domingo, 15 de janeiro de 2017

Oráculo

O ano dois mil e dezasseis, trezentos e sessenta e seis dias depois cortou finalmente a meta.
Bissexto, torto ou travesso. Terramotos, guerras, mortes inesperadas, inundações… dois mil e dezasseis; exausto, entregou o testemunho ao ano dois mil e dezassete. Folgazão, iniciou a corrida com esperança.
Foguetórios, bebidas, comidas… ei-lo que parte sorridente, satisfeito e esperançoso.
Pura ilusão, dois mil e dezassete à medida que vai percorrendo o caminho irá encontrar os mesmos obstáculos, as mesmas manigâncias do seu antecessor. Fomes, guerras, secas, terramotos, hipocrisias, ilusões, desilusões, algumas alegrias, mortes inesperadas, desastres naturais, esperança num futuro melhor também. Gritará aos quatro ventos: “Paz, quero Paz”. Deixem-se de tormentosas guerras, acabem as perseguições ao nosso semelhante, a ganância, o ódio a inveja, continuarão a reinar. Muitos passarão fome, poucos continuarão a empanturrar-se.
As crianças Senhor, não têm culpa de nada tão pequeninas, que mal fizeram para começarem a sofrer assim que nascem. E os velhinhos, tantos sacrifícios passaram para educar, alimentar, cuidar os seus, tantas vezes esquecidos, abandonados.
Os jovens fartam-se de estudar na esperança de um futuro mais risonho, têm que abandonar o seu torrão natal à procura do pão que não encontram na sua terra.
O ano dois mil e dezassete vai ser uma cópia exacta do ano dois mil e dezasseis. Frio, chuva, vento, calor, acidentes, os estrangeirismos vão continuar a enxamear a língua de Camões, mas também haverá muita fé e esperança num futuro melhor. Um dia chegará a meta da igualdade, fraternidade e solidariedade. Está longe, mas existe, temos que ter paciência, coragem e esperança num futuro digno para todos.
A nossa casa comum está doente, se cada der um pouco de si ao nosso semelhante, se cada um de nós amar e respeitar a mãe natureza, o testemunho um dia será recebido apoteoticamente, festivamente.
Guardado cuidadosamente, elevando-se bem alto para que todas as nações da Terra o possam ver entrelaçando as mãos, possamos alegremente dizer:
- Finalmente chegou o ano que transporta o testemunho da Paz, Amor, Justiça, e Fraternidade.

J.M.S

Um comentário:

José Teodoro Prata disse...

Podia chamar-se UTOPIA, aquele desejo que formulamos cada ano e que o Zé Manel sintetiza em Paz, Amor, Justiça e Fraternidade.