terça-feira, 22 de agosto de 2017

Incêndios

Estamos em pleno verão, calores insuportáveis, o mercúrio do termómetro quando colocado em cima do parapeito da janela depressa atinge os quarenta e nove graus, tenho que o tirar, se o deixo ficar
A escala termométrica só chega aos cinquenta, o vidro rebentaria como já me aconteceu, antes que…
Na noite de natal o vento ficou norte; na noite de São João, idem; primavera amena, verão quente; contemos com um outono, frio, soleado, seco.
Tempo a jeito para os “profissionais” dos fogos poderem trabalhar.
Oxalá me engane.
Tem sido um fartar vilanagem.
Para além dos interesses vários, talvez haja por trás outros, ou seja: em tempos idos as terras pertenciam aos senhores; malados, plebeus tratavam-nas, viviam a vida desgraçadamente a troco de coisa nenhuma.
Os poderosos quererão voltar!? ...
Com tudo queimado, destruído, os velhos proprietários sem forças, exaustos, vão abandonando as terras, os filhos partem ou já partiram; acabam por vender as propriedades por dez réis de mel coado. Aos poucos, o capital vai juntando as parcelas, tomando conta.
Premonições!
Não sei quanto custará ao erário a despesa que os incêndios acarretam. Supunhamos que ao fim da época a desgraça que os fogos trouxeram provocou um rombo no orçamento de X.
Experimentem tirar ao valor orçamentado vinte por cento, nem mais um tostão.
Durante os meses frescos, atribuam esse valor aos proprietários das matas para que as limpem. Oitenta por cento seria suportado pelo erário público, os restantes vinte, pelos proprietários.
Desta maneira, dividindo o mal pelas aldeias, em meia dúzia de anos, as nossas florestas ficariam limpas, depois, era manter.
Onde a floresta fosse quase inexistente ou nascediça, as árvores deviam ser relentadas para que o fogo não entrasse com facilidade, procedendo-se à plantação de novas espécies, sempre que possível árvores autóctones. Carvalhos, sobreiras, azinheiras, oliveiras, castanheiros… ou outras, desde que oferecessem maior resistência ao lume.




O ar tornar-se-á cada vez mais irrespirável, as temperaturas aumentam, a chuva não vem no devido tempo, quando aparece cai com tamanha intensidade…onde passa destrói.
Verões cada vez mais quentes e secos…
Fogo controlado é benéfico, descontrolado é demolidor, medonho, horrível, vi-o há minha frente sem nada poder fazer.
Valeu-me a limpeza que tinha feito em volta da casa e do forno, os bombeiros chamados canarinhos fizeram um bom trabalho, o meu bem hajam .
Salvaram o que puderam, o resto ficou reduzido a cinzas e negro.
É medonho, horrível; o povo Vicentino destemido, valente, ajudou enfrentando com denodo, paixão e valentia este pavoroso incêndio que chegou ao cimo da Vila.
Vi baldes e outros utensílios cheios de água que se ia lançando nos restolhos, nas talocas de velhas oliveiras…
Povo que não dormia, só descansou quando o perigo passou.

J.M.S

2 comentários:

Anônimo disse...

Terá razão o JMS nas razões que aponta para esta desgraça, mas penso que a mais forte é mesmo a falta de gente.

M. L. Ferreira

Unknown disse...

Terrorismo atávico,erros na gestão dos espaços florestais,interesses económicos vários, desde madeireiros à indústria nos ramos de combate ao fogo,e construçao civil, ,piromanias,oligofrenias,vinganças pessoais com actos de lesa propriedade de inimigos, vizinhos. etc ,e o resultado está à vista!