Nasceu em 8-1-1890, em
São Vicente da Beira, sendo filho de João José Ramalho e de Antónia do Carmo
Ramalho. Ingressou nos jesuítas a 7-9-1906, no Colégio do Barro, Lisboa; em
1910, foi preso em Caxias com outros jesuítas; dali seguiu para Gibraltar e
depois para Exaten, no Holanda, e a seguir para a ilha de Jersey, continuando
sempre a estudar. No Hospital dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus de
Paris, fez 6 operações quase seguidas devido à intoxificação na masmorra de
Caxias; seu irmão Inácio, também jesuíta, fez 14 e morreu.
De Paris passou a
Davos, na Suíça, a Bolengo, na Itália e depois a Genebra, onde tirou um curso
de enfermagem; depois, a Turim, ao Colégio de Placeres, em Espanha, a La Guardia
(1916-1917), a Ernani, perto de San Sebastian e a Oña, onde se ordenou a
30-7-1921. A 14-12-1923, embarcou em Marselha para a China, aportando a Hong
Kong, a 17-1-1924, e a Shiu-Hing, a 22 desse mês. Em 1926, foi colocado como
missionário no distrito de Shui-Hang, onde trabalhou até à sua elevação ao
episcopado. Em Janeiro de 1925, fundou a revista mensal “Ecos da Missão de
Shiu-Hing” que durou até Julho de 1946 e onde publicou interessantes trabalhos
sobre os antigos jesuítas na China.
A 13-6-1940, foi nomeado
superior e Vigário Geral da Missão de Shiu-Hing e, a 26-9-1942, bispo de Macau,
sendo sagrado em Shui-Hang, a 6-11-1942, dia em que tomou posse da diocese por
procuração. Chegou a Macau, a 23-2-1943.
Obras
Comprou o edifício da
Escola Normal do Colégio de S. José. Acolheu em Macau todas as Ordens
Religiosas que aqui se vieram refugiar durante e após a guerra civil na China.
Os padres de PIME (Missões Estrangeiras de Milão) instalaram-se no Seminário e
em São Agostinho, ficando encarregados desta igreja, que serviu de paróquia aos
refugiados de Hong Kong; os jesuítas da Província Irlandesa de Hong Kong da
Companhia de Jesus instalaram-se na Vila Flor e no Colégio de S. Luís Gonzaga,
fundado por eles a 4-1-1943, para a educação dos refugiados; as irmãs de São
Paulo de Chartres abriram na Penha, em Janeiro de 1950, um pensionato para as
crianças de menos de 4 anos; os Maristas alojaram-se em 1950 com os seus alunos
na Casa de Campo do Seminário na Ilha Verde; os Franciscanos, em 1949, na Vila
Flora; os Salvatorianos, na Estrada da Vitória; os Carmelitas de Pequim, a
21-11-1948, no Seminário de S. José; os Lazaristas no Orfanato da Imaculada
Conceição; os Redentoristas, em S. Agostinho; as Irmãs do Precioso Sangue, no
n. º 3 da R. da Praia Grande. D. João Ramalho construiu em 1954 o externato, a
sala de estudo e o teatro do Seminário e restaurou a igreja em 1953. Resignou
em 1954 e retirou-se para Portugal. Morreu em Vilar do Paraíso a 26-2-1958.
Estátua de Nossa Sra. de
Fátima no antigo destacamento militar de Mong Há.
“Desde o dia 13 de Novembro está exposta
à adoração dos fiéis, no Aquartelamento de Mong Há, uma imagem de Nossa Senhora
de Fátima, que foi confiada pelo Bispo de Leiria ao Destacamento Expedicionário
quando da partida da Força Expedicionária para Macau. Cavada na rocha, uma
gruta de aspecto propositadamente rude, concebida pelo talento artístico de
Osseo Acconci, serve como de engaste para um pequeno retábulo, donde emerge a
Imagem na sua esplêndida beleza. Uma pequena grade de bronze, a meia altura, e
alguns lavrados junto ao tecto, onde se distingue o emblema da Artilharia, dão
com a sua singeleza um timbre branco de boas-vindas a quem se aproxima. Num
dístico à porta lê-se: "Portugal, terra de Fé" e, à esquerda, um
lampadário sempre acesso que foi oferecido pelo Bispo de Macau, D. João de Deus
Ramalho, simboliza a crença viva de quantos militares vivem naquele quartel,
onde se encontram quatro unidades expedicionárias de Artilharia e Infantaria. A
inauguração da gruta que se deu a 13 de Novembro, teve a assistência de
Governo, das restantes autoridades e de todas as pessoas qualificadas da
Colónia além de muito povo.
in revista Mosaico em 1950
Em:
Nota: O meu Avô Jaime Craveiro era primo
em 4.º grau de Dom João de Deus Ramalho.
Jaime Gama