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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Futilidades

Demóstenes

Vou contar uma verídica história
Que se passou na Antiguidade
Numa grande e próspera cidade
Atenas; urbe de grande memória

Demóstenes o filósofo, discursava
Na grande praça central
A multidão passava e não parava no local
O povo distraído não lhe ligava

Atenienses; clamava irritado
Certo dia de muito calor e seca
Um rapaz alugou uma pileca
Para o levar a um determinado lado

Era a hora do meio-dia
Não havia sombra para o ir tapando
Aproveitou a sombra do burro e ia andando
O dono não gostou do que via

Eu aluguei meu burrinho
Não aluguei sua sombra benfazeja
Se a quiser aproveitar como deseja
Tem que me dar mais dinheirinho

Não acredito no que estou a ouvir
Diz o rapaz incrédulo e espantado
Ao alugar o burro sua sombra hei alugado
Nada mais tenho que pagar; disse o jovem a rir

Depois disto contado
Demóstenes desceu do púlpito
Perguntou o povo, de súbito
Que aconteceu ao coitado!

Então o grande orador
Para o céu os olhos voltou
Deuses, vejam como o povo se interessou
Por este conto balofo e sem grande valor

Assim é no tempo actual, de agora
Há interesse por futilidades
E lança-se o que é bom fora


Zé da Villa