Estamos
em pleno verão, calores insuportáveis, o mercúrio do termómetro quando colocado
em cima do parapeito da janela depressa atinge os quarenta e nove graus, tenho
que o tirar, se o deixo ficar
A
escala termométrica só chega aos cinquenta, o vidro rebentaria como já me aconteceu,
antes que…
Na noite de natal o vento ficou norte;
na noite de São João, idem; primavera amena, verão quente; contemos com um outono,
frio, soleado, seco.
Tempo a jeito para os “profissionais”
dos fogos poderem trabalhar.
Oxalá me engane.
Tem sido um fartar vilanagem.
Para
além dos interesses vários, talvez haja por trás outros, ou seja: em tempos
idos as terras pertenciam aos senhores; malados, plebeus tratavam-nas, viviam a
vida desgraçadamente a troco de coisa nenhuma.
Os poderosos quererão voltar!? ...
Com
tudo queimado, destruído, os velhos proprietários sem forças, exaustos, vão
abandonando as terras, os filhos partem ou já partiram; acabam por vender as
propriedades por dez réis de mel coado. Aos poucos, o capital vai juntando as
parcelas, tomando conta.
Premonições!
Não
sei quanto custará ao erário a despesa que os incêndios acarretam. Supunhamos
que ao fim da época a desgraça que os fogos trouxeram provocou um rombo no
orçamento de X.
Experimentem
tirar ao valor orçamentado vinte por cento, nem mais um tostão.
Durante
os meses frescos, atribuam esse valor aos proprietários das matas para que as
limpem. Oitenta por cento seria suportado pelo erário público, os restantes
vinte, pelos proprietários.
Desta
maneira, dividindo o mal pelas aldeias, em meia dúzia de anos, as nossas
florestas ficariam limpas, depois, era manter.
Onde
a floresta fosse quase inexistente ou nascediça, as árvores deviam ser
relentadas para que o fogo não entrasse com facilidade, procedendo-se à
plantação de novas espécies, sempre que possível árvores autóctones. Carvalhos, sobreiras, azinheiras, oliveiras, castanheiros… ou
outras, desde que oferecessem maior resistência ao lume.
O
ar tornar-se-á cada vez mais irrespirável, as temperaturas aumentam, a chuva não
vem no devido tempo, quando aparece cai com tamanha intensidade…onde passa
destrói.
Verões
cada vez mais quentes e secos…
Fogo
controlado é benéfico, descontrolado é demolidor, medonho, horrível, vi-o há
minha frente sem nada poder fazer.
Valeu-me
a limpeza que tinha feito em volta da casa e do forno, os bombeiros chamados
canarinhos fizeram um bom trabalho, o meu
bem hajam .
Salvaram
o que puderam, o resto ficou reduzido a cinzas
e negro.
É
medonho, horrível; o povo Vicentino destemido, valente, ajudou enfrentando com
denodo, paixão e valentia este pavoroso incêndio que chegou ao cimo da Vila.
Vi
baldes e outros utensílios cheios de água que se ia lançando nos restolhos, nas
talocas de velhas oliveiras…
Povo
que não dormia, só descansou quando o perigo passou.
J.M.S
2 comentários:
Terá razão o JMS nas razões que aponta para esta desgraça, mas penso que a mais forte é mesmo a falta de gente.
M. L. Ferreira
Terrorismo atávico,erros na gestão dos espaços florestais,interesses económicos vários, desde madeireiros à indústria nos ramos de combate ao fogo,e construçao civil, ,piromanias,oligofrenias,vinganças pessoais com actos de lesa propriedade de inimigos, vizinhos. etc ,e o resultado está à vista!
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