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quarta-feira, 23 de março de 2016

Páscoa

A Páscoa dos cristãos, juntamente com a festa da Natividade, são as duas festividades mais importantes do calendário da Igreja.
A Natividade comemora o nascimento de Jesus, a Páscoa assinala a vitória da morte através da Sua ressurreição.
O tempo quaresmal recorda-nos os quarenta dias que Jesus viveu no deserto, onde passou privações de toda a ordem e foi tentado pelo demónio.
- Tudo isto Te darei se me adorares.
- Afasta-te de mim, satanás!
Durante quarenta dias, o povo crente jejua e faz penitência, é tempo de recolhimento.
 Antigamente as rádios, nomeadamente na semana maior, passavam música clássica, as folias terminavam na quarta-feira de cinzas.
A quaresma recorda-nos o sofrimento de Cristo até à sua morte na cruz.
A semana maior inicia-se Domingo de Ramos, com a entrada triunfal de Jesus e a Sua aclamação popular, na cidade de Jerusalém.
Quatro dias depois, o povo que o tinha aclamado condenou-O.
Interrogatórios, calúnias, e finalmente a morte na cruz.
Ao terceiro dia, Domingo de Páscoa, ressuscitou.
A Páscoa Judaica lembra a libertação do povo que esteve cerca de quatrocentos anos escravizado no Egipto. Os hebreus recordam também a passagem do anjo da morte pelas terras do Egipto. Nesse dia, o povo hebreu matou um cordeiro e com o sangue marcaram as portas, desta maneira o anjo passava. Nas casas que não tivessem o sinal, se houvesse nelas recém-nascidos, o anjo praticava a justiça…
É a festa da primavera, os hebreus assinalavam a Pessach, porque também se iniciavam as ceifas da cevada.
A Páscoa dos cristãos é um tempo de renovação, um tempo novo.
Através da Sua paixão e morte na cruz, Cristo redimiu-nos dos pecados e das tentações.

Jesus é o novo Cordeiro imolado, que libertou do pecado e da morte todos as criaturas que crêem na Sua ressurreição.


 Domingo de Páscoa, o senhor vigário percorria as casas do vicentinos benzendo-as e dando o Senhor a beijar a todas as famílias.
Os moradores das Quintas e do Caldeira recebiam o Senhor segunda-feira de Páscoa, o Casal no dia da festa da Santa Bárbara.
A Cruz florida simbolizava a vida, a ressurreição do Senhor. Cristo está vivo.


Ovos


Azeitinho das oliveiras de São Vicente


Açúcar



Aguardente


Envolve-se tudo muito bem, até a massa ficar rala, mas consistente


O forno está a ficar “branquinho”


Eis o produto final: são bolos da Páscoa de São Vicente da Beira


Esquecidos


Bolos de leite

Não há nada de novo, é só acrescentar mais um ponto e a história renova-se.
Para além da aguardente, açúcar e azeite, os nossos bolos levam também canela, leite, fermento…
Olhem, uma Páscoa feliz para todos!

J.M.S.

domingo, 5 de abril de 2009

Doçaria pascal


Depois do sofrimento e da morte, virá a alegria da ressurreição.
Não quero que vos faltem as nossas receitas tradicionais, para celebrar a festa da Páscoa!
Por isso vos deixo as dos tremoços, de dois doces e dos bolos. Juntei o queijo fresco, porque uma fatia de bolo da Páscoa coberta por queijo fresco é um manjar quase divino.
Aliás, nesta receita de bolos da Páscoa há um toque de excelência que só nos pode ter chegado da doçaria conventual.
Em toda a região se fazem bolos parecidos, mas têm mais sabores, além da canela, que nos nossos é muito suave. Depois, aquele toque do soro do leite é de mestre! Não esquecer que tivemos um convento de freiras durante séculos, com irmãs oriundas das mais variadas regiões e até de Inglaterra.
Esta receita foi-me dada pela minha mãe, que a aprendeu da sua mãe. Ora as raízes da minha avó Doroteia mergulham nos Santos e nos Mesquitas, que já vivem em S. Vicente há vários séculos.


Bolos da Páscoa


Ingredientes: farinha, 12 ovos, meio quartilho de azeite, canela, 1 copo pequeno de aguardente, 1 litro de soro de leite (pode ser substituído por água ou leite magro) e fermento do padeiro.

Batem-se os ovos e junta-se o azeite, o soro, a aguardente e a canela. Vai-se acrescentando a farinha com o fermento, amassando sempre, até a massa ficar boa para fintar. Depois de finta, tendem-se os bolos e cozem-se no forno de lenha.


Bolos de leite



Ingredientes: 1 kg de açúcar, 1 colher pequena de bicabornato(bicarbonato), 1 dúzia de ovos, 1 litro de leite, meio litro de azeite e farinha.

Misturam-se bem o açúcar, os ovos batidos, o azeite e o leite. Acrescenta-se o bicabornato e vai-se juntando farinha, até a massa ficar boa. Depois, com uma colher de sopa, deitam-se pequenas quantidades de massa nas latas, previamente untadas com azeite. Barra-se cada bolo com gema de ovo batida e polvilha-se com açúcar. Depois vão ao forno pouco aquecido.

Esquecidos
Ingredientes: 1 dúzia de ovos, 1 kg de farinha e 1 kg de açúcar.

Batem-se bem os ovos e o açúcar, com uma colher de pau, até fazer fio. Depois junta-se a farinha e envolve-se tudo bem. Deita-se a massa nas latas, com uma colher de sopa, e vai ao forno pouco aquecido.

Tremoços
Ingredientes: água, tremoços e sal.

Demolham-se os tremoços, cozem-se e deixam-se duas semanas dentro de uma saca, no ribeiro, em água corrente, para adoçarem. Depois lavam-se, salgam-se e comem-se.

Queijo fresco de cabra
Ingredientes: leite de cabra, sal e coalho.

Ferve-se o leite e junta-se o coalho, que é um pedacinho do estômago seco de um cabrito morto no período da amamentação, antes de começar a comer erva. Deixa-se ficar até coalhar. Vai-se colocando a massa no cincho, com uma concha, e aperta-se com as mãos. Quando o cincho já estiver cheio e a massa bem apertada, sem largar soro, deita-se sal por cima e deixa-se ficar. Passadas horas, vira-se, sempre no cincho, e coloca-se sal no outro lado. Pouco depois, pode-se comer.
O soro, com os pedacinhos de coalhada que escaparam do cincho, adoça-se e bebe-se ou come-se com sopas de pão. Bem coado, também pode utilizar-se na feitura dos bolos da Páscoa.

(PRATA, José Teodoro – Instantes saborosos, “Estudos de Castelo Branco”, Julho de 2007, Nova Série, N.º 6, Direcção de António Salvado)

Fotografias de Sara Teodoro Varanda