Faustino, o João Craveiro…nessa altura havia muitos músicos e eram quase todos sapateiros.
- O Joaquim Ribeiro, o ti Roldão, o António da Silva, o Manuel da cadeia…foram os primeiros músicos, o Valério foi o primeiro mestre.
- Na vila havia um alfaiate, Joaquim Gabriel, morreu cedo, morava onde moram “as meninas”; fazia-se um bom mestre da música…
- A ti Metilde (Matilde) era filha do senhor Roldão que tocava caixa.
- O senhor Aristides foi um bom mestre da música, era cantoneiro na estrada da Oles, o teu pai é que o substituiu.
- Antigamente havia nas ruas candeeiros a petróleo, o presidente da Junta era o Manuel da Silva. O Tonho do ti Felipe, assim que começava a anoitecer, andava com uma escada na mão e uma vasilha com petróleo, para encher os candeeiros e depois acendia-os.
- E alumiavam alguma coisa!
- Ora se alumiavam, já era bem bom… - respondeu o senhor Zé Madeira.
- Falem-me dos sapateiros.
- A maior sapataria era a dos Barrosos. O mestre Eusébio, “um homem muito forte”, era a melhor faca para cortar, não havia na Beira Baixa, irmão do senhor Emílio, este era mais para fazer carteiras; era o pai do Zé Bito, do Toneca…
- Eu aprendi com o meu irmão João.
- Para os Barrosos trabalhavam muitos sapateiros: o Tonho Maria, o António Ferreiro, o Ermegildo (era do Casal dos Paiáguas), o Barata, pai do sorna, o Chalim, o João Ribeiro, o João Hipólito, o João Lopes, “homem da ti Maria Joaquina”, o João de Matos, o senhor Roldão… eram todos bons.
Terra de sapateiros e alfaiates.
O senhor Aurélio há muito que estava com vontade de falar e a certa altura diz:
- A casa que stá veréda para a praça, já não sou capaz de encarrelhér, era do senhor Aurélio, o Cofáia era o cocheiro dos machos; o senhor Aurélio era o meu padrinho; tinha um cofre muito grande, um dia os ciganos roubaram-lho e abriram-no na fábrica.
- Ainda se lembram do trem?
- Servia para levar o senhor Aurélio e a dona Bárbara para o Valouro. O primeiro carro que cá apareceu pertenceu ao senhor Aurélio, tinha as rodas de pau, era ele que o conduzia, levava-o para o Valouro; hoje valia uma fortuna. - atalhou o Zé Madeira.
Os Fredericos eram sapateiros também. Já sabemos coisas do catano!
- Quem foi o Zé Raimundo?
- Era latoeiro, o senhor Fernando latoeiro aprendeu com ele. Tiraram-no de casa porque não pagava a contribuição. Dormia na praça, depois levaram-no para o cabanão e lá morreu…
- A taberna do Arrebotes antes era da ti Maria Sarafana. Um ano houve muita fome, o César Vaz de Carvalho emprestava milho, feijão…matou a fome a muita gente.
- No nosso tempo era uma desgraça; colhia-se a azeitona ao oitavo e ao nono.
- No Vale Morena, para o Zé Lourenço, colhíamos ao nono, diz o senhor Aurélio.
- No tempo das ceifas, alguns iam ao campo ajustar as searas, combinavam com os donos a quantidade de semente que deviam receber. Para além da semente, davam azeite, pão, queijo…
Perguntei ao senhor José Madeira se gostou de estar na França.
- Era boa para se ganhar dinheiro. - respondeu.
- Ainda se lembram da fábrica?
- O meu irmão Adelino trabalhou lá, era o maquinista. Era enorme, chegava ao cimo da barreira. Trabalhavam pelo menos umas quinze pessoas ou mais. O senhor Fernando “pai do Manuel Diogo” é que conduzia o camião. O senhor Manuel Bernardo tomava conta do pessoal. Faziam portas, coisas de ferro… o Parrego aguçava as “sarras”. Eu era garoto, levava o almoço ao meu irmão Adelino.
- O sargento Calmão era o encarregado. Os donos eram os senhores Manuel Gonçalves e Joaquim Gonçalves. Por serem boas pessoas é aquilo se foi abaixo. Também tinha uma moagem. Já lá vão setenta anos ou mais.
- Olha, o Truta veio numa comédia, ficou cá e trabalhou na fábrica!
- O carro que trazia o petróleo era puxado por mulas, chegou a pontos de vir uma camioneta.
- O Pião e o irmão trabalharam no comércio do senhor Adelino Patrício. O Pião subiu, ele desceu. As mulheres é que deram cabo dele, iam à gaveta e tiravam o dinheiro que queriam, a loja era ali. - Apontaram para a casa da Emília mouca.
O sino tocava a última, dei por terminada esta conversa que foi feita na praça, no dia 27 de dezembro de 1998. Aos senhores Aurélio Moreira, José Duarte, Jaime Martins, Sebastião Jerónimo, Carlota Candeias e ao meu amigo José Madeira o meu bem-haja.

Antes de terminar, deixo dois pensamentos de Santo Agostinho:
“A soberba não é grandeza, mas sim inchaço, e o que está inchado parece grande, mas não está são. Necessitamos uns dos outros para sermos nós mesmos.”

Um santo Natal e um ano 2016 cheio de paz, tolerância e fraternidade.


J.M.S

9 comentários:

Anônimo disse...

Gostei desta conversa que o JMS teve com os velhos. Ainda me lembro de todos eles, mas já não de muitos dos que eles referiram durante a conversa. O que mostra o fluir do tempo e das gerações. E de como tudo é tão enexoravelmente precário na nossa vida! Para voltarmos, depois, àquela velha questão, tão velha como o próprio homem: onde está o espírito desses velhos que ainda há pouco aqui privavam connosco e agora já partiram?! Cada um com o seu traço caracterizador - que é a marca de cada homem - mas sempre irradiando bonomia do alto da sua humildade. Ora, tais espíritos não podem ter-se perdido para sempre! Hão de estar em algum lado! É, pelo menos, essa a minha convicção que, como um imperativo categórico, se me impõe à razão!
Mas o texto leva-me ainda a considerar outros temas. Já várias vezes me tenho perguntado (acho que não é a primeira vez que o escrevo neste blogue): por que é que a nossa terra nunca vingou, com tantos artistas, como sapateiros, alfaiates, pedreios, etc.?! A falta de enquadramento na geografia da região, fora das principais vias de comunicação; ou uma comunidade formada por camponeses e artesãos, não explicam tudo!! E a minha interrogação é ainda maior porque, como disse, havia uma comunidadade muito forte de artistas! Como é que estes não puderam ou não souberam dar o salto da manufatura para a maquinofatura. Quando vejo Alcains com várias marcas nacionais (só dois exempls., Branca de Neve ou Dielmar), fico a pensar por que é que não existe uma marca nossa numa dessas áreas de atividade.
Os resquícios de tudo isto ainda aparecem esporadicamente. Há uns anos (repito o que já aqui escrevi), a Revista do Expresso publicou uma reportagem sobre um descendente desses Barrosos. Que, em Lisboa, se dedicava a confecionar, à mão(!) botas de cavalaria para as cabeças coroadas da Europa. O que teria acontecido para que não déssemos esse salto, acompanhando os novos tempos? Talvez fosse necessária uma tentativa de explicação através de um estudo!
Temos que ser honestos: a nossa incapacidade (ou impossibilidade?) há muito que levou a que, paulatinamente, estejamos a ser absorvidos, administrativamente, por outros. Começou (mais visivelmente) com a extinção do concelho, em 1895. E assim acabou com um concelho que era anterior ao de Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Guarda, etc.) A última bofetada foi a ida da Escola (para Alcains). E a nossa vida é esta !!
Em 1983 escrevi um manifesto policopiado (um texto que pretendia ser uma espécie de grito de revolta!). Imprimi uma resma de papel (250 folhas A4). Destribuí por toda a vila num sábado de madrugada (eu e o Chico Barroso Rodrigues). A GNR, rocambolescamente, veio falar connosco, pensando que era algum folheto a incendiar a população... Adiante. Mas, portanto, as nossas preocupações, com tudo isto, já são velhas. E veja-se o que diz o Hipólito Raposo no "Oferenda". O meu receio, porém (é o mais certo), é que tudo não passe de um estertor final...

Abraços.

ZB









Anônimo disse...

Grande exercício de memória ou, como diria a Ti Fe’cedade, “as coisas de que a gente já se alembra”!
É com estes retalhos que vamos ajudando a escrever a história da nossa terra, e desta vez feita por gente como nós.
Só tenho uma dúvida: se havia tantos sapateiros naquele tempo, porque é que andava tanta gente descalça? Éramos mesmo muito pobres…

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Andei noutras e por isso a publicação atrasada destes dois comentários.
Vinha com a intenção de comentar na linha do que o Zé Barroso fez.
Cresci a ouvir dizer que éramos uma terra de padres e cantoneiros. O dito era autodepreciativo (uns lambões).
Terra de padres serem fomos, pela grande religiosidade da nossa vila.
De cantoneiros também, mas deixei de achar piada à expressão, quando tive de alombar, em finais dos anos 70, a limpar valetas e a remendar estradas.
Agora, nestes anos, aqui pelos Enxidros, soube que antes tínhamos sido de alfaiates e sapateiros, como recentemente (e agora) de pedreiros.
E isso, parecendo pouco, enche-me de orgulho.
Um povo que arrastou uma vida miserável, durante séculos, à sombra de casas senhoriais que detinham a maioria das terras, soube fazer pela vida e logo na área dos ofícios.
Em síntese, o século XX vicentino foi um período de artistas: pedreiros, carpinteiros, carniceiros, alfaiates, sapateiros, cantoneiros, sem esquecer os que continuaram nas artes agrícolas e da palavra, como são os pastores de almas, os pastores do gado, podadores, enxertadores, hortelãos...
Não demos o salto, porque nos faltava o capital e a formação. Quem os tinha, não regressou à vila, após os estudos fora. Ficaram os pobres, que eram quase toda a gente. Por isso não tivemos/temos confeções de roupa e calçado, que persistiram noutras regiões, algumas com grande êxito, como a de calçado, em que Portugal é líder mundial.
Agora também estamos a perder o comboio da reconversão agrícola, do autoconsumo para o mercado. E desta vez atrever-me-ia a dizer que é sobretudo por falta de formação...
Há dias, soube ocasionalmente que alguém de fora comprou uma propriedade junto à Senhora da Orada e que apresentou um projeto de produção agrícola, à UE. Vai plantar um olival, segundo as modernas técnicas, estipuladas pela UE, que é quem pagará a maioria das despesas.
É a isto que me refiro.

Anônimo disse...

Respondendo ao.primeiro comentário, Alcains tem duas marcas de.nível nacional mas São Vicente da Beira não se fica atrás afinal de contas temos as conhecidas águas da Fonte da Fraga, e em relação a escola ter ido para Alcains, a única coisa que mudou foi a sede do agrupamento ter ido para lá, os alunos vicentina que lá estudam em vez de andarem na escola da.nossa a culpa será dos pais, não sei sinceramente qual será o futuro daquela na qual eu tive o privilégio de estudar e na altura encontrava-se sobrelotação. mas há que ser realista sem jovens não condições para de manter uma escola abertura.

José Teodoro Prata disse...

Esqueci um dado fundamental, abordado pelo Zé Barroso.
Acho que, também nesta área, devo reforçar as suas palavras.
No século XVIII e inícios do século XIX, São Vicente da Beira era líder no fabrico de panos (a par com Alcains), a sul da Gardunha, embora subalterno à Covilhã.
Depois veio a crise da reconversão industrial. Alcains soube sobreviver, mas São Vicente não. Seguiu-se o comboio. Passou em Alcains e não em São Vicente, não por má vontade, mas porque tinha de contornar a Gardunha e isso só era possível por onde foi: na depressão a leste, entre a Gardunha e a Malcata.
Porque é que os Filipes da Paradanta não criaram a IOFIL na sua terra? Devido às comunicações.
E aproveito para deixar um elogio à tenacidade de Alcains. A criação da Zona Industrial de Castelo Branco, nos moldes em que se fez, foi um erro estratégico que as povoações dos arredores pagaram caro. Em vez de se criarem infraestruturas em todo o corredor industrial de Alcains, Castelo Branco e Cebolais-Retaxo (ao longo da Estrada Nacional 18), centralizaram-se num descampado a oeste da cidade. Isto teve como resultado o desaparecimento da indústria em Cebolais-Retaxo e algum definhamento em Alcains (Mas resistiu, mesmo com menos condições do que as que eram oferecidas aos que se mudavam para a Zona Industrial).
E isto teve impacto sobre São Vicente. Atualmente, as povoações dos arredores da cidade são dormitórios e por isso subsistem em termos demográficos. O mesmo não acontece às povoações a mais de 20 quilómetros. Se o fomento industrial de Alcains não tivesse sido travado, nós hoje estaríamos a apenas 20 quilómetros de uma próspera zona económica. Fraca consolação, mas tínhamos gente!

Anônimo disse...

Zé Teodoro, tu, como historiador, abordaste muito bem (como não podia deixar de ser), os fatores mais importantes da decadência da vila. Alguns são fatores comummente referidos. Mas estou convencido que essas razões mais visíveis podem não explicar tudo...
Por exemplo, devo dizer que, com (alguns) bons modernos conceitos de alimentação, temos, afinal, em S. Vicente, uma marca que vingou: "Fonte da Fraga". Mas neste caso era difícil levar a matéria prima para outro lado, por razões óbvias! Teve que se aguentar com as estradas que havia!!
O José Pereira dos Santos (para saberem de quem se trata: é o Zeca Padre e Músico), amigo de longos anos, teve a interessante ideia de instalar uma fábrica de confeções em S. Vicente da Beira. Já que outros podiam não querer arriscar as suas economias. E ele fê-lo! Portanto, é de vicentino e é de louvar! Porque seria mais uma série de postos de trabalho. Não correu como ele esperava. Foi uma pena. Todavia, tentou! Mas tinha gente a olhar de soslaio... As estradas eram as antigas, mas não foi por aí...
Não conheço as razões da não instalação da Iofil em S. Vicente da Beira. Porém, como se viu, pelos exemplos, atrevo-me a chegar à conclusão de que não poderia ser apenas pelas estradas. Haverá outras explicações intrínsecas? Vou dar um exemplo: boa vontade, houve? E não só dos investidores, mas também de outros poderes locais (públicos e privados).
Outro exemplo: sentido comunitátio, como há, por exem., em Alcains, teria havido no processo da Iofil para S. Vicente?
Se o tema são empresas, diz-se nos modernos "workshops" que o bem mais importante do processo produtivo não é o dinheiro. Ele tem a sua importância. Mas, mais importante que o dinheiro são as ... pessoas. E o seu querer! Sejam os empresários ou os trabalhadores. Porque sem as pessoas, afinal, não podem existir... empresas.
Há muito que ouço dizer, na vila, que, um dia, (imagino que na contra-reforma administrativa de José Luciano de Castro), perguntaram a alguém importante de S. Vicente da Beira:
"Então vocês querem cá outra vez o concelho?!"
Resposta:
"O concelho em S. Vicente da Beira? Para quê? Eu tenho a minha charrete e quando precisar de tratar de alguma coisa vou a Castelo Branco!"
Isto vale o que vale. Mas fica para reflexão.

Abraços.

ZB







Pio de Aragão disse...

São duas coisas quase impossíveis de acontecer pelo menos nos próximos 50/80 anos é S. Vicente da Beira voltar a ser sede do seu Concelho e Alcains ser elevada a cidade e a concelho próprio.

Anônimo disse...

Vai longa e interessante a discussão.
Parece que também, a este propósito, a nossa terra reflete a realidade do resto do país: empresas deslocalizadas ou falidas por falta de empenho e incentivo da parte daqueles que deveriam fazê-lo. Mas, se calhar, todos nós somos um pouco responsáveis, por termos dificuldade em valorizar o que é nosso e reivindicar aquilo a que temos direito.
Em termos de emprego, talvez não estejamos tão mal como isso. Para além da Fonte da Fraga, um pouco ainda a mancar, e da Escola que, por enquanto, ainda se vai mantendo por cá, há também pequenas empresas, quase familiares, que dão trabalho a muita gente. E não podemos esquecer-nos do Lar, talvez o maior empregador das mulheres da nossa terra.
Se calhar não vem muito a propósito, mas acho que no domínio do empreendedorismo, temos que referir o Padre Branco quase como um visionário. Terá pecado muito, mas foi uma das pessoas que mais fez pela nossa terra nas últimas décadas.
Ainda não há muito tempo, com ele já muito debilitado fisicamente e, aparentemente, pouco lúcido, sentei-me ao lado dele e estivemos os dois a folhear o livro de homenagem escrito pelo José Teodoro (não me lembro do título). Quando dei por mim, estava ele lavado em lágrimas e a tentar fixar e descrever algumas passagens do livro, principalmente as fotografias referentes à obra que fez por cá. Dá que pensar…
Estive a consultar os registos paroquiais de Castelo Branco para ver quais eram as profissões mais comuns na nossa terra durante o século XIX, mas não encontrei referências para além dos anos sessenta, nos registos de batismo. Como é obvio, a profissão mais comum dos pais das crianças batizadas é a de jornaleiro, seguida de cultivador e lavrador. Aparecem depois alguns pastores, sapateiros, carpinteiros, pedreiros, alfaiates, almocreves, moleiros, negociantes (cera, peles e indiscriminados), ferreiros, cardadores, barbeiros, criados de servir, latoeiros, caiadores, sangradores e proprietários. Aparecem ainda dois tecelões, mas serão ainda da fábrica de panos?

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Da fábrica de panos não eram, pois a crise e reconversão da industria da Covilhã foi anterior (anos 20/30 do século XIX) e a fábrica pertencia à manufatura da Covilhã.
Os tecelões eram os homens que teciam os anos de lã. É curioso ser um trabalho de homens, tal como o de cardar a lã.

Vocês têm razão quanto ao valor do que temos e tivemos (o caso do Zeca foi excecional, tal como o do Pe. Branc0!). Mas tenho sempre receio dos empregos no terciário. Se falham os do setor produtivo...